Doria “fala” em regras mais duras de manhã, mas recua. Médicos fazem apelo por redução na circulação de pessoas

O governador do Estado de São Paulo fez pronunciamento público, pela manhã, nesta quarta-feira, falando que as regras serão mais restritas. Mas na coletiva desta tarde (17/03), Doria anunciou medidas relacionadas apenas ao apoio financeiro a alguns setores e redução no ICMS do leite, por exemplo.

Para o Comitê Covid, é necessário esperar pelo menos uma semana para verificar o resultado das medidas adotadas nesta fase (mais duras) para a tomada de outras decisões. Porém, uma fala do governador, pela manhã, gerou reações.

Como se sabe, as restrições para circulação (apenas as atividades essenciais podem funcionar) valem da última segunda-feira até 30 de março. O Estado aposta, no tempo, na queda das internações (e de novos casos) com o avanço da vacinação. Hoje foi anunciada a imunização para a faixa etária de 72 a 74 anos. Mas o processo lento preocupa.

Em Bauru, assim como na região, os índices de lotação de UTIS são piores do que os da Capital e de outras localidades. O Comitê Covid defendeu a adoção de lockdown para conter a evolução de casos há dias, mas o governo do Estado resiste, sobretudo em razão das reações de parte da população.

A boa notícia é que o Estado anunciou conseguir disponibilizar vacinas para atingir, nos próximos dias, as pessoas com idade entre 72 e 74 anos. O avanço da imunização junto às faixas etárias vai gerar redução gradual no número de óbitos (e de casos graves) nas próximas semanas. Um alento. 

A escalada de casos em velocidade é muito maior do que a oferta de leitos lota os hospitais públicos em todas as regiões. Em Bauru -, com dinheiro em caixa (judicial), Predião USP com estrutura física montada há anos, Município sem fazer testagem e com incidência limitada da fiscalização -,  a lotação de UTIs Covid está acima de 100% há vários dias.

As cidades, de maneira geral, também não adotaram, até agora, medidas de escalonamento para horários de entradas e saídas na indústria e demais atividades que podem circular. O impacto no transporte coletivo é considerado fundamental para este resultado.

Como se sabe, desde a última segunda-feira (15/3) até dia 30/3, estão autorizadas apenas as atividades essenciais, ainda assim com controle. As aulas em escolas públicas foram suspensas no período. Mas nas particulares permaneceram autorizadas com limite de até 35% da capacidade por sala.

O governador João Doria (PSDB) anunciou redução no imposto do ICMS de 13,3% para 7% para carne neste momento.

O governo também zerou a cobrança do imposto sobre o leite, durante esta fase da pandemia, e anunciou programas de incentivo (financiamento) para micros no Estado, com ênfase para donos de bares e restaurantes.  As concessionárias de gás (Gás Braziliano) e fornecedora de água (Sabesp) suspendem as negativações até 30 de abril e abrem parcelamento dos débitos para pagar após este período, sem juros.

O Estado disse que até o dia 30 de abril o Instituto Butantan entrega o total de 40 milhões de doses da vacina. Até hoje, foram entregues 28 milhões de doses, que estão sendo distribuídas para o País. O Governo Federal, entretanto, pouco fez no setor.

APELO DOS MÉDICOS 

Médicos estão publicando vídeos em suas redes sociais para alertar que o colapso no sistema, nesta fase, implica em mais mortes, independentemente da “crença” ou da falta de informação de cada um.

O apelo é que é inevitável, infelizmente, o fechamento de atividades como única forma disponível para, em 15 dias, quebrar a cadeia exponencial de transmissão do vírus. Sem essa medida, a maioria dos especialistas aponta que o caos vai perdurar por tempo mais longo, o que prejudica ainda mais a já combalida atividade econômica e a saúde coletiva.

O País e o Estado vivem o pior momento da COVID-19 já registrado até agora. Só no Estado de SP, são mais de 10 mil pacientes internados em leitos de terapia intensiva, mais de 600 mortes registradas nas últimas 24h e taxa de ocupação de 90%. No pico da pandemia, em 2020, as internação chegaram a 6.000 unidades. Não há condições técnicas, nem mão de obra, para aumentar os leitos UTI na mesma proporção do aumento da transmissão, informam os técnicos do setor.
O médico infectologista Lucas Marques da Costa Alves, coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Estadual de Bauru, fala (no vídeo) sobre a exaustão dos profissionais de saúde, as situações que as equipes têm enfrentado e faz um apelo para que a população respeite as orientações para enfrentar a pandemia.

 

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