‘LOCKDOWN’ parcial: veja o que Estado fecha para tentar conter pandemia e falta de leitos UTI Covid

O governador João Doria (PSDB) anuncia a adoção tardia de regras ainda mais restritivas para tentar conter o avanço dos casos graves de Covid-19 no Estado de São Paulo. Tardia na avaliação do Comitê Covid e com base nos argumentos apresentados pelo próprio governo para a contenção da pandemia em sua fase mais dura desde o início, em março de 2020. Detalhamos as mudanças para a fase vermelha em Bauru.

Veja abaixo vídeo com o governador anunciando o lockdown.

As principais atividades que deixam de funcionar, por 15 dias, são aulas presenciais no Estado e proibição para missas, cultos e futebol (atividades físicas). Mas o governador Doria deixou de fora das restrições mais “pesadas” as escolas particulares e os supermercados.

Apesar disso, impôs TOQUE DE RECOLHER a partir das 20 horas. Ou seja, a partir das “oito da noite” você não pode ficar “batendo perna por ai”, nem em encontros. Mas comprar o feijão no mercado à noite pode.

O QUE MUDA?

Medidas decretadas hoje IMPEDEM por 15 dias (de 15 a 30 de março) a realização de cultos e missas, atividades esportivas, proíbe totalmente a abertura (presencial) de qualquer atividade de comércio (lojas, bares, restaurantes). 

Delivery permanece autorizado.

Toque de recolher das 20 às 5h

Proibição de uso de praias e parques

Transporte coletivo:  orientação para Prefeituras escalonarem horários de entradas e saídas nos turnos de trabalho para permitir distribuição de uso.  

Serviços delivery (entregas) estão autorizados. Não pode entregar nada no balcão.

Escolas estaduais: ficam suspensas as atividades por 15 dias. (antecipação do recesso previsto no calendário). As escolas ficam abertas somente para distribuir alimentação e chips (de conteúdo de ensino), desde que com agendamento. 

Está proibido o funcionamento presencial de lojas de construção, celebrações religiosas, atividades esportivas coletivas e serviços de retirada de compras (“take away”).

Além disso, o home office será obrigatório em órgãos públicos, escritórios e “quaisquer atividades desde que o setor não seja essencial”.

Campeonato paulista de futebol mantém rodada do final de semana, mas para por 15 dias em seguida (até 30 de março).

As 14 atividades com restrições são: escritórios, call center, jurídico e atividades administrativas; estabelecimentos comerciais; administração pública; restaurantes, bares e padarias; transporte coletivo e individual; educação básica; comércio para eletrônicos; tecnologia; comércio para materiais de construção; ensino superior e outros ramos de educação; supermercados e similares; hotelaria; esportes; e telecomunicações.

 

O Comitê Covid já havia solicitado ao governador, há mais de uma semana (e com reiteração) a adoção da restrição limite de circulação de pessoas como forma de buscar conter a escalada de casos graves do coronavírus.

Ontem, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, já havia afirmado que “não há condições de aumentar a oferta de leitos UTI na mesma velocidade em que aumentam os casos graves de Covid nesta fase”. Hoje (quinta), ele disse que 55 cidades paulistas estão com 100% de lotação em UTI Covid (o aumento foi de 19% em internações na semana passada). O número de óbitos cresceu mais 12,3% nesta semana, conforme o secretário.

Os principais epidemiologistas que integram o Comitê Covid já haviam sustentado, nos últimos dias, que a maior velocidade de transmissão (com a circulação de mutações do vírus no Interior) e o descompromisso de boa parte da população com as medidas de isolamento social e higiene trariam o quadro a esta situação dramática.

Ontem, a Procuradoria Geral do Estado encaminhou orientação ao governo estadual para decretar a proibição da realização de eventos ou encontros religiosos (missas e cultos). Na semana passada, Doria já havia sido orientado a proibir a realização de qualquer tipo de evento em local fechado, onde a aglomeração das pessoas, pouca ventilação e aproximação são fatores quase impossíveis de serem superados.

Em Bauru, o governo do Estado continua falhando. O governo do PSDB mantém, há meses, os mesmos 50 leitos UTI no Hospital Estadual, mesmo com os índices de internação superiores a 100% há um bom tempo.

O governo federal, de sua parte, finalizou o custeio de leitos UTI em dezembro, mesmo sabendo que a pandemia tinha uma “segunda onda” em curso, com maior gravidade.

Na administração municipal, a prefeita Suéllen Rosim foi contra a adoção de regras mais duras, enfrentou o decreto estadual, perdeu no Judiciário, e, mesmo obrigada a cumprir regras de não aglomeração, participou, de evento religioso e de ato público contra as medidas de contenção. O governo local também não faz testagem em massa e não monitora os contactantes, medidas consideradas essenciais para monitorar a doença e planejar ações, conforme especialistas.

COLAPSO ECONÔMICO

A ponderação para o quadro dramático é o colapso da atividade comercial e de serviços na cidade. Empresários com longa carreira no segmento fecharam suas portas. Muitos não voltarão a abrir.

Bauru tem 2/3 de suas atividades em comércio e serviços. A queda na renda, as consequências para o desemprego, e os reflexos na arrecadação de impostos serão inevitáveis. O alcance dos efeitos será sentido ao longo do tempo.

Sem plano nacional de vacinas em condições de “proteger” o maior número de brasileiros em menor espaço de tempo, a população que conviveu com o medo do vírus (desde 20 de março de 2020 em Bauru, com o primeiro decreto) agora se vê diante da insegurança em relação aos efeitos (mais severos) da Covid nesta fase.

A ‘esperança’ de especialistas é que a contenção “quebre” a cadeia de transmissão exponencial do vírus e, com isso, alivie o sistema de saúde em 15 dias. Esta medida deu resultado em Araraquara. O lockdown de poucos dias reduziu, duas semanas depois, o número de casos em 40%, segundo o governo local. Lins adotou a mesma regra (fechando inclusive supermercados e proibindo cultos e missas), nesta quinta-feira. Bariri também fechou.

 

Veja abaixo vídeo com o governador anunciando o lockdown.

 

 

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