02/10/2020 CASO COHAB, AGENDA POLÍTICA, CAPÍTULOS E ELEIÇÃO
OUTROS NOMES DA LISTA
O CONTRAPONTO apurou os demais nomes citados em depoimento da então secretária da Gasparini Júnior na Cohab Bauru ao MP. Olga Mattosinho informa sobre nomes da já revelada AGENDA (quatro nomes) e um quinto nome de agente político que está mencionado em email (cujo material também é objeto da apreensão pelo Gaeco).
RENATO PURINI: então líder do prefeito Rodrigo na Câmara, o nome do vereador aparece em email apresentado em depoimento de Olga Maria de Oliveira Mattosinho, relativo a viagem paga por determinação de Gasparini Jr.
Purini disse que, em 2014, foi a Brasília, a convite de Gasparini, e o acompanhou em reunião de trabalho na Superintendência da Caixa Federal, no Jurídico. Participou, com o ex-presidente da Cohab, de reunião a respeito da situação das dívidas da Cohab e, no mesmo dia, retornou a Bauru.
WANDERLEI RODRIGUES JÚNIOR: assessor de Gabinete de Sandro Bussola, Júnior também está nas anotações realizadas por Olga Mattosinho, na Cohab, relativo a pagamento de viagem a pedido de Gasparini.
O assessor informa que se recorda de viagem em 2018 a Brasília, para encaminhar ações do parlamentar Sandro Bussola, para quem trabalha. Segundo Júnior, Sandro também iria, mas não pode comparecer. Ele menciona que, então, realizou a viagem e diz ter cumprido os encaminhamentos de serviço parlamentar agendados. O assessor diz que recebeu as passagens via agência, mas não sabe quem pagou pela despesa.
PAULO: este nome está nas anotações. Mas não foi identificado, até este momento, de quem se trata.
CASO COHAB, A AGENDA
Sem hipocrisia! Não há um integrante atento de partido ou movimento político na cidade que não esperasse que o CASO COHAB fosse material explosivo. Portanto, ninguém, absolutamente ninguém pode dizer que é surpresa a afirmação da secretária da presidência da Cohab-Bauru de que despesas com viagens foram pagas a mando de Gasparini. Isto não é e nunca foi o principal incêndio. São citações, fatos. E públicos! Que estavam previstos, desde sempre.
Sequer há surpresa para o conteúdo revelado pelo CONTRAPONTO de que isso consta de anotações da secretária, em agenda. O que levou tempo foi a afirmação, pela ex-secretária da presidência, de que isto foi feito por ordem de Gasparini. Após a reportagem, o Ministério Público confirma que a ex-secretária prestou as informações reveladas.
Isso representa o tempo natural do inquérito. Necessário para uma apuração de tal envergadura. Mas, em se tratando de valores atrelados a relações públicas, de agentes públicos, públicos são os fatos. Os personagens têm obrigação, pública, de esclarecer. E ponto!
SEM SURPRESA
Igualmente hipócrita era, até aqui, a retórica silenciosa de que o caso Cohab não passaria, por algum modo, pelo Palácio das Cerejeiras. Estamos, falando, que não se perca de vista, do maior e mais longevo caso de corrupção de dinheiro público da história da Sem Limites.
O ex-presidente teve extrema habilidade em conduzir, ao mesmo tempo, uma imagem de gestor severo na condução das questões administrativas da Cohab. Essa questão é essencial para a descrição dos fatos. Gasparini foi um administrador respeitado pelos funcionários, em relação ao que se podia fazer diante da insolvente Cohab.
Tem de ser mencionada sua extrema habilidade em apresentar o cenário caótico (da dívida da habitação) – construída entre os anos 60 a 80 – e que precisava de tempo para ser equacionada. Ex-líder de Tidei na Câmara, Gasparini também sabia, como poucos, como dialogar para contemporizar crises e emplacar ações de governo. Ficou superpoderoso, com Rodrigo (superstar nas urnas), apoiado por executivos e lideranças políticas de diferentes vertentes!
E continuou no cargo e com influência no governo Gazzettta. E, ainda, agora se sabe, detinha o controle sobre um caixa que irrigou R$ 400 mil mensais. Não se tem notícia de tal façanha e garras de polvo nem em capitais do País.
Dezenas de pessoas ouvidas pelo CONTRAPONTO, de dentro e de fora da Cohab, descrevem um agente público duro com as coisas da gestão, que cobrava resultados, exigia compromisso, e, ao mesmo tempo, sabia articular problemas como poucos.
Como repórter, fui convocado pela direção do veículo onde atuei, diversas ocasiões, para ouvir as habilidosas intervenções de Gasparini Jr. na condição de mediador de espinhos que toda gestão pública enfrenta.
Ele dava as cartas! E tinha o baralho e o cofre na mão!
PODER E PODER
Em conversa com Gasparini Júnior, ainda sob o calor da apreensão de R$ 1,6 milhão em dinheiro, pelo Gaeco, este mencionou (como publicado na ocasião) que a família fez inúmeros negócios com gado. No âmbito do desvio na Cohab, comentou, algum tempo depois, sob o peso de rasgar a biografia de seu pai, embora tivesse, ao mesmo tempo, resolvido tempestades de gestão e encaminhado inúmeros problemas a que fora escalado, no tempo.
Pediu perdão por ter, por 12 anos, enganado muitos. O fez também em visita a Cohab, neste ano, quando se encontrou com funcionários, no corredor de saída da companhia. Na verdade, fez muito mais: é surpreendente como teve, ao mesmo tempo, habilidade em desempenhar mais de um papel.
Leiam os depoimentos de funcionários da Cohab na Operação João de Barro. Falamos com diversos deles. Todos, todos, sem exceção, descrevem um Gasparini firme, que cobrava retidão, como presidente da Cohab. Ele existiu! Talvez tenha sido parte de sua construção, quase genial, de caricaturas.
Um plano, quase perfeito, inclusive do ponto de vista psicológico comportamental para quem, em sua outra caricatura, assumiu o papel de maestro do maior esquema de desvios públicos sequenciais, milionário, da história da política local. Certamente, um dos casos mais emblemáticos em sede de municípios de médio porte, pela sua complexidade, do País. Muitos também acreditaram em Gasparini Jr. e, não se enganem, realizaram sim ações corretas, do ponto de vista público.
Mas isto engendrou uma engenharia de gênio, que controlava dois papeis distintos em sua dupla interpretação social, a pública e a privada.
Vi, ao lado da chefia onde trabalhei, Gasparini Jr. chorar copiosamente por ter sido denunciado pelo promotor quando da ação por nulidade no acordo administrativo com uma construtora. O mesmo sujeito, entretanto, retirava R$ 400 mil em dinheiro vivo da Cohab, transportado pelos próprios funcionários da Cohab, com uma obediência surreal e que perdurou por anos a fio.
E isso é suficiente para pontuar que muitos atuaram ou participaram de ações ou suas funções, mesmo na Cohab, corretamente, e sem saber o que se passava.
SURREAL!
Mas a capacidade de manter saques de R$ 400 mil mensais, em média, com o conhecimento silencioso de seus principais colaboradores é surreal.
Disse isso ao contador Marcelo Alba. Como ele pode levar pacotes de dinheiro para o ex-chefe, por tanto tempo, buscar pessoalmente no banco, e ainda contabilizar, no balanço, valores mentirosamente menores, em escala de dezenas de milhões a menos (prejuízo fraudado). E, mais, sem um único recibo sequer de pagamento do ilusório acordo inexistente de pagamento da dívida de dezenas de milhões do seguro habitacional? Os recibos nunca, nunca existiram.
E alguns concordaram com o modus operandi sem qualquer amparo legal, contábil, financeiro ou administrativo.
Quase gênio, porque, quem estudou o caso Cohab, se surpreende, estupefato, com a capacidade de Gasparini em representar papéis tão distintos. Repito: diversos funcionários ficavam “putos” com ele, porque ele era duro no trato das coisas da Cohab. Ao mesmo tempo, conseguiu, como um mago, isolar seu plano entre chefias, diretorias e colaboradores internos na companhia, mesmo com o trânsito, semanal, de dezenas de milhares de Reais. Tinha o comando de todos, escolheu perfis que se adequariam a exigência de silêncio e, outros, que, absurdamente, nada falaram, por anos.
Surreal! Como escrevi no dia em que, em situação de espanto, trouxemos a revelação (aqui no CONTRAPONTO), DO ESQUEMA MILIONÁRIO DE saques semanais de R$ 95 mil, por vez, (providencialmente abaixo da cota Coaf), com pacotes de grana sendo levados por funcionários da própria Cohab, e cheques endossados, sob o silêncio inacreditável, por mais de 12 anos, de auxiliares, (repito), chefes, diretores e assessores.
AGENDA DA SECRETÁRIA
Elencamos tudo isso para por uma pedra, de vez, de nossa parte, na hipocrisia de que seria surpresa que tal poder político e ECONÔMICO não tivesse sido exercido.
E que se sintam usados ou traídos quem quiser. Ele construiu e desempenhou o roteiro com extrema maestria. Tal poder ultrapassou limites, a ponto da super poderosa Caixa Econômica Federal, Conselho do FGTS em Brasília, Delphos (administradora da poderosa carteira bilionária da Caixa por anos) e Executivo seguirem, por mais de uma DÉCADA, as regras e cartilha de Gasparini. Seguirem, ou dela participarem (?)
Assim, o que estava na agenda da secretária, parem de alarmismo, não é nada! A matéria do CONTRAPONTO não é bomba coisa nenhuma! É só um elemento nesse universo de maquiagens e construção, por 12 anos, de desfalques milionários. E que ontem ou amanhã viriam a público. TODOS os atores sabem disso. O material digitalizado de agenda é real. E, pior, está lá digitalizado (nos apensos) há tempos! Não viu quem não quis ler.
Também não cabe a hipocrisia de que o Palácio das Cerejeiras é o elemento surpresa nessa saga. Não tem paródia, não tem circo, não tem palhaços! Os nomes, os documentos, a grana desviada, está tudo, tudo mapeado, identificado!
PRIMEIRA CLASSE
Portanto, senhoras, senhores, não venham com bravices de ocasião, nem chips ocultos. Controlem os fígados e limpem os espelhos. A questão não está (e nunca esteve) nas passagens aéreas. Quem voou alto sabe que chegou a hora de aterrizar… na realidade!
EMAILS E CELULAR
Do extenso material apreendido pelo Gaeco, no final de 2019, é esperado, para os próximos dias, a inclusão de relatórios com informações depuradas como de interesse para a apuração no âmbito dos casos dos desvios de recursos na Cohab e, também, se for o caso, nos inquéritos relativos aos 4 acordos administrativos com construtoras.
O CONTRAPONTO apurou que os laudos trarão conversas identificadas com cada um dos vários agentes políticos relacionados a questões públicas, cujos conteúdos, em tese, serão encaminhados para apreciação do Ministério Público.
Desde já, adiantamos que a cobertura preserva questões privadas, cujas informações já circulam por bastidores. Do que for de informação da gestão pública:
O que entrará como prova material para efeito dos inquéritos criminais, em andamento, ou o que será encaminhado, no tempo processual apropriado, para averiguação pela área de Improbidade Administrativa, será informado, com apuração e responabilidade.
O mesmo vale para emails.
Como se sabe em qualquer roda política local, todas as informações têm ser ser franqueadas ás partes habilitadas em cada um dos cinco inquéritos. O compartilhamento do material com terceiros é ação de quem assim agir.
Apenas para “chover no molhado” é este acesso a conteúdos, em si, que alimenta o jogo sujo em curso no bastidor, há menos de 15 dias da eleição municipal.
De outro lado, cada episódio, citação ou reportagem pela imprensa local, alimenta a disputa política. Já estão em curso pedidos de apuração contra citados, representações e, até, infelizmente, a necessidade de registro de ocorrência policial por preservação.
A disputa pelo poder será, de novo, policial e judicial em Bauru.
Um orgulho para nós bauruenses um jornalista investigativo como o Nelson e seu contraponto digital.Quanta seriedade,responsabilidade e o mais admirável sua coragem em relatar a verdade nua e crua o caso Cohab.Parabéns pelo esforço, coragem e dedicação ao seu trabalho.Autorizo publicar minha opinião!
E vergonhoso um bando de corruptos e não tem a consciência de q muitos perderam suas vidas seus pais seus filhos e até sua dignidade por conta desse bandidos políticos e muitos desses ainda concorrendo a um cargo político querendo enganar o povo mais uma vez que fará pela nossa cidade. E lamentável e coisas que nos envergonha de sermos seres humanos desses lixos serem nossos semelhantes.
Um grande jornalista. Jornalismo sério e imparcial
Acompanhando com toda atenção seu tino para destrinchar, doa a quem doer, todas as mazelas e quem se beneficiou de todas essas benesses deploráveis. Quando muitos tentam cargos públicos pelo voto popular, creio a divulgação precisa ser acelerada, até para desmascarar logo de uma vez por todos esses verdadeiros lobos em peles de cordeiro.
Parabéns Nelson pelo empenho na cobertura da Matéria o tempo e a postura da retidão deve ser evidência para quem é de direito sabemos nós todos que o errar e do homem porém que os envolvidos venham se redimir e se afastar do pleito eleitoral, não temos clima para ouvir mentiras ..
Agora o suposto Paulo não é o Gobbi ???
ESPERAMOS QUE SAI OUTROS NOMES, POIS SABEMOS QUE SÃO VÁRIOS ENVOLVIDOS COM O NOSSO SEGURO IMOBILIÁRIO, TEM ATÉ MULHER QUE SE DIZ DE CRISTO ENVOLVIDA…