Por Gustavo Cândido
No oceano de soluções de marketing milagrosas oferecidas diariamente em todos os canais não é fácil saber o que realmente funciona ou é apenas pura e simples picaretagem. A dificuldade está no fato de que algumas coisas realmente dão certo se feitas com planejamento e organização, mas isso raramente está em pauta na hora da compra da solução.
A grande maioria dos gestores busca soluções rápidas e não tem paciência para esperar os resultados e – muito menos para esperar que os colaboradores entendam as mudanças e aprendam a lidar com novas ferramentas. Assim, acabam se colocando na posição de vítima fácil das ilusões do marketing e da tecnologia.
Hoje eu quero falar sobre 4 verdades inconvenientes sobre o marketing que espero que gerem uma boa reflexão.
Ferramentas não fazem milagres sem orientação
O mercado de marketing digital oferece uma infinidade de plataformas: CRMs, softwares de automação, chatbots, gerenciadores de anúncios, dashboards de analytics e muito mais. Empresários, muitas vezes, acreditam que a simples contratação dessas ferramentas é suficiente para transformar seus resultados. Mas a verdade é que nenhuma ferramenta resolve um problema estratégico.
Uma empresa que não tem clareza sobre seu público-alvo, seu posicionamento e seus objetivos de negócio pode até adquirir a melhor tecnologia disponível, mas, no fim, continuará registrando números sem impacto real no caixa.
Ferramentas são multiplicadores de eficiência, não geradores de visão. Elas funcionam quando já existe um direcionamento claro: saber para quem se fala, como se diferencia da concorrência e qual resultado se quer alcançar.
Portanto, antes de contratar qualquer solução tecnológica, é preciso garantir que exista uma estratégia orientando a escolha. Sem isso, a ferramenta vira apenas mais uma despesa e, muitas vezes, uma fonte de frustração dentro da equipe (que tende a desistir facilmente quando não “compra” uma solução).
Inteligência Artificial sem estratégia é só espuma
A inteligência artificial é a palavra de ordem em qualquer roda de negócios, qualquer programa sobre empresas, qualquer evento sobre marketing e inovação. É claro que essa tecnologia tem potencial de revolucionar processos de atendimento, análise de dados, segmentação de clientes e até mesmo a produção de conteúdo. Mas a IA não substitui a visão estratégica do gestor.
Se não houver clareza sobre os objetivos da empresa, a jornada do cliente e os diferenciais competitivos, o uso da IA se torna apenas mais um modismo tecnológico (quem lembra do boom nunca concretizado do metaverso e de como as criptomoedas iam substituir o dinheiro físico?). Ela pode até gerar relatórios impressionantes ou textos bem escritos, mas, sem alinhamento com uma estratégia, essas entregas dificilmente terão impacto real no crescimento do negócio.
A inteligência artificial deve ser usada como uma extensão da estratégia de marketing, e não como um atalho para pular etapas. Quando bem direcionada, a IA pode reduzir custos, acelerar processos e potencializar campanhas. Mas quando aplicada sem um plano, tende a produzir excesso de informação sem valor prático e desviar a atenção do que realmente importa: conquistar e fidelizar clientes.
Tráfego pago sem plano é desperdício de dinheiro
Outro equívoco frequente é investir em campanhas de tráfego pago sem uma base estratégica. Muitos empresários ainda veem o tráfego como uma fórmula mágica: basta colocar dinheiro no Google ou no Instagram para que as vendas cresçam. Mas sem estratégia, o tráfego pago se transforma em uma torneira aberta despejando recursos sem retorno.
Campanhas mal segmentadas, anúncios sem diferenciação, mensagens desconectadas da realidade do público e, principalmente, a ausência de um funil de vendas estruturado são os principais fatores de desperdício. O tráfego pago tem poder, mas não resolve problemas de posicionamento, de precificação ou de modelo de negócio. Ele apenas amplifica aquilo que já existe.
Se a empresa não tem clareza de quem quer atingir, qual mensagem deve transmitir e qual jornada oferecer, cada clique pago será apenas mais um custo. Por isso, antes de investir, é fundamental responder: o que queremos alcançar com esta campanha? Qual a métrica que define sucesso? O que o cliente deve fazer depois de clicar? Sem esse “mapa”, o tráfego não passa de gasto publicitário.
O mais grave é que, em muitos casos, quem enxerga o tráfego pago como solução para tudo nunca fala sobre ROI – o retorno sobre investimento – e, geralmente, na hora de prestar contas do resultado cita apenas métricas de vaidade (curtidas, número de seguidores, etc.). O golpe está aí!
Conteúdo e redes sociais: presença não é sinônimo de relevância
Na última década, produzir conteúdo e postar nas redes sociais virou quase uma obrigação para empresas de qualquer porte. O problema é que, sem estratégia, essa produção se resume a “encher a timeline” de conteúdo que não faz sentido para o cliente em potencial.
Muitos negócios publicam diariamente sem saber se estão falando com as pessoas certas, se a mensagem transmite o posicionamento da marca ou se está alinhada aos objetivos comerciais do negócio. Isso quando a “linha editorial” adotada não é uma mera cópia do que os concorrentes fazem.
O fato é que não basta estar presente. É preciso ser relevante. O conteúdo deve estar inserido em uma jornada que conduza o público do primeiro contato até a decisão de compra e, depois, à fidelização. Publicar sem estratégia é como distribuir panfletos aleatórios no semáforo: até pode gerar algum resultado pontual, mas dificilmente constrói marca ou gera consistência.
A estratégia orienta a produção de conteúdo ao definir tom de voz, formatos mais eficazes, canais prioritários e, principalmente, objetivos claros para cada peça. Com ela, cada postagem deixa de ser uma ação isolada e passa a fazer parte de um plano de construção de autoridade, relacionamento e conversão.
Estratégia é o que transforma ação em resultado
Contratar ferramentas, investir em inteligência artificial, pagar campanhas de tráfego e produzir conteúdo são iniciativas valiosas. Mas sem estratégia, todas elas são só movimentos soltos, que consomem seu orçamento sem gerar impacto real.
A estratégia é o que conecta a visão de futuro da empresa com cada ação de marketing. É ela que define o público certo, a mensagem certa, o canal certo e o momento certo. Sem isso, o marketing vira improviso — e improviso raramente traz crescimento real.
“Sair fazendo” pode até parecer produtivo, mas na prática é um dos maiores inimigos da eficiência nos negócios. É a estratégia que transforma ferramentas em soluções, IA em inteligência aplicada, tráfego em clientes e conteúdos em autoridade. Antes de qualquer passo, é preciso planejar. É isso que separa empresas que gastam com marketing daquelas que têm resultados consistentes.
Pense nisso!