Por Claudia Zogheib, psicoterapeuta psicanalista

Todo sentimento nasce quando nos vemos em um espaço intermediário que transita entre o que somos e o que acontece gerando um descompasso inevitável.

Nas fases do desenvolvimento percorremos momentos específicos que nos dão a bússola sobre estar dentro do que esperamos, e no melhor cenário, diz respeito ao trabalho, carreira, modelo de vida, família, sexualidade, casamento ou não, filhos, gestação, sintomas, mundo interno, preparação.

Andropausa e menopausa são muito comentados do ponto de visto físico e biológico, mas pouco aprofundado no que diz respeito à vida emocional, quando falamos de elaboração, de estarmos atentos à construção que parte deste momento podendo assegurar qualidade diante de tantas mudanças, sobretudo entendendo para onde iremos e se conseguiremos nos encaixar.

Quando lançamos luz a esta questão diante das mudanças que causam sintomas que são esperados e que acontecem em intensidades individuais e necessitam de adaptação, a urgência de reequilibrar-se surge entendendo o novo período como agregação que traz consigo as fases anteriores que carregam experiências.

O investimento libidinal é um conceito que se refere à carga de libido ligado as representações, e na psicanálise, o objeto libidinal é o foco da pulsão sexual. O narcisismo é um exemplo de investimento libidinal dos pais na criança que ajuda na formação do ego.

Nesta fase da vida, pensando na reorganização interna do investimento libidinal diante do lugar de apropriação de si mesmo, enquanto se tenta entender a própria reestruturação interna e externa e tenta encontrar um novo lugar onde os impulsos serão direcionados para uma nova maneira de viver a própria sexualidade, entendendo como encontro que precisa ser compreendido do ponto de vista de um mundo interno e suas configurações e não somente a partir do ato, a dinâmica interna que configura a fase e que se apropria do investimento libidinal, nos prepara para viver o período quando nos atentamos e temos entendimento sobre.

Homens e mulheres chegarão neste lugar, e preparados ou não, fugir não é uma possibilidade, mesmo porque, todas as fases tem suas delicias e dificuldades que necessitam apropriação como todas as fases do ciclo vital, sendo um grande equívoco se concentrar apenas numa determinada fase fazendo as outras perderem o sentido que tira a possibilidade de reprodução da própria vida enquanto individualidade, experiência, criatividade, reinvenção, cultura, sociedade, emancipação,  aprofundando o próprio olhar num caminho de descoberta de si mesmo.