O hacker Patrick da Silva Brito entregou à Polícia Federal, em Brasília cópia de todos os arquivos das espionagens que fez (que sempre teve em seu poder). E isso inclui os arquivos dos serviços sujos que realizou para “gente grande” e espionagem de “gente grande” da política nacional. As provas do caso Bauru estão no material. Apuramos que os conteúdos agora integram apuração também na Capital Federal, após depoimento de Patrick que durou em torno de 7 horas, na semana passada.
Se a estratégia do hacker era, por meio de entrevistas em rede nacional para rádio, jornal digital e web, em julho passado, chamar a atenção de autoridades e ser chamado para falar (o que reclama há tempos), deu certo. Contatado, Patrick não nega que foi acionado. Mas não fala sobre o assunto. Evidente. E fácil de explicar: não há caso de conteúdos complexos (e de alcance) que gerem apurações sem sigilo e exigências (de confidencialidade).
E por que Brasília, se já há inquérito da própria Polícia Federal em São Paulo? Como vítima ouvida ainda no início deste ano pelo inquérito na Capital Paulista, este jornalista (Nélson Itaberá) lembra: a PF foi chamada a apurar em específico se os crimes cibernéticos praticados pelo hacker e os personagens que denuncia (como o cunhado da prefeita de Bauru, Walmir Vitorelli Braga) foram realizados pelo araponga em outro País (Belgrado, capital da Sérvia) e contra vítimas brasileiras.
Esta é a competência federal originária do caso, encaminhado pelo GAECO de Bauru à PF de São Paulo.
Assim: isto está provado desde antes. O hacker fugiu para a Sérvia em meados de março de 2021. E documentos, emails, arquivos, depoimentos, e outras provas materiais, confirmam que os crimes que Patrick confessou (inclusive à Justiça Estadual, MP e Polícia Civil) foram praticados quando ele já estava na Sérvia (onde permanece, agora livre – obteve asilo por lá no mês passado).
Também há farta prova de que os serviços de espionagem foram realizados entre julho de 2021 e fevereiro de 2022. Tem gente acuada que não captou, por sinal, que a obtenção de liberdade plena na Sérvia “liberou” Patrick para manipular os arquivos. Ele ficou preso um ano – com seu telefone celular, notebook e pen drives apreendidos.
E dai?
A confissão de que espionou “figurões da política nacional” , e que pode haver serviço intermediado por figurão da política nacional, enfim chamou atenção em Brasília. Entrevistas na rádio Auri Verde Brasil, dos últimos dias, e ao canal Brasil 247 (também de âmbito nacional) fizeram eco na Capital dos poderes. E o hacker foi chamado a contar e explicar o que sabe e o que tem …
ARQUIVO BRASÍLIA
A entrega dos arquivos do hacker à Polícia Federal é essencial para a conclusão das investigações aqui em Bauru (também). Ele confessou ter espionado figurões da política nacional. Mas os inquéritos abertos pela Polícia Civil em Araçatuba se arrastaram e, até aqui, ainda se arrastam…
Apuramos que Patrick teve de entregar tudo o que tem. A esta altura é bom lembrar que, em mais de um depoimento (à Polícia, Comissão Temporária da Câmara e já na CEI em andamento), o espião da vida privada de pessoas perseguidas por políticos repetiu que queria a delação. Juridicamente, a entrega de provas e o detalhamento dos crimes que confessa é apontado pela defesa do hacker como talvez o único caminho disponível para reduzir sua pena.
Indagamos aqui que, com a família sendo acoçada em Araçatuba e isolado na Sérvia, não restaria outra alternativa ao jovem e criminoso confesso a não ser entregar tudo o que tem (e sabe) para que as autoridades possam, enfim, elucidar, o tenebroso e gravíssimo caso de uso da invasão da vida particular de pessoas como ferramenta de chantagem , política ao menos ….
O QUE FALTA?
Repetimos: o caso hacker está próximo do fim, ao menos em relação aos fatos de Bauru! O CONTRAPONTO enfatizou aqui, desde o início dessa história de horror, suja, que era preciso serenidade e tempo, apesar dos prejuízos que esse tipo de situação gera…
Com a entrega dos arquivos para a PF, conforme antecipamos que isso iria acontecer – há semanas aqui -, falta apenas a CEI obter as mensagens, conversas e arquivos relacionados a Patrick e as vítimas de Bauru na arapongagem local e a identificação da origem dos pagamentos (cerca de R$ 213 mil) apontados pelo hacker (em conta aberta em nome de sua avó – já com sigilo bancário aberto espontaneamente e de posse da Comissão).
É claro, do flanco nacional do caso será necessário aguardar diligências que a polícia federal costuma realizar, com sigilo e alcance, em investigações desse porte. Mas aqui, o caso se aproxima do final (com provas robustas e muito pouco a desvendar).
De 23 de outubro de 2023 até aqui (quando o vereador Eduardo Borgo revelou em sessão legislativa a espionagem do jornalista Nelson Itaberá (editor deste site) e da vereadora Estela Almagro), apuramos, mesmo enfrentando dissabores:
– que todos os fatos confessados pelo hacker em relação a espionagem ilegal do jornalista se confirmaram;
– que o sistema de Segurança Pública do Estado ainda foi utilizado por um policial para fazer pesquisa ilegal contra este jornalista (nos dias 13,14 e 15 de julho de 2021 – tem laudo pericial da própria Polícia confirmando);
– que o cunhado da prefeita, Walmir Vitorelli Braga, mentiu em depoimento e, depois, confessou junto à Corregedoria de Araçatuba que pagou o hacker pela espionagem deste jornalista;
– que, além desse serviço, o hacker recebeu mais cerca de R$ 213 mil (inicialmente ele apontou R$ 162 mil) para fazer dossiê de 11 políticos, sendo 9 deles vereadores e um o vice-prefeito de Bauru – escândalo sem precedente na história da política nacional atual (e que continua sem apuração);
Será que finalmente deram ouvidos? Excelente!!! Mantive calado, humilhado, esculachado por todo este tempo por que aqui em Aracatuba, o buraco é mais em baixo! Que a verdade prevaleça!!
Isso precisa de fato ser elucidado para ser varrido da vida pública esse tipo de bandidos.