O Departamento de Água e Esgoto (DAE) inaugura nesta sexta-feira o reservatório em aço vitrificado de 3,5 milhões de litros na vila Alto Paraíso, ao custo de R$ 4 milhões. Mas a estrutura da autarquia sabe, faz tempo, que nenhum plano de abastecimento vai atacar, de frente, o problema se não atuar em redução das perdas e setorização do sistema para controle de pressão na rede. Uma dessas etapas é trocar o parque de hidrômetros velhos para, no tempo, realizar medição real de consumo e receita compatível com o plano de investimentos necessário.
Em audiência pública para apresentação da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o presidente da autarquia que assumiu no último sábado a função, Marcos Saraiva, anunciou a abertura de licitação para a compra dos primeiros 22 mil hidrômetros. Os equipamentos, segundo o DAE, serão substituídos por equipes próprias.
“Dos 48,7% de perdas no nosso sistema, 37% é perda física, ou seja água vazando na rua. E o restante é não medição de consumo. 70% dos hidrômetros de Bauru precisam ser trocados. Vamos correr atrás disso em uma das frentes, com abertura agora de edital”, disse Saraiva.
Conforme a Divisão de Produção e de Manutenção, “o edital trata da aquisição de 22 mil hidrômetros. O DAE não concede os hidrômetros, eles são propriedade da autarquia, que fará a troca com mão de obra própria. A meta é de 22 mil hidrômetros e prazo de troca de um ano, com 2 mil trocas/mês”.
Em uma conta simples, para cerca de quase 145 mil ligações em Bauru, 70% de equipamentos obsoletos significa a necessidade de substituição de em torno de 100 mil medidores. Assim, as 22 mil unidades nesta primeira compra alcançariam quase 1/4 da demanda apresentada pela presidência. “Perfurar poço com tanto vazamento na rede não resolve”, avaliou Saraiva.
A necessidade de troca dos hidrômetros é um dos itens apontados no estudo que gerou o Plano Diretor de Águas em Bauru (PDA), contratado em 2013 e que virou lei municipal em 2019. Nos municípios onde a medida foi tomada houve aumento da receita.
Os indicadores técnicos apontam entre 30% a até 40% de ajuste na arrecadação. Conforme o estudo realizado pela Hidrosan para Bauru, a norma técnica (ABNT) indica que após 5 anos de uso o medidor passa a registrar consumo menor do que o efetivamento utilizado. Em Limeira (SP) as diferentes “pontas” do plano foram aplicadas, com redução abrupta de perdas na rede e no caixa.
CICLO VICIOSO
A equação não fecha. A autarquia tem despesa fixa em evolução, ao longo dos anos, mas a receita não se sustenta. Aos poucos, a ausência de gestão sucateia os serviços. E a reclamação aumenta junto ao consumidor. Não por acaso, reclamação por falta d´água está perto do topo da lista, entre bauruenses, mesmo durante a dura realidade da pandemia.
Os vetores de gestão, assim, avançam todos contra o órgão público. Em Bauru, a sequência de gestões políticas (ou sem aptidão técnica) aprofundaram o abismo entre produtividade e eficiência no abastecimento de água.
O DAE enfrenta defasagem na reposição de tarifa, passa a suprir sua carência estrutural estrangulando os investimentos da própria (cobrança de contrapartida salgada para aprovar diretrizes), mas, nas ruas, desperdiça 48,7% da água que produz (31% com vazamentos por toda a cidade) e o restante pela cobrança a menos de consumo, nesta teoria).
Por outro lado, o DAE tem alta dependência do fornecimento de água por poço (35 unidades abastecem 65% da cidade). O problema é que as unidades funcionam “full time”. Isso significa maior quebra de bombas, vida útil reduzida dos equipamentos e, o que é pior, com despesa nas alturas com energia elétrica.
O DAE paga pela tabela mais cara da tarifa de energia, após o final das tardes. Com perdas físicas elevadas ao longo do sistema, mesmo produzindo água suficiente para o abastecimento teórico da cidade, a autarquia não consegue desligar os poços.
O funcionamento 24h das bombas é contraproducente. E o sistema Batalha agoniza nas estiagens, como no ano passado. Entramos em 2021, e o DAE já teve de antecipar o rodízio no abastecimento para tentar “levar” a situação adiante.
Apesar desses fatores, a autarquia ainda mantém condições de investimentos.
Existem outros inúmeros fatores que se entrelaçam nessa ciranda. Por exemplo: falta de setorização das redes significa ausência de controle de pressão. E sem controle de pressão da água na tubulação, o número de “estouros” é elevado.
“Tenho que agir por prioridades. Comecei pelo desafio de reduzir o retrabalho. É gastar duas vezes com tempo, material, mão de obra e ampliar a insatisfação do consumidor”, comenta Saraiva. E tem mais: níveis elevados de vazamentos em toda a rede, com interrupções intermináveis de desabastecimento “realimentam” o ciclo vicioso de descontrole da pressão na tubulação, de um lado, e da insatisfação do consumidor, do outro.
Controle de perdas e de pressão na rede (com setorização), telemetria, protocolos de governança e produtividade para as equipes, plano de reservatórios e, com planejamento vinculado, de novos poços formam a lista dos itens essenciais para quebrar esta lógica.
Para 2021 o DAE tem orçamento previsto de R$ 166,9 milhões, contando a receita de 5% sobre a fatura mensal de água para o Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE). O Orçamento está sendo adequado à realidade da pandemia, com previsão de R$ 152,5 milhões para 2022, com R$ 30,8 milhões em investimentos (equipamentos e obras). No ano passado, a autarquia fechou o ano com arrecadação global de R$ 145.754.855,54.
No início da crise, a prefeita Suéllen Rosim “colocou na rua” a discussão sobre concessão ou não para os serviços prestados pelo DAE. A rádio peão está alvoroçada. Seria recado? Vai funcionar?
Caro Nelson, quanto vai custar? Quem vai pagar pela troca do hidrômetro? O que é um hidrômetro “velho”? Não teriam que ser testados antes para evitar troca sem necessidade?
Caro Zarcillo, obrigado por sua comunicação. Hidrômetro velho é o que tem acima de 5 anos de uso, pela norma ABNT. Quem vai custear é o DAE, porque é equipamento dele. Abc
Vamos morrer secos e lisos…
O DAE já foi uma das melhores autarquias da prefeitura mas infelizmente os políticos sucatearam com má gestão deixando faltar equipamentos básicos como peças para consertos de vazamentos e máquinas abandonadas no centro de manutenção sem peças para consertar, a autarquia consequentemente ficou mal vista diante da comunidade e todos hoje, são contra o DAE querendo a privatização. Devemos quebrar esse vínculo de políticos dentro do DAE e colocar pessoas capacitadas com conhecimento para gerir a autarquia, mas enquanto a prefeita estiver em mente a privatização não vai mudar nada pois o interesse de privatizar está maior do que organizar o DAE. Vc tem uma empresa que tem receita, não entende como gerencia-la, é mais fácil vender do que colocar a casa em ordem. Para mim isso é má vontade do poder público em resolver o problema do DAE.
Vocês já viram alguma coisa pública funcionar neste país ? AhAhAh!!!!!!!