Crianças no semáforo como pedintes ou vendedoras: desafio da abordagem social permanece

O CONTRAPONTO foi acionado por integrante da administração municipal lamentando a permanência de crianças como pedintes nas esquinas da Rua Capitão Gomes Duarte com a Rua Rio Branco, ao lado do Supermercado Tauste. Duas meninas e um garoto ficaram por lá, na tarde de sexta-feira 20/01. Embora as garotas vendam doces e o menino pareça chamar a atenção para duas mulheres solicitarem ajuda.

Conversamos com Tatiana Aparecida. Desempregada, moradora do Núcleo Pousada da Esperança, ela disse que frequenta a esquina “sempre que vence uma conta maior e situação aperta.” Disse que não vai todo dia. Comerciantes ao redor comentam, porém, que ela está sempre na esquina. E com as crianças. No vídeo (acima), registramos  aqui apenas o local, com recorte da situação à distância, para preservar os menores.

A questão é que Tatiana fica em um canto da calçada. E duas garotinhas de 10 anos é que circulam tentando vender paçoquinha e pirulitos. Segundo ela, uma é sua filha e a outra sobrinha. Ao lado da mãe, quando conservamos com Tatiana, as garotinhas confirmaram a informação da mãe de que estão na escola. “Eu cuido de 3 crianças. Esta é minha sobrinha, a outra minha filha. Elas têm 10 (anos). E tenho um menino com 8 anos. Mas ele tem déficit de atenção, atraso na fala e é tratado na Sorri desde os 2 anos. Não posso deixar ele sozinho. Quando preciso buscar algum extra aqui para pagar uma conta eu deixo ele com o pai”, diz.

Tatiana conta que recebe R$ 600,00 mensais do auxílio federal (Bolsa Família). Ela também comentou que alguém do Conselho Tutelar compareceu ao local para conversar com ela e ela compareceu à Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes). “Eu fui no Conselho Tutelar e conversei lá. Minhas filhas estão estudando na José Romão (escola da região da Pousada). Eu sei que elas não podem vir. Mas falta dois anos para acabar de pagar casa financiado. É R$ 470,00 por mês (no Núcleo Pagani). Hoje é esta venda aqui de vez em quando que resolve minha vida  eu vou tocando”, posiciona.

Ela conversou com as duas outras mulheres que estavam na outra esquina, com o menino. “Elas não falam nossa língua. Mas está lá com  cartaz pedindo. E o menino junto. Eu não estou pedindo”, justificou. As mulheres latinas, com idade entre 35 e 45 anos, seriam bolivianas. Enquanto falava com Tatiana, elas “subiram” a Rua Rio Branco. Foram pedir no semáforo da praça Portugal, com a Avenida Comendador José da Silva Martha.

ABORDAGEM SOCIAL 

Verificamos junto a um representante de Conselho Tutelar que para estes casos a ação é acionar a atuação da Sebes. Também apuramos que a Secretaria fez o registro desses casos, neste endereço, pelo programa da Abordagem Social.

Segundo o protocolo de assistência, a permanência da situação de rua, nas condições descritas, deve ser levada ao Conselho Tutelar em razão da presença de menores (crianças, no caso). O Ministério Público da Infância também deve ser acionado.

 

 

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