10/11/2020 MINHA ÚLTIMA CONVERSA COM MARCELO BORGES….
ARTICULADOR
Eu, – e mais uma porção de pessoas, de partidos, empresariado, entidades, jornalistas, formadores de opinião -, tinha em Marcelo Borges fonte costumeira para discutir política. Pelo menos para quem gostava, como ele. Borges não era teórico, mas era um hábil prático. E, certamente, um dos mais habilidosos articuladores de bastidor e estratégia política por aqui.
Na semana passada, conversei com ele na terça, após o caldeirão pressurizado de reações vindas do fígado, em seguida à reunião semanal do Legislativo, quando o conteúdo da AGENDA da ex-secretária da presidência da Cohab pulverizou.
Marcelo criticou a reação (que considerou defensiva) de possíveis envolvidos, como tentativa de substituição de atores. Uma atitude que serviu apenas para posicionar receios além do que estava escrito pela ex-secretária, ponderou, com sua reconhecida habilidade em identificar origens de crises, antes mesmo delas eclodirem.
Conversava, há tempos, toda semana com Borges. Como disse, e muitos. Ele gostava muito de ser procurado. E também tinha o hábito de ligar a qualquer tempo, em horários, digamos, “alternativos”, para contar o que sacou e sua avaliações.
Dois aprendizados vieram dessa “lida” verbal costumeira com Borges: “Ouça bastante. Depois veja o que vai falar”. Outra: “Nunca reaja com o fígado, mesmo diante de conflitos inevitáveis”.
E foi exatamente sobre as reações “do” e “com o” fígado, que Marcelo lançou críticas sobre a investida “contra o mensageiro, para desfocar o conteúdo da mensagem”, no episódio Cohab.
Obrigado Marcelo! Atento!
AVALIAÇÃO DA ELEIÇÃO
Na sexta, Borges estava incomodado. Ligou, mas falou pouco. E agora eu sei, infelizmente, por qual razão. Ele tinha feito uma cirurgia e sentia dor. Mas não falou nada. Na segunda, a tarde, soube, foi ao médico para checar e, infelizmente, era infarto. Não resistiu.
No diálogo de sexta, entretanto, ele também estava incomodado com o andamento da disputa eleitoral em Bauru. Marcelo Borges voltou a posicionar que era “muito ruim” para “Bauru ter uma eleição de conteúdo pobre, onde os candidatos não explicam nada, ou trazem apenas a repetição de listas de coisas a fazer”. “Não tem dinheiro nem para pagar as contas do mês, mas eles não enfrentam os temas para não perder voto”, criticou.
Borges ainda deu o seu pitaco: disse que, mesmo sem apresentar conteúdo para os principais problemas da cidade, a juventude e a simpatia estavam “levando Suellen Rossim” mais adiante (Só não arriscou dizer até que altura).
Nem eu! “O cenário está movediço”, rebati. Ele concordou, com um daqueles resmungos típicos de sua fala um pouco truncada, sem completar a frase, mas não deixou de pontuar que o também jovem Jorge Moura estaria próximo de “ultrapassar Gazzetta”.
Só não arriscou dizer o que iria acontecer no domingo. Borges considerou, apressado, que o quadro estava embolado no segundo lugar. Então disse a ele que, o segundo turno estava na dependência da proporção do total de “votos inválidos” (brancos, nulos e abstenções) e o crescimento das candidaturas de Jorge, Suéllen, eventualmente o próprio Gazzetta e, ainda, Rosana Polatto. Os demais estão um pouco abaixo…
Mas Marcelo Borges estava, como anotado, duplamente insatisfeito. Com a qualidade (ruim) do debate e com algo que lhe incomodava.
Terminamos a conversa com reclamação minha de que, alguns leitores, criticam avaliações com base no achismo, sem argumentação. Borges, lembrou de outra orientação antiga, mais ou menos nessa linha, disse: “Se você avaliou baseado em fatos, dados, não esquenta com reação de leitor. A reclamação quase sempre é porque você escreveu o que ele não queria, sobre o candidato dele. O problema não está no fato!”
Descansa em paz, Marcelo! Foi antes do combinado! Obrigado pelo aprendizado, não da sexta. Mas de todas as outras dos últimos anos…
ENTUSIASTA
Borges era entusiasta da proposta do CONTRAPONTO. Disse que sentia falta de discutir política em cima de comentários, bastidores, de publicações do jornalismo político. E ligava, quase todo dia, para dizer algo da coluna CANDEEIRO, ou de bastidores, algo que ele sempre gostou de fazer. Tinha posição!
Obrigado, Marcelo! Esta matriz de jornalismo de reflexão leva, pelo tempo que Deus permitir e os leitores quiserem, boa dose de seu incentivo!
38 NA FILA
Bauru iniciou a semana com 38 pessoas escritas com pedido de vagas para internação na rede hospitalar do ESTADO. Sem vagas! Tem pedidos de todos os tipos. Na sessão de segunda-feira, um dos casos foi comentado. o de um senhor que aguarda oftalmologista porque estaria com 95% de perda de visão.
Mas o governo do Estado, como já dito, insiste que Bauru e região contam com cobertura de leitos hospitalares “adequados” para a proporção população e demanda.
De outro lado, os 56 leitos UTI Covid do HE já estão com lotação abaixo de 60%. O ajuste operacional, de gestão, para atender a demanda reprimida tem de ser apresentado, pelo Estado, gestores.
VENDA DE CANETAS
Mais de um comitê eleitoral comentou com o CONTRAPONTO sobre a preocupação com “novas fórmulas” de “driblar” as regras eleitorais no domingo.
Ouvimos que teria candidato (a) se preparando para a distribuição de canetas próximas de colégios eleitorais. Para quem não sabe, a Justiça Eleitoral pede que cada eleitor leve sua caneta para o local de votação. Será que alguém estaria pensando em inscrever número de candidato em caneta para “facilitar” o voto? Será!?
REALINHAMENTO
A administração municipal tem obrigação de dar explicação plausível (econômica e técnica) para o aumento no contrato para a instalação de 10 câmeras, no antigo projeto do Videomonitoramento, em inesperados R$ 150 mil.
Conforme publicado pelo governo, o contrato teve seu valor total agora fixado em R$ 720 mil. Já deu para fazer a continha, de cabeça, e ver que o “encaixe” está ali ajustadinho na margem de 25%…. (estabelecidos em lei). Mas é só ver as informações de cotações do edital para se concluir pela urgente necessidade de esclarecimentos… COISA PÚBLICA!
SOMA DA RECEITA
Um leitor eletrônico atento comentou que a receita total inserida na Lei Orçamentária de 2021 (LOA) não está correta. Ele cita que o projeto escreve R$ 1,35 bilhão, incluindo Emdurb.
Mas, de fato, a empresa municipal tem mais da metade de sua receita anual prevista (R$ 67 milhões) vindas da própria Prefeitura. Logo, há que se “descontar” essa quantia ao se definir a receita total orçamentária do Município. Anotado! Obrigado pelo alerta!
ANOTAÇÃO
O projeto que institui o Serviço de Farmácia PET em Bauru foi aprovado, (09/11), em segundo turno. O programa prevê a distribuição de remédios para animais.
Mas leiam o projeto (PL 68/20). Pensa em um texto complicado… amarrado…. !
APONTAMENTOS
Em razão do prazo, e da lacração das urnas, Wagner Crusco (PCO) terá seu nome nas urnas. Mas Nelson Fio não!
Gazzetta está com bons indicadores entre os servidores públicos. Raul não!
Raul quer incentivar o voto útil para tentar vencer no primeiro turno.
A pulverização, com fortalecimentos de indicações de voto em Rosana, Suellen, Jorge, Gazzetta e, ainda que um pouco abaixo, em Avallone e Valle, hoje tornam o segundo turno mais provável.
Mas, se a abstenção e nulos e brancos for “gigante”… ai muda de figura…
Candidatos estavam “desesperados” ontem, ao saber que será difícil legendas fazerem mais de 2 cadeiras no Legislativo. Terão de disputar com partidos com votações abaixo do quociente, regra que entra pela primeira vez na eleição.
SEM LIMINAR
A juíza da Fazenda Pública de Bauru, Ana Lúcia Graça Lima Aiello, indeferiu pedido de liminar em ação condenatória das empresas Transporte Coletivo Grande Bauru e Transporte Coletivo Sem Limites, onde alegam déficit operacional e, com isso, desequilíbrio econômico financeiro em Bauru.
A juíza decidiu que não há como antecipar, sem julgamento de mérito, que a situação da pandemia tenha gerado essa situação sem levar em conta a análise tarifária e de transporte efetivo de passageiros, em confronto com o custo operacional (a ser detalhado em razão da mudança nas rotas e frota) no período. As empresas podem recorrer da decisão.
Bauru perde para 2020 duas figuras raras e antagónicas na política… Nem melhor, nem pior, apenas raras…