A “corda está esticada demais”… a frase dita por um bauruense no ‘meio’ da tumultuada sessão encerrada sem conclusão, desta segunda-feira, reflete o esgarçamento das relações políticas e do terreno movediço antecipado em relação a disputa eleitoral deste ano em Bauru.
Não é a primeira vez neste clima. Mas as ferramentas têm ineditismos. O encerramento da sessão sem que os vereadores tivessem ocupado ao menos a Tribuna tem pedido de destituição da Mesa Diretora – oito vereadores assinam em reação a ação de inconstitucionalidade de 3 gestores da Casa contra regra do próprio Parlamento (quórum para aprovar a concessão de esgoto).
A sessão também teve o incomum encerramento da reunião durante discussão sobre a forma de encaminhar o pedido de queda da direção (ou seja, pedido de saída de Júnior Rodrigues, Milton Sardin e Marcos de Souza das funções de presidência e secretarias).
A aprovação tem de obter 12 votos, conforme a Lei Orgânica, cita o atual comando. O embate veio como reação à liminar que a Mesa obteve, na última sexta-feira, no TJ estabelecendo 9 votos (maioria simples) para aprovar casos como a concessão de esgoto.
A oposição reclama que a ação foi escondida. O fato é que, à véspera da votação da concessão, a liminar facilita a vida da prefeita na busca de 9 votos (e não mais 12 como está na Lei Orgânica).
SEM VOTAR
O presidente Júnior Rodrigues enviou o pedido de destituição da Mesa (assinado por Chiara, Bira, Segalla, Borgo, Estela, Berriel, Lokadora e Meira) para a consultoria jurídica.
Borgo, apoiado por Meira, Berriel, Estela, Lokadora…, requereu que o documento fosse submetido à Comissão de Justiça.
A galeria lotada reagiu, sob a atenção de policiais militares. A tensão se elevou, assim como os tons. A presidência disse que o documento deu entrada no início da tarde, devendo ser lido na sessão seguinte. O impasse permaneceu. A certo ponto, a presidência encerrou a sessão. A pauta permanece trancada, até que se vote a concessão.
MAIS TENSÃO
O impasse continua sob corda esticada. Na próxima sessão, o pedido pode vir com parecer de arquivamento ou indicação de que tem de tramitar e ser votado.
Se a destituição for aprovada será necessário nova eleição à Mesa. A oposição tenta costurar para obter apoio e formar chapa. A bancada da prefeita terá de se mexer. As cicatrizes incluem questões pessoais. E elas têm gritado acima do natural embate político entre base e oposição. E não é de hoje. Nos últimos anos, já houve renúncia da Mesa (Segalla presidente), comando por 1 dia (Carlinhos do PS), por poucos dias (Ricardo Kabelo), entre outros casos … de esgarçamento.
Aliás, Suéllen acompanhou o conflito a tarde. No bastidor, mesmo membros da base indicaram contrariedade ao fato da Mesa Diretora ir ao Judiciário “contra regra do próprio poder”. E sem comunicar os demais. Uma leitura é que a ação enfraquece o Legislativo por ele mesmo, favorecendo a prefeita.
Em síntese, mesmo esses consideram que o Executivo é quem tinha de assinar a ação contra o quórum para votar concessão.
A liminar saiu. A oposição reagiu. E, sob corda esticada, a concessão tem de aguardar o desenrolar do conflito. E ainda assim não há como assegurar que o PL será votado. O governo conta votos… a oposição também.
OUTROS OLHOS
A galeria teve dezenas de candidatos, além de militantes. Até normal, já que era esperado muitos do lado de fora na espreita por uma das 21 cadeiras. Mas isso é só em outubro. Ok! Na prática, a corrida pelo voto já está presente em costuras, tramoias e saliva… por ai.
Só pra ilustrar, a presença (legítima) para acompanhar a sessão teve 8 candidatos à prefeitura. Raul, Caio Coube, Clemente, Cláudio Lago, Paulo Martins, Jorge Moura, Rosana Polatto. Izzo Filho foi quando a lotação não permitia mais ninguém.
Realmente bauru não é para amadores….
É vergonhosa a forma de condução dessa mesa diretora ao tratar assuntos tão relevantes da nossa cidade visivelmente com interesses apenas pessoais, agindo várias vezes de forma baixa, sem voltar seus olhares para as necessidades da própria Bauru.