Por Gustavo Cândido
Este texto nasceu de um comentário enviado para o Contraponto sobre a quantidade de golpes que circulam livremente no Facebook, Instagram e WhatsApp. O leitor cita como uma reportagem recente do O Globo identificou fraudes que vão de ofertas fraudulentas da Black Friday a golpes envolvendo o Jogo do Bicho e programas do Governo; e lembra como essa situação é absurda considerando o fato que essas plataformas (em tese) possuem um processo de verificação antes de veicular anúncios.
Não é preciso muito esforço para comprovar o que diz a reportagem. A rede social que eu mais utilizo é o Instagram e, praticamente, todo dia surge na minha timeline uma oferta fraudulenta. Eu denuncio todas clicando nos três pontinhos no canto superior direito e escolhendo a opção. Sem dó!
Na última semana, por exemplo, mais de uma vez, recebi anúncios de tênis que pareciam estar sendo ofertados pela Centauro. O post trazia o nome da empresa, as cores… era exatamente como um conteúdo genuíno da varejista. Ao clicar no link que me encaminharia para a loja, porém, fui jogado para um site também com a mesma aparência da loja virtual da Centauro, mas com outro endereço. Ou seja, não era o site da empresa, mas sim de um golpista.
Quem está distraído ou muito encantado com a oferta pode cair no golpe facilmente. No meu caso, os produtos da Adidas e Puma que normalmente são vendidos por R$ 400 ou R$ 500, sendo oferecidos por R$ 127!
É aí que está a primeira sinalização de golpe. Por mais que estejamos em um momento de promoção e que varejistas como a Centauro, ou até a Netshoes, realmente façam ofertas atraentes com certa frequência, ninguém vende um produto de R$ 400 por R$ 127! Essa promoção não existe, é inviável para qualquer negócio.
Ao primeiro sinal (emocional) de que uma promoção é maravilhosa e acabou de cair do céu direto para a tela do seu smartphone, desconfie.
É importante frisar a questão emocional porque – raramente – compramos de forma racional quando estamos navegando na internet. Essa é inclusive a isca ideal para quem quer vender, provocar uma emoção diferente que faça o consumidor prestar mais atenção no conteúdo postado e clique no link oferecido.
É possível vender sem deixar de ser honesto
Eu nunca vou recomendar que uma empresa ou profissional divulgue ofertas mentirosas, milagrosas, que prometem algo que não entregam.
Recentemente, conversei com profissionais que vendem cursos e oferecem seus serviços na internet que estavam vivenciando um dilema. Participando de um treinamento de vendas, elas haviam sido instruídas a dizer em seu conteúdo online que podiam resolver problemas complexos em apenas uma semana ou prometer ao seu público que, ao fazerem determinada ação, dobrariam sua renda.
Elas sabiam que essas abordagens eram mentirosas e não queriam seguir com elas, mas estavam assustadas – por perceber como essas práticas são ensinadas abertamente e – mais que isso – como existem pessoas que as utilizam.
É uma constatação triste, mas é verdade. A picaretagem está disseminada e é preciso, o tempo todo, como diz a parábola bíblica, separar o joio do trigo.
Quem vende ou quer vender algo deve sempre lembrar que é o seu nome que está sempre em jogo a cada venda, a sua reputação, a sua moral, a sua história. Ou seja, um conjunto de valores que não são (ou não deveriam ser) negociáveis. Quem pratica a ideia de venda a qualquer custo tem vida curta no mercado ou vive de ter que encontrar novas vítimas (e não clientes) o tempo todo.
Não cair na tentação do caminho fácil, da técnica milagrosa, às vezes é difícil, mas no final da história, compensa.
Dando sequência a essa tema, no próximo artigo vou falar sobre a diferença entre oferta e valor. Você sabe qual é? Deixe nos comentários!
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Gustavo Candido é consultor de marketing digital. Também é jornalista e autor de livros sobre Trade Marketing, Atendimento e Multicanalidade, Cadeia de Suprimentos e Gestão de Marcas que você pode encontrar na Amazon.
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