A Divisão Estadual de Investigações Criminais (DEIC) de Bauru cumpre seis mandados de prisão, sendo contra o vereador Carlinhos do PS (Carlos Bastazini), seus dois assessores parlamentares e outras três pessoas ligadas a seu grupo político por denúncia de que teriam praticado crimes de corrupção, cooptação de eleitores e “rachadinha”. A ordem da juíza da 1ª Vara Criminal do Fórum de Bauru, Érica Marcelinha Cruz, inclui buscas e apreensão em 9 imóveis para levantar documentos, computadores, planilhas, anotações, telefones celulares, CDs e outros materiais em residências dos denunciados, localizadas em diferentes bairros de Bauru.
A apuração é que as denúncias preliminares estão sendo levantadas há cerca de seis meses pelo Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de de Dinheiro (SECCOLD). O setor foi criado no ano passado em regionais da Polícia Civil do Estado, para atuar em crimes específicos, como o do colarinho branco.
Os mandados de busca e apreensão e prisão temporária estão sendo cumpridos contra o vereador Carlinhos do PS (Carlos Bastazini), seus dois assessores diretos, Luiz Carlos Alves Júnior e Láercio Pereira (Indião), além do também assessor Gleison Aparecido Contador. As ordens também foram expedidas pelo Judiciário contra Fábio Manoel de Campos, apontando na investigação como um dos cargos de confiança indicado por Carlinhos do PS e Agenor de Souza, servidor do DAE que, conforme a denúncia, atua no grupo para o parlamentar.
DENÚNCIAS
A equipe do delegado titular do SECCOOLD, Gláucio Eduardo Stocco, comanda as investigações junto a DEIC Bauru, dirigido por Ricardo Dias. As denúncias iniciais foram apresentadas pelo presidente da Emdurb, Luiz Carlos da Costa Valle, juntamente com integrante da empresa.
Valle foi informado de ocorrência de pressão contra um indicado para este entregar metade de seu salário para Carlinhos do PS em razão de sua indicação para o cargo, ocorrida ainda no ano passado. O dinheiro seria coletado, conforme a denúncia, para formar caixa do grupo, com ação planejada para cooptar votos em troca de favores para eleitores.
Luiz Carlos Valle encaminhou a denúncia à DEIC. Conforme as apurações, em gravação, a pressão ao funcionário comissionado contou com o assessor Gleison Contador (atualmente lotado na presidência do Legislativo), na presença de Carlinhos, a destinar metade do salário. O funcionário aparece como contratado em cargo de comissão na Emdurb em julho de 2020, durante o governo Clodoaldo Gazzetta. A exigência, segundo a denúncia, é de que o gerente teria de entregar R$ 2 mil mensais para o grupo liderado por Carlinhos do PS.
A apuração levantou depoimentos e escutas telefônicas autorizadas judicialmente. As investigações preliminares levaram à participação dos assessores diretamente contratados pelo Gabinete do Parlamentar. A investigação alcança 9 pessoas, entre assessores, o parlamentar e outros quatro nomes que seriam indicados politicamente pelo parlamentar junto ao governo anterior.
Leônidas Bertolini Zangrande, Leandro Henrique de Oliveira Tibúrcio e Caio Moura Souza Curaça estão sendo investigados como possíveis participantes do grupo, cuja função, conforme apurado, seria “achar votos” para o parlamentar (atuar para o vereador indo atrás de eleitores com o serviço de trocar favores por votos). Outra exigência seria participar da contribuição à “rachadinha”, vinda dos salários na administração pública.
As investigações apuram a ocorrência de prática de “rachadinha” em relação a todos os citados. A prisão temporária determinada pelo Judiciário é de 5 dias. A autoridade policial poderá solicitar ampliação do prazo, até o final da semana. A juíza Érica Marcelina Cruz acolheu o pedido do SECCOLD da Polícia Civil, com os elementos de que os denunciados podem interferir nas investigações a partir do conhecimento público das buscas e apreensões.
CARGOS E VOTOS
A investigação apura o uso dos cargos indicados pelo parlamentar para o levantamento de valores (“rachadinha”). O grupo atuaria na arrecadação, levantamento de eleitores e cumprimento de favores estabelecidos. Conforme indicado, a ação se espalha por centenas de pessoas (eleitores), a ponto de, a certa altura, gerar a necessidade de planilha, com os possíveis votantes e os favores levantados. Guilherme Fuzel denuncia que foi chamado por Carlinhos para elaborar a planilha.
Na atual administração, Carlinhos do PS passou, desde o início do ano, a se posicionar contra o governo Suéllen Rosim. Em reações públicas durante as sessões, em reuniões e durante visita a repartições públicas, o parlamentar pressionaria contra o não aproveitamento de seus indicados. Em um dos episódios tornado público, Carlinhos é citado gritando na porta do DAE.
O vereador também discutiu com o presidente da Emdurb, Luiz Carlos da Costa Valle. O presidente Valle aponta que Carlinhos cobrou a manutenção de vagas de assessor de confiança (como Guilherme Fuzel, Zangrande e Tibúrcio) e, ainda, indica o “modus operandi” utilizado para a manutenção dos cargos, em mais de uma secretaria, no governo anterior.
A investigação também verifica, conforme apurado, outras formas de utilização das funções de confiança dentro das repartições públicas.
A INVESTIGAÇÃO
O processo judicial identifica o papel de cada um dos investigados. Contra o assessor do Gabinete do vereador, Luiz Carlos Alves Júnior, está sendo apurado a função de registrar e anotar todos os pedidos dos eleitores, com os favores. Carlinhos do PS é o líder, quem comanda o grupo.
O funcionário aponta ao presidente da Emdurb que foi acionado por Carlinhos do PS para elaborar a planilha, com nomes dos eleitores e o favor de cada um. A lista tem mais de 3.500 nomes.
Laércio Pereira (Indião) é o “braço direito” de Carlinhos, a quem incumbiria receber e executar os pedidos e também arrecadar a “rachadinha”. Gleison Contador foi assessor do parlamentar na gestão passada, sendo denunciado por ameaçar Fuzel e por atuação junto ao grupo.
Agenor de Souza, do DAE, atua para Carlinhos há anos e estaria como o “caixa” do grupo. Fábio Manoel, também comissionado por indicação do parlamentar, é apontado por Guilherme Fuzel também como tendo realizado a coleta da “rachadinha”. Os outros três comissionados, Caio Curaça, Leandro Henrique Tibúrcio e Leõnidas Zangrande estão citados porque teriam agido para “buscar votos” (em troca dos cargos) e com participação de metade dos salários.
Parabéns pela matéria, mais que isso, pela rapidez (“furo”).
Excelente! Tanto a reportagem quanto a ação da polícia!
Tem que divulgar nomes mesmo!!!
Por essas e outras que a administração não anda.
Cadeia, e devolução das verbas.
Destituir essa cambada de gatunos.
Pouca vergonha. Não sei pra que assessores pra quem nada faz. Precisa acabar com esses cabides de emprego na prefeitura, no DAE e na EMDURB. Outro erro é a prefeita trazer gente de fora e da sua igreja para ocupar cargos de confiança como se Bauru fosse desprovida de gente capacitada.
O político corrupto perde a herança que veio do Pai e da mãe durante a sua gestão (EDUCAÇÃO,DIGNIDADE, PERSONALIDADE E O $ ).
Espero que não sejam denúncias seletivas e uma forma de ameaça aos outros vereadores. Acho que tem muito mais para aparecer