
Assessora da prefeita Suéllen Rosim desde o início do primeiro mandato, Damaris Nunes de Faria Pavan, afirmou hoje (15/05), em entrevista coletiva à imprensa, que levou cestas básicas do Fundo Municipal de Solidariedade à igreja comanda pela família Rosim, a Mipe. O Fundo, na ocasião, era comandado pela mãe da prefeita, Lúcia Rosim, atual secretária de Assistência Social. Damaris também disse à Polícia que eletrodomésticos doados pela instituição foram levados à igreja. Em nota, a prefeita diz que vai processar Damaris e atribui vingança às denúncias.
Damaris afirma que, após ser nomeada para a assessoria de Gabinete da prefeita, como secretária, em 2021, foi designada para o Fundo Social, liderado pela mãe de Suéllen, Lúcia Rosim. “No Fundo Social eu registrava todas as doações que chegavam. As cestas foram entregues na igreja. Eu fui junto levar”, disse. Em outro trecho da conversa com jornalistas, a ex-assessora cita que “lotou o caminhão de cestas”.
No depoimento dado a jornalistas, a ex-assessora também diz que “levaram sucos de uva e cestas básicas”. Mas à própria Polícia, Pavan descreveu itens, quantidades. É o que ela assina em Termo de Declarações ao delegado Fábio Henrique Ferreira, Damaris Pavan detalha as ocorrências de entrega de cestas básicas e eletrodomésticos a uma edícula pertencente à igreja, na quadra 6 da Av. Lúcio Luciano, em 2022. Á Polícia, ela é mais detalhista do que na coletiva à imprensa.
DEPOIMENTO À POLÍCIA
Nesta declaração, Pavan afirma que foi recebida na igreja por Dozimar Rosim (pai de Suéllen) e Márcia Rosim (tia da prefeita). Lá, segundo a depoente, foram descarregados os itens de alimentação e eletrodomésticos, inclusive doações realizadas pela própria Polícia Civil do Estado ao Fundo Social. A assessora descreve que participou da entrega na Mipe, na ocasião, de itens doados pela Polícia como “vários eletrodomésticos – freezer de duas portas, 2 TVs, máquina de lavar roupa e aspirador de pó”, além de “dezenas de cestas básicas, caixas de leite integral e garrafas de suco”.
A igreja Mipe (Ministério Produzindo Esperança) é comandada pela família Rosim. No início do governo, a congregação ocupava um imóvel alugado no Jardim do Contorno. No final do mandato, a sede passou para o Altos da Cidade, com novas instalações.
Damaris Pavan diz que conheceu Suéllen e a mãe Lúcia ainda em 2018, em “gravações de lives”. Foi convidada por elas para ingressar na política, resistiu, mas aceitou. “Ela (prefeita) não conhecia ninguém em Bauru. Ajudei na campanha e ela começou a fazer unha (manicure) comigo. Ganhou (eleição de 2020) e me convidou para cargo (no Gabinete)”, prossegue.
Damaris foi candidata a vereadora pelo PSD, partido presidido por Suéllen, em 2020. “Tive 500 votos. Me afastei para a campanha e voltei (como diretora de Departamento da Sear)”, contou. Foi exonerada em abril passado, informada de que para o cargo agora é preciso formação em nível superior. Ainda ficou uns meses nomeada via Emdurb, segundo a ex-assessora.
Ela alega que fez agora as denúncias porque teria se arrependido. Mas rejeita que sua reação, tempos depois, seja por ter pedido o emprego de comissão no governo de Suéllen.
WATSAPP
A agora assessora demitida do governo municipal (abril 2025) também apresenta um registro de conversas em seu watsapp. Uma com a bispa Lúcia Rosim e outra com Márcia (Rosim), tia de Suéllen. Damaris divulgou registro em cartório de dois trechos (em ata notarial). As mensagens são curtas (documento abaixo). E indicam que o diálogo teria outros trechos. Ata Notarial é um documento emitido pelo Cartório atestando que as mensagens apresentadas no aparelho de telefone celular conferem com o registro.
Segundo Damaris, os registros tiveram a função de confirmar que o Fundo Social também teria sido utilizado para o uso indevido na igreja. “No Fundo Social tem os registros dos eletrodomésticos, das cestas. Levou a caixa de som para a igreja. A Elis (pastora Elisangela) é o braço direito da Suéllen Rosim e fala comigo disso (no watts)”, alegou.
Ainda conforme a ex-assessora, Marcinha (Márcia Rosim) teria retirado cestas para outras remessas. Ela mesma diz que fez entregas à Márcia. Ainda cita que um dos locais de destino seria a chácara do pai da prefeita, Dozimar Rosim. (ele alugou a antiga sede do Bento Cruz, próximo da Ajax, na saída da marginal da Rodovia Rondon, após o Alameda). Segundo Damaris, “Marcinha” teria dito que as cestas eram para os garotos que jogam bola no projeto. (Dozimar tem escolinha de futebol e atua como empresário na formação de atletas).
A assessora, porém, não apresentou provas ou demais elementos para essas suposições. Já em relação ao registro de conversas no celular, em Cartório, conforme abaixo, as mensagens falam em “potência e mesa de som e “monitores de TV”.
O restante do diálogo não foi apresentado. Por outro lado, à Polícia Civil, a ex-assessora afirma que teria entregue, por várias vezes, cestas retiradas no Fundo Social por Marcia Rosim, a mando de Lúcia (atual secretária e irmã de ‘Marcinha’). É a segunda confissão de Damaris, em forma já de depoimento.
Damaris indica, de outro lado, que guarda (há bastante tempo) conversas com Lúcia e Suéllen, além de contatos que manteve com assessores. Veja que os trechos das conversas levadas a Cartório são de 21/03/2022 e 18/04/2022.
Em outro momento da coletiva, Damaris mostra a um colega da imprensa uma conversa também pelo ‘wats’ com “textão de Lúcia Rosim”, recente, após sua demissão.

NOTA DA PREFEITA
Contatamos o governo, solicitando posicionamento sobre as denúncias em relação a Suéllen (por ser a mandatária e cujo Fundo Social é de responsabilidade do governo) e Lúcia (que foi a presidente do Fundo no primeiro governo). Também acionamos o advogado, Jeferson Machado, em razão das citações envolverem a família Rosim.
Abaixo, a nota, na íntegra, enviada:
“A prefeita Suellen Rosim repudia com veemência as acusações levianas feitas pela ex-servidora Damaris Pavan. Fica evidente o tom vingativo e ressentido de alguém que foi demitida por não atender aos critérios exigidos para ocupar cargos comissionados e que, agora, tenta manchar a reputação de terceiros com declarações sem qualquer credibilidade ou respaldo. Medidas cabíveis serão adotadas”.