Caixa-preta de avião: qual a origem e como funciona?

 

Caixa-preta de segurança na aviação surgiu após a Segunda Guerra Mundial

A aviação comercial brasileira vivia um hiato de acidentes aéreos graves de 17 anos. O período foi infelizmente interrompido com a queda do ATR 22 da Voepass em Vinhedo (SP), com a morte de 62 pessoas. Os órgãos de investigação recuperaram intacta a caixa-preta, mesmo tendo o acidente gerado destroços e carbonização. 

Os gravadores de voz e dados são sempre considerados essenciais para identificação das causas da ocorrência. Mas afinal, como surgiu esse equipamento tão importante? E como ele funciona?

Em matéria sobre o item, a Aeroflap recupera a origem e o histórico da caixa-preta – apelido popular para um conjunto de gravadores de dados e voz – que quando instalados em uma aeronave registram as conversas dos pilotos no cabine de comando e os dados de trajetória do avião, bem como o funcionamento de sistemas e motores. Tecnicamente, são chamados de Flight Data Recorder (Gravador de Dados de Voo), ou FDR, e Cockpit Voice Recorder (Gravador de Voz do Cockpit), ou CVR.

O CVR só surgiu por volta de 1958, uma iniciativa do australiano David Warren da Aeronautical Research Laboratories (ARL). Anos antes, Warren participou das investigações de acidentes envolvendo o de Havilland Comet, primeiro avião comercial alimentado por motores a jato. Apesar do advento tecnológico, o Comet sofreu vários acidentes e os investigadores não tinham como ter relatos da tripulação.

Warren então desenvolveu um protótipo, inicialmente chamado de Unidade de Memória de Voo, que usava uma bobina de aço magnetizada para gravar até quatro horas de conversas na cabine e oito leituras de instrumentos, quatro vezes por segundo. O equipamento não foi bem aceito no ARL, mas o Secretário do Conselho de Registro Aéreo Britânico, Sir Robert Hardingham, conheceu o gravador e reconheceu a importância do instrumento para a elucidação de acidentes aéreos.

A caixa-preta moderna

Os modernos FDR e CVR foram desenvolvidos a partir da Unidade de Memória de Voo de David Warren. Juntos, são chamados de Sistema de Registro de Dados e Voz e são envoltos em uma carcaça laranja, feita de aço e titânio para garantir que as informações não se percam num eventual acidente. As caixas-pretas modernas podem suportar temperaturas superiores aos 1000ºC e impactos de até 3400 vezes a força da gravidade.

Os investigadores recolhem os equipamentos para um laboratório. E os gravadores são cuidadosamente abertos e os dados baixados para um computador seguro.

No Brasil, o órgão responsável por esse trabalho é o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Cenipa, uma organização da Força Aérea Brasileira. Com sede em Brasília (DF), o Cenipa atua junto da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para apurar as causas de acidentes aéreos e prevenir novas ocorrências do tipo.

No caso do acidente com o Voo 2238 da VOEPASS, o Cenipa encontrou as caixas-pretas do ATR 72 no mesmo dia do acidente. No dia seguinte, os gravadores foram levados para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA).

ORIGEM NA 2. GUERRA

O apelido surgiu na Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra, tendo relação com o desenvolvimento de sistemas de radar, rádio e navegação aérea.

Eram equipamentos secretos, fechados em caixas de cor preta.

O gravador de dados de voo surgiu na mesma época do conflito, em 1939, mas pelas mãos dos franceses François Hussenot e Paul Beaudouin, que realizaram os primeiros experimentos usando filme fotográfico, o chamado Gravador HB. Durante a guerra, Hussenot e Beaudouin passaram a utilizar fitas metálicas em uma bobina de alumínio para registrar as informações, material mais  resistente na ocasião.

Já na Finlândia, um dispositivo chamado ‘Mata-Hari’, criado em 1942 pelo engenheiro Veijo Hietala, é considerado o primeiro FDR moderno. O instrumento, que também era montado numa caixa-preta, era usado para registrar dados de voos de testes em aviões de caça.

 

 

 

 

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