Por Gustavo Cândido
É fácil acreditar que tudo o que envolve marketing está relacionado a novas ferramentas e tecnologias, principalmente hoje quando o hype da inteligência artificial está presente em todas as pautas, até no Prêmio Nobel de Física, que esse ano escolheu dois cientistas que estudam redes neurais.
Às vezes é difícil se distanciar e olhar o cenário mais amplo quando diariamente surgem produtos que prometem resultados miraculosos e de todos os cantos brotam profetas da tecnologia. Então, hoje minha proposta é que quem trabalha com marketing, tem algum interesse sobre o tema ou se preocupa sobre a importância da área na empresa volte o olhar para as pessoas, não para as ferramentas.
Na outra ponta de todos os processos – sejam de venda ou de comunicação – existe uma pessoa, não uma máquina, não um CNPJ, não uma marca, não um robô. Por que é tão difícil lembrar disso antes de qualquer planejamento, qualquer campanha?
O cliente é quem determina o sucesso de um produto
Há uns bons 20 anos se fala sobre customer centricity, que é prática de colocar o cliente no centro do negócio, considerar suas necessidades e desejos antes de qualquer coisa. Ou seja, faz tempo que isso não é uma tendência e sim uma obrigação e as empresas que entenderam isso logo são aquelas que conquistaram o coração, a fidelidade (e o dinheiro) dos seus clientes.
<span;>No final das contas o que vai determinar o sucesso de um produto é a aceitação do público.
Quando o IPad surgiu muitos acreditavam que os tablets acabariam com os PCs e os notebooks. Isso não aconteceu, principalmente porque os smartphones também evoluíram e acabaram se tornando o principal meio de navegação na internet. Hoje a venda de tablets oscila, os produtos seguem sendo produzidos, mas sem expectativa de que virem uma febre.
Leitores como o Kindle são populares, mas não o suficiente para superar o desejo das pessoas que comprarem livros de papel. É uma tendência mundial e especialistas hoje já não dizem que os e-readers (dispositivos de leitura) vão substituir os livros, mas sim complementar a experiência de leitura. Em 2013 a Google lançou o Google Glass, óculos que prometiam uma experiência imersiva e que simplesmente não decolaram – ninguém comprou a ideia e a empresa desistiu do processo. A Meta (agora com IA como argumento) segue investindo na ideia de criar óculos inteligentes, mas não parece haver uma grande expectativa do público em relação a eles.
Na década de 80, a Coca-Cola investiu milhões em pesquisa para lançar um produto mais doce (em tese, parecido com a Pepsi) e surgiu a New Coke. O público rejeitou o nome, o produto e, depois de alguns anos e milhões de dólares de prejuízo, a empresa voltou atrás e aprendeu que não devia brincar com a sua marca e com a fórmula do refrigerante.
Os exemplos são inúmeros. Em resumo, como diz Seth Godin – um dos verdadeiros conhecedores do que é marketing: “é mais fácil criar produtos e serviços para os clientes que deseja atender, do que encontrar clientes para seus produtos e serviços”.
Essa é a reflexão de hoje:
Observe como seu cliente em potencial se comporta e adapte sua solução para atendê-lo. Só depois de entender como ele age, o que quer e como compra é que você deve pensar em ferramentas para atingi-lo, não o contrário.
Muito bom.