Estudantes reagem a crise na Faculdade de Direito da ITE e demissões

Estudantes da Faculdade de Direito da Instituição Toledo de Ensino (ITE) reagiram nesta segunda-feira a demissões e desligamentos de membros da direção, com ações que afetam membros da própria família Toledo. Em apelo a Alexandre Toledo Cintra – que comanda a instituição neste momento -, alunos de graduação pediram reconsideração e retorno do diretor do Curso de Direito, Luiz Pegoraro, realizado na última sexta-feira, por exemplo.

A crise na ITE Bauru, faculdade tradicional instalada na Vila Falcão desde os anos 50, com formação de acadêmicos em curso superior em diferentes áreas do conhecimento e pós-graduação, apresenta elementos típicos de divergência familiar, endividamento,  obstáculos na sucessão e consequências sobre a gestão.

Conforme apurado pelo CONTRAPONTO, depois de uma série de reuniões indefinidas do grupo de seis do comando (Assembleia), Alexandre Toledo acabou assumindo. Mas a assunção está longe de ser consenso. Há cerca de 6 anos o impasse ocorre na direção. Nesse compasso, como revelado pelo CONTRAPONTO, na última semana foram desligados da ITE integrantes da sucessão da família Toledo. Entre os nomes, Claudia Queda (professora do mestrado e doutorado) e Roberta Toledo (era reitora e coordenadora da pós-graduação) foram desligadas da unidade.

Apuramos que Flávio Toledo – até então gestor educacional e que assumiu também a direção administrativa e financeira a partir do falecimento do então dirigente Antônio Eufrásio de Toledo Filho (o Toledinho), em novembro de 2016, – tentou, por mais de uma vez, conciliação capaz de ajustar o caminho a ser trilhado.

Há tempos divergências atrapalham. No pós-pandemia, Cláudia Cintra, Alexandre e Maria Caligaris não concordaram com proposta de novos aportes. Flávio renunciou diante da indefinição.

Dívidas (sobretudo com encargos sociais – mas também com bancos), disputa judicial envolvendo direitos (inclusive em discussão sobre nulidade de contrato de seguro de vida empresarial) e queda no número de alunos matriculados (dificuldade comum a muitas instituições de ensino particular no País) foram conteúdos adicionais às dificuldades presentes.

Em pelo menos três reuniões seguidas recentes, conforme atas apuradas, o impasse permaneceu quanto ao “novo comando geral” e medidas urgentes de ajuste em gestão. As reuniões terminaram com empates seguidos em 3 votos a 3, entre seis votantes. Maria Helena Caligaris, Alexandre Toledo, Mauro Toledo e Roberta Toledo, Claudia Toledo Cintra e Flávio Toledo. A situação exigiu que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) fosse, inclusive, chamado a decidir que, em caso de persistência do empate, o diretor anterior (Flávio) é quem assumiria. Mas isso também não eliminou o estoque de obstáculos.

Na última sexta-feira, o clima tensionou ainda mais com a exoneração do diretor da Faculdade de Direito, doutor Luiz Pegoraro – 22 anos mestre e coordenador da graduação há 8 anos. Em comunicado enviado ao CONTRAPONTO, estudantes da graduação solicitam a permanência de Pegoraro, apontando para prejuízos imediatos e no tempo seguinte para o curso, caso a decisão não seja revertida.

Integrantes de pós-graduação da ITE também mostraram enorme preocupação com a situação. Em função da crise, o ministro do STF, André Mendonça, que integrara o núcleo de pós, apresentou seu desligamento.

A ITE Bauru vai se submeter a nova avaliação junto a Capes (Brasília) no final do ano. O processo é realizado a cada 4 anos. Há receio de que a instabilidade na gestão e nas trocas em postos chave dos cursos reflitam no procedimento de forma negativa. Nesta fase, a ITE está no mesmo patamar de universidades respeitadas do País no segmento, como a PUC SP.

Ouvimos de representantes internos outras repercussões da crise. No final deste ano, por volta de outubro, está programado criação de uma linha de doutorado com projeto aprovado. Ocorre que André Mendonça (ministro do STF) era um dos entusiastas deste projeto, junto com nomes como Claudia Toledo (ex-presidente nacional da Capes no governo Jair Bolsonaro, doutorae docente na instituição há muito tempo).

Contatamos Luiz Pegoraro e Claudia Toledo. O primeiro lamentou o desligamento. Claudia, em compromissos em São Paulo, informou que vai enviar pronunciamento. Alexandre Toledo (novo gestor) não respondeu ao contato da redação.

 

9 comentários em “Estudantes reagem a crise na Faculdade de Direito da ITE e demissões”

  1. Como aluno do mestrado da ITE, gostaria de expressar minha indignação com as demissões dos excelentes professores e educadores, Doutores, Luiz Pegoraro, Cláudia Queda M. Toledo e Roberta Toledo. Pedimos que a nova direção repense a decisão tomada, sob pena de afetar dezenas, senão centenas de alunos com os cursos em andamento, além de prejudicar a excelente nota e reconhecimento que a ITE possui nacionalmente, conquistados ao longo de anos de trabalho destes e de outros professores.

  2. Adriana Cláudia

    Uma lástima, uma instituição que levou aluno ao ápice do direito estar nessa situação. Familiares em discórdias leva uma em nessa situação

  3. Sou aluna matricula da graduação de Direito e estou profundamente indignada e decepcionada com a demissão de um professor e coordenador extremamente competente e sábio, como o Luiz Pegoraro. É revoltante que intrigas familiares, as quais devem ser resolvidas apenas entre os responsáveis, esteja afetando e colocando em cheque a qualidade do curso. Acreditamos piamente que não possuía nenhum motivo concreto para que o Luiz Pegoraro, Claudia e Roberta fossem desligados, senão por motivos de disputa familiar. Uma pena!

  4. Jose Reginaldo Sousa

    Conheço a instituição a.mutos anos sempre foi referência aqui em bauru ,e fico triste de sabe que está passando por esses problemas, que se não for providenciado a solução, pode até leva o fechamento, mas acredito que vai dar certo ,meu filho foi homenageado aí na ITE pelo CIPS na formatura dele , Tiramos fotos e fomos bem acolhido,então somente me resta lamenta pela situação.

  5. Em 1998 a ITE já passava por isso e alguns familiares que eram “diretores” foram retirados do cargo.

    Infelizmente a única pessoa que reergueu a ITE, construiu o prédio do direito, reformou a economia e o serviço social entre outros, faleceu em 2007.

    Quando alguns diretores retornaram ao “poder”, já era previsível uma nova crise.

    Lamentável.

  6. Seu Eufrásio de Toledo deve estar revirando no túmulo…estudei na escola técnica curso de Pontes e Estradas , era o xodó do homem, foi o velho morrer, rapidinho acabou.

  7. Sou aluna da graduação do 4º ano, e vejo com grande consternação, uma crise familiar afetar tanta gente apequenando uma Instituição tão importante e tradicional! Na minha visão como qualquer outra empresa que cresce e quer sobreviver, a gestão deveria ser entregue a executivos e a família se restringir ao Conselho! É uma irresponsabilidade sem tamanho demitir nomes como Luiz Pegoraro, deixar os alunos sem qualquer amparo ou satisfação, ao que tudo indica, os egos estão muito acima dos valores, do capital intelectual bem como daqueles que suportam financeiramente a operação (alunos)!

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