Todo janeiro é assim! Um seguido do outro! Neste final de semana o solo de Bauru escancarou nossas velhas (e novas) deficiências em ocupação urbana. A pista da avenida Rodrigues Alves ruiu com as águas acumuladas na cabeceira do Córrego Vargem Limpa. Em outro canto, a terra ‘carreou’ fácil de uma obra ao lado do Edifício Nova Nações, “entupindo” uma parte mais baixa da Avenida Jorge Zaiden.
Bauru, assim como outras cidades, discute há anos a equação insolúvel entre o enorme estoque de problemas de drenagem, com enchentes em conhecidos pontos de grande circulação, nas “baixadas”, e erosões que “nascem” todos os anos na conhecida Temporada das Chuvas. Da segunda quinzena de dezembro até março de cada ano é assim. Faz tempo.
Na Avenida Jorge Zaiden, reclamam moradores da família Pires, “vão pedir que a ´causadora´da sujeira limpe a pista da avenida e fica nisso”. O prejuízo, acumulado, também faz tempo, é no que seria o futuro e falado Parque Água Comprida. A área, do entorno, comprada por desapropriação a dinheiro de ouro na gestão de Izzo Filho da família Duque, recebe toda a contribuição da parte alta dos condomínios Flamboyants e Camélias.
Sempre a mesma história! Abrem avenidas, levam impermeabilização através da pavimentação nas ruas da redondeza. Mas nada do projeto de infraestrutura considerar os efeitos colaterais e de vizinhança urbana. E o desfecho se repete. Batem palmas para as aberturas de avenidas, como a Jorge Zaiden, aprovam novas edificações (e viva o lucro imediatista das construtoras e das imobiliárias)… E depois os fundos de vale e efeitos colaterais ficam na conta do Poder Público…
Na altura do Terra Nova, teve ocupação de moradias na mesma região. Mas há outros indicadores técnicos envolvidos no “conceito” da repetição de erros antigos. O secretário Municipal de Obras, Leandro Dias Joaquim, aponta que “o local tem tubo ármico instalado, que apodrece e não resiste ao acúmulo de água. E é traumático, porque não dá para substituir com as chuvas. Tem de esperar estiagem para trocar pelo tubo adequado”. Neste caso, o tubo ármico apodreceu e rodou. A concessionária Eixo teria de combater uma erosão que surgiu no local.
HISTÓRICO
O histórico com a repetição de casos é enorme. No final dos anos 90, a Avenida Cruzeiro do Sul rodou com os tubos ármicos que não suportaram a temporada de chuvas, erosão… etc. no fundo de vale.
O Zoológico de Bauru sofreu, há anos, com o assoreamento da lagoa em razão de problemas nas ações estruturais de “escoamento” de águas quando da duplicação da rodovia Bauru-Jaú.
Aliás, para registro. A “bacia do Ribeirão das Flores”, na avenida Nações Unidas, seria de tubo ármico…
Nos bairros, o adensamento sem projeto e as ocupações irregulares seguem. Quase nunca a regularização leva em conta o impacto a jusante. E as aprovações de “novos projetos”, nos últimos anos e do estoque em andamento, levam em conta o entorno?
E vamos “chover no molhado”. Registrar o estrago do dia e lamentar, em solidariedade, o despejo que recai de uma só vez sobre o secretário de Obras…
E O CONSELHO?
Como o Conselho do Município (CMB) tem atuado nesta questão? O morador dos bairros tem percepção de que a presença de lideranças do LUGAR ONDE SE MORA nas representações do Conselho são essenciais para “ocupar” o reequilíbrio entre os interesses de mercado e da vizinhança? As cadeiras do CMB representam quais interesses?
As representações no grupo incluem em maior peso interessados nas instalações e profissionais que atuam em consultorias em arquitetura, urbanismo, regras jurídicas ambientais, ou os “vizinhos” que ficam com a lama em frente à suas ruas e calçadas? Na Promotoria de Urbanismo, as discussões que envolvem “impacto de vizinhança” levam em conta os efeitos globais, e colaterais, da ocupação urbana ou os conflitos se afunilam em pontos como o sistema viário, de trânsito? (necessários, mas nem de longe os que geram as principais consequências de médio prazo no solo de Bauru em razão das ocupações…)
Todo o Jardim Tangarás foi asfaltado, no governo Gazzetta. O processo não regularizou a rede do DAE. Um desastre! Milhões de Reais estão instalados em “crateras” que se misturaram a bocas de lobo entupidas na região. O mesmo processo se deu no governo Rodrigo Agostinho, em outros bairros.
Para onde o bauruense pensa que vai toda a água que encontra caminho mais fácil (sem ter por onde se infiltrar) na região do Tangarás? E para a ocupação do Jardim Manchester? Vai se acumular, com velocidade a cada chuva, no Córrego Vargem Limpa. Adeus projeto de urbanização… esqueçam córregos, parques, fundos de vale…
Percorra as marginais (recentes) instaladas na região da Vila São Paulo e Quinta da Bela Olinda. Mesmo o leigo vai observar o “declive” que “empurra” as terras do bairro para a pista… Ou precisa que um engenheiro constante (para nós leigos) que o muro do Condomínio Estoril 5 veio ao chão não por “erro construtitivo”! O parcelamento de solo sem galerias, sem guias, sem qualquer “infra” no parque Paulista, acima, despeja o acúmulo de terras… há anos. Tem até ação judicial. Como os efeitos danosos no Condomínio Pinheirinho, lá no fundo de vale que “caminha” da região do antigo estádio Milagrão, na região da Vila Dutra… e etc…. etc.
CONCEITO
Se não está claro até aqui, enfatizamos: os problemas urbanos exigem rever as regras e critérios para aprovações de instalações na Seplan, levando em conta o passivo de toda a área de influência. A conta do estoque é impagável como subproduto das enchentes x deficiências em drenagem acumuladas. As representações políticas (de mandato e nos conselhos) são o retrato de uma “fatia” desse desequilíbrio Sem Limites!
Não é uma conta de um governo. É de todos, em alguma parcela.
Do jeito que está… nas entrevistas aos jornalistas, acumularemos mais planilhas de centenas de milhões de Reais necessários para combater os efeitos da aprovação desordenada em instalações urbanas, da desídia da aceitação de tubos ármicos vindos de concessionárias das rodovias que nos cercam, do asfalto que gera voto, visibilidade fácil, mas não apresenta para o morador, desatento, a conta real da vida urbana alguns metros além do seu quintal na terra Sem Limites… !
Eu sei. Para alguns isso é papo de editorialismo. Os empreiteiros e investidores adoram… (sic) Até nossa próxima chuva…!
“Chover no molhado” afundar a cidade.
Tá na hora de pensar e agir para um plano Urbanístico.
Excelente matéria, que levanta diversos pontos importantes. Ressalto aqui a FALTA DE CRITÉRIOS TÉCNICOS E CIENTIFICOS PARA O EIV, QUE VENHO RECLAMANDO JUNTO AO PRESIDENTE DO CMB QUE DEVEM DEBATER, E TEMOS UMA METODOLOGIA para apresentar…mas que não abrem oportunidades corretas em tempo e espaço aos pesquisadores, E ao que Parece e você bem observou indiretamente, este CMB já não representa a população que sofre as consequências e parece ter se tornado braço dos especuladores imobiliários para seus próprios objetivos.
Quando quiser podemos conversar e detalhar as possibilidades. COL.3:23
Exatamente isso. Se não tivermos comprometimento dos estudos que já apontam os problemas para que sejam solucionado s , nada vai mudar. Os prefeitos de plantão, sempre fazem economia as custas da população que continua sofrendo.