A segunda-feira de 29 de dezembro marca o terceiro ano da passagem do rei do futebol pelo Planeta redondo. Publicações por todo o mundo retratam gols, trajetórias e títulos de Pelé. Assim, em Bauru e Santos, fomos atrás de lembranças sobretudo da vida cotidiana de Pelé. Encontramos registros raros do menino batizado de Edson Arantes do Nascimento em Três Corações (MG), do convívio social e também familiar em Bauru, quando Dico brincava nas peladas das ruas centrais, como na Rubens Arruda, onde ganhou o apelido imortal de Pelé. Sobre a carreira do atleta e seus grandes feitos, você pode ler nesta Grande Reportagem, de quando ele partiu, em 2023: https://contraponto.digital/pele-as-historias-da-infancia-em-bauru/
São dezenas de objetos, imagens. A maioria inéditas ao público. O mosaico a seguir é uma amostra que, também, ratifica o desejo de memória, apreço, por quem compreende a relevância da trajetória do atleta do século e cidadão do mundo. Nas ruas e campinhos de Bauru, Edson virou Pelé.
O relojoeiro Celso Luiz Furtado tem em sua loja, na quadra 20 da Rua Araújo Leite, fotos expostas. “O Nobuji Nagasawa (1), que dá nome de bairro em Bauru, está em uma foto na entrega de título de Cidadão ao mineiro Edson. Em outra, à esquerda o pai do rei, Dondinho, no extremo à direita Pelé já campeão mundial, em 1958, com um time de japoneses (2) da região perto da igreja Santa Terezinha, aqui em Bauru”, conta.
O irmão de Celso, Célio Furtado (hoje morando em Maringá (PR), lhe deu uma carta (3) que recebeu da irmã de Pelé, Maria Lúcia Nascimento Magalhães. Celso mostra o envelope e a correspondência, enviadas da rua Coronel Joaquim Montenegro, 25, canal 6, Santos (SP).
Varlei Venturini cresceu em uma casa no meio do quarteirão da Rua Bandeirantes, antes da esquina com a Rua Agenor Meira. Tatinha, seu apelido de infância, conta que Pelé e seu irmão Zoca (Jair) “colhiam manga no quintal de casa para brincar com os pés”. “Tive 9 irmãos e o Antonio (falecido) estudou na classe do Pelé, uns 4 anos mais velho, quando eu estava no primeiro ano, no Ernesto Monte”, cita.
O prédio resiste em pé na esquina da Bandeirantes com a Agenor, ao fundos de Varlei na foto (4). Está fechado desde 2015. “Os mais novos estudavam no térreo (hoje ocupado por salão de cabeleireiro, bar, escritório). A gente brincava no pátio onde é estacionamento de carro hoje. Ele (Pelé) brincava no gol (na rua)”, recorda. A Prefeitura já foi incitada a desapropriar e preservar o imóvel, ocupando com algum projeto em educação e ou esporte. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico informa que, neste momento, está com tratativas junto a um empresário para instalar uma estátua de bronze de Pelé. A sugestão é a região da praça do avião (Bandeirantes).
O fotógrafo Pedro Romualdo guarda em seu arquivo tietagem com o já famoso Pelé durante visita ao Bauru Atlético Clube (BAC), nos anos 70. “Eu soube que o Pelé vinha gravar um filme aqui, peguei a máquina e corri pra lá. E fiz também meu registro com o Rei (5)”, conta o santista.
TREINO NO BAC – Fabiana Inohue Batista (7), da Vila Santa Ines, recebeu do pai 11 imagens originais de Pelé treinando nas férias no BAC (8), onde jogou na infância. O campo deu lugar a um Supermercado (Tauste), no Altos. “Guardei as fotos. Meu tio era policial e muito fã do Pelé. Ele veio treinar e ele guardou. Espero que alguém do Santos (time) ou do Museu Pelé tenham interesse em ficar com esse arquivo”, conta. Ela cedeu algumas imagens para o Especial sobre a morte do Rei:
O hoje secretário de Saúde de Bauru, Márcio Cidade (9), vê em seu aparelho celular imagem reproduzida de publicação no jornal Tribuna de Santos, da década de 60, do time Ébano Atlético Clube (10), um escrete de negros que jogavam na areia da praia do Gonzaga. “Assisti muitos jogos do timaço do Santos. No 11 a zero sobre o Botafogo (SP), eu estava menino. Pelé jogava no gol no Ébano. Não deixavam ele jogar na linha, senão não tinha graça”, cita:
MUSEU PELÉ – Pelé e Pepe contam com Museu em Santos. A cidade litorânea que viu o craque despontar para o mundo do futebol, desde os anos 50, tem mais de uma estátua do Rei pelas ruas.
O Museu, no bairro Valongo, perto do cais, tem muitas imagens, flâmulas, uniformes, bolas, medalhas, e outras honrarias do Rei. Fotos de seu tempo em Bauru também estão lá, preservadas, do primeiro contrato assinado (11) sob os cuidados do técnico Waldemar de Brito, a relíquias como o cofrinho (12) de madeira que Pelé usou na infância, assim como a caixa de sapato (13), que lhe rendeu alguns trocados nas imediações da Estação Ferroviária, na praça Machado de Mello e, claro, chuteiras (14):
