O Grupo de Combate ao Crime Organizado, o GAECO do Ministério Público Estadual, ingressou com ação na 4. Vara Criminal de Bauru com denúncia de ocorrência de lavagem de dinheiro e crime organizado no caso dos desvios da Cohab, de R$ 54,8 milhões durante os anos de 2007 a 2019, conforme outras ações que integram a Operação João de Barro.
O ex presidente Gasparini Junior e a esposa Isabel estão elencados como comandantes do esquema que, segundo a denúncia, tem como beneficiários ou participantes colaterais a filha do casal, Mariana, e a sogra, Maria Luiza.
A denúncia ainda inclui o contador Paulo Gobbi como responsável por supostas ações de maquiagem na evolução patrimonial dos envolvidos. A evolução patrimonial traz apuração de informações vinculadas ao Imposto de Renda (IR) e questionamentos sobre o patrimônio levantado em relação a cada um dos acusados.
A ação não se confunde com as ações anteriores (de crime por desvios direto no caixa da Cohab e também improbidade administrativa). A denúncia quer a condenação dos 5 mencionados por 7 crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O MP distribuiu nota confirmando a apresentação da denúncia (leia abaixo). Todos os acusados estão com bens bloqueados pela Justiça desde os processos já em andamento.
Apuramos que, em depoimentos, Gasparini Jr e familiares alegaram que os bens apontados nos processos estão ligados à comercialização em escala de gado. Aguardamos retorno da defesa dos apontados para publicação.
DEFESA REBATE
Para o advogado que representa o ex presidente da Cohab, a denúncia contém erros e é perseguição. Veja nota na íntegra. O advogado Leonardo Magalhães Avelar posiciona que:
“A denúncia confunde conceitos técnicos primários sobre o delito de lavagem de dinheiro. Ao que tudo indica, especialmente pelo indevido envolvimento de familiares de Edison Gasparini na peça acusatória, a narrativa acusatória não passa de exaurimento da perseguição política que vem ocorrendo desde o início da investigação.
A espetacularização da operação se revela em uma denúncia repleta de falácias argumentativas. E, não por acaso, a denúncia tem 565 folhas. Fica a pergunta: quem tem razão precisa de 565 folhas para demonstrar seu ponto?
Por fim, importante destacar que a instrução criminal revelou graves ilegalidades na condução da investigação originária, que serão descortinadas no momento processual adequado.”, encerra a nota.
NOTA DO MP
Ministério Público oferece denúncia em face de EDISON BASTOS GASPARINI JUNIOR e familiares pelas práticas de crime de organização criminosa e lavagem de dinheiro proveniente de peculatos praticados contra a COHAB de Bauru.
O Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, ofereceu denúncia contra o ex-presidente da COHAB, EDISON GASPARINI, e seus familiares, com a imputação de crimes de organização criminosa utilizada para a promoção de dezenas de lavagens de dinheiro. No total, foram cinco pessoas denunciadas, dentre as quais o contador, ex-Diretor da Companhia, único que não pertence à família GASPARINI.
Os trabalhos decorrem da segunda fase da Operação João de Barro, deflagrada em dezembro de 2019, quando o GAECO apurou a prática de desvios milionários realizados pelo ex-presidente e outros servidores da COHAB/Bauru.
Agora, na nova denúncia, o Ministério Público apresenta ao Juízo da 4º Vara Criminal de Bauru o resultado de profunda investigação conduzida ao longo de meses, que buscou a apuração da realidade patrimonial de EDISON e sua família.
Após a promoção de diversas provas, especialmente a quebra de sigilo bancário e fiscal, constatou-se que o grupo criminoso promoveu o branqueamento do dinheiro subtraído dos cofres públicos por meio de diversos métodos de lavagem, como a utilização de produtoras rurais, a compra e venda de propriedades urbanas e rurais, a ocultação de bens e valores (de gado, café e dinheiro em espécie), bem como movimentação espúria de contas bancárias, essa última metodologia conhecida como estruturação (Smurfing) e mescla patrimonial (Commingling).
O Ministério Público logrou identificar número expressivo de transações imobiliárias, rurais, comerciais e bancárias realizadas com o precípuo fim de lavar o dinheiro proveniente, direta e indiretamente, dos desvios de dinheiro da COHAB.
Antes da nova denúncia, o Ministério Público já havia logrado o sequestro cautelar de casas, apartamentos, chácaras, fazendas, gado, café e automóveis dos denunciados, bem como o bloqueio de contas bancárias e apreensão de quantias milionárias.
Finalizada a segunda denúncia da Operação João de Barro, os trabalhos de investigação do GAECO prosseguem, ainda voltados à apuração de outros possíveis crimes de lavagem de capitais, com o envolvimento de novas pessoas.