N. 73. FALAMOS COM os NOVOS SECRETÁRIOS E MUITO, MUITO BASTIDOR DO 1 DE JANEIRO 2021 NA POLÍTICA EM BAURU
SECRETARIADO E SUÉLLEN
Agora começou o governo. Vamos a avaliações e bastidores da posse da primeira mulher e negra a assumir a Prefeitura de Bauru. Tem tantos bastidores que hoje a coluna tem de ser nota curta. Pra ficar o menos possível de fora…
SAÚDE E JURÍDICO
O médico Orlando Costa Dias disse que não será tampão na Secretaria de Saúde, apesar da dificuldade com seu consultório particular. “Costumo dizer que demoro pra subir no cavalo. Mas quando me assento é difícil largar antes do sim”, disse.
Já o advogado Gustavo Bugalho disse que já deixou as causas em que atuava em Ribeirão Preto e se mudou para Bauru, com a família. “O desafio que a Suéllen propôs me anima muito. Já mudei para Bauru e assumi a missão”, contou o novo secretário Jurídico.
BURACO NA EMDURB
O novo presidente da Emdurb, Luiz Carlos Valle, pediu ajuda do advogado Paulo Lauris (ex-consultor da Câmara) para avaliar contratos da empresa e, também, enviou para Jair Vella (contador), dados sobre contas e custos para desentranhar.
Valle disse que o buraco na Emdurb de 2020 chega a R$ 10 milhões, com mais de R$ 1,5 milhão não pagos a fornecedores e mais de R$ 6,5 milhões de dívida só de 2020 com INSS. “Mas também não pagaram parcelamentos de dívida já realizados. Está bem difícil lá”, comentou.
LEI DE ZONEAMENTO
O secretário da Seplan, Nilson Ghirardello, acredita na necessária atualização da Lei de Zoneamento mais rápido do que a revisão do Plano Diretor. A princípio, ele avalia que os retalhos do zoneamento são mais urgentes para ajustar e a defasagem da norma afeta, a curto prazo, mais a economia local do que o PD.
“Acho que a lei de Zoneamento tem mais urgência agora para aprovar e isso pode avançar antes do PD. O Plano Diretor exige mais tempo para ver onde estão as dificuldades. É natural que os diferentes segmentos tenham interesses. Precisa dialogar, com calma”, comentou.
INTERSETORIAL
Dorival Coral, agora titular da Semma, comentava com Ghirardello, na presença do deputado federal Rodrigo Agostinho, que as secretarias têm de ter disposição real de conversar sempre que preciso ao longo do governo. “Não tem como andar vários projetos onde o assunto passa por várias secretarias”, pontuou.
DEPUTADO FEDERAL
Prefeito por dois mandatos e deputado federal, Rodrigo Agostinho conversou com vários secretários. Para cada um, fez questão de sugerir ações, especialistas, programas que considera bons (de outras cidades ou instituições inclusive)…
Quer exemplos? Agostinho falou para Maria do Carmo Kobayashi da Educação de pontos que avançaram na qualidade do ensino em Sobral (CE), apontou conteúdos especializados que aprova da Fundação Lemann, fez, em outra conversa, comentários sobre necessidade de ajuste no projeto da nova Arena (pública) com dinheiro federal….
AJUSTE NA ARENA
O secretário de Esportes, Flávio Oliveira, ouviu que o projeto integral da nova Arena (Parque do Castelo) terá de ter ajustes. O projeto como foi concebido custaria R$ 45 milhões. E o governo federal liberou uns R$ 15 milhões pra obra, nesta etapa.
Para Rodrigo Agostinho, o projeto não é modular, o que vai exigir construir o equipamento esportivo, em si, deixando questões acessórias para outra etapa. A área desenhada com estacionamento amplo, arquibancadas com cadeiras numeradas, os enormes painéis da “fachada” da Arena, entre outros, terão dar lugar a alternativas…
Tem um bastidor interessante: a verba federal da Arena foi conquistada por intermédio do Grupo Zopone.
LIRA E BALEIA
Por falar em Rodrigo, ele conta que o bastidor em Brasília aponta para a disputa pela presidência da Câmara entre Arthur Lira e Baleia Rossi. Não há chance para candidatura de Capitão Augusto, indica. O governo Bolsonaro está apostando “alto” na eleição de Lira (Centrão), mesmo com a ficha do cacique recheada de processos judiciais…
É tarefa muito difícil defender Lira… e nem perca tempo em “cutucar” que isso significa defender Baleia… é que nesse mar de águas turvas não dá para justificar escolhas na rota de navegação mais revolta…
COVID E SUÉLLEN
Depois de dizer que vai, agora, prorrogar por alguns dias o decreto atual para a pandemia em Bauru (mantendo a fase amarela por ora)… Suéllen, já após a posse, reconheceu ao CONTRAPONTO que o cenário é sombrio para este início de gestão, com a Covid.
1/3 da população brasileira deixa de ter o Auxílio Emergencial, a pandemia já está com elevada transmissão em grandes centros e o ciclo de expansão vem para o Interior com maior força a partir de agora. Ela disse que “isso exige monitorar os dados da Covid todo dia. Muda muito de um dia para o outro”. Ela não quis se antecipar, mas sabe que será difícil fugir de restrições mais severas para evitar o colapso…
LEMBRANÇA DO CORONEL
Discreto, o novo presidente da Cohab, Alexandre Canova, lembrou, no cumprimento a reportagem, de matéria dos anos 90 onde o material (assinado por Nélson Itaberá) apontou a primeira tentativa de pedalada fiscal em Bauru.
Foi na gestão Tidei de Lima. O ex-prefeito tentou aprovar uma “permuta” de terrenos pouco valorizados da Prefeitura para “pagar” o desconto (sem lei autorizativa) que tinha concedido a mutuários do Mary Dota, Índica Vanuíre e Bauru XVI, de 21% nas prestações… Canova reconheceu que a pedalada seria significativa e não aceitou receber o “terreno” com cara de presente de grego…
SALDO DA PANDEMIA
Éverson Demarchi (que vai da Finanças para a Secretaria de Administração), conversou com seu substituto Everton Basílio que, mesmo com a pandemia, a arrecadação reagiu no final do ano e, assim, não foi preciso repor R$ 12 milhões projetados para compor o mínimo de 25% de gastos com Educação (Fundeb).
Também deu para pagar tanto o parcelamento quanto a mensalidade (cota patronal) previdenciária para a Funprev. A projeção era que só esta conta levasse a transferir quase R$ 20 milhões para Suéllen começar a pagar, já em fevereiro. E não vai precisar.. Ufa!
Restaram R$ 5,5 milhões das parcelas do PAC Asfalto e da dívida federalizada para o sucessor. Mas estes valores vão lá para o fim da fila dos contratos. Ou seja, para alguns anos à frente.
A perda com a pandemia, com a ajuda federal, em Bauru vai ficar em cerca de R$ 100 milhões, conforme já avaliado pelo CONTRAPONTO.
ARREGALOU OS OLHOS
A prefeita Suéllen arregalou os olhos diante da possibilidade de gestão para ganhar fôlego para custear alguns projetos… aguardemos….
De outro lado disse, em sua primeira entrevista no cargo, que “não dá para gerar emprego em dois, três meses. Esta é uma ação que demora para trazer resultados”… comentou, preocupada com o caminho e o tamanho da crise, ainda em razão da pandemia, em 2021.
DIFERENÇAS
Na cerimônia de passagem de cargo de Gazzetta para Suéllen, um político tarimbado pontuou que a jovem prefeita não tem maioria na Câmara, mas tem habilidade para falar (além do jornalismo).
Pitaco nosso: se Suéllen souber conduzir o maremoto da crise e o terreno movediço nas conversas por apoio político com vereadores, tende a ter (ao menos) menor cobrança do que Gazzetta (especificamente para a largada, nos meses iniciais de mandato).
Razão: Gazzetta superlativou tudo, desde a campanha e durante seu governo e, com isso, gerou expectativas muito acima da capacidade do governo (da máquina, da estrutura) entregar. Desde o início, da “marretada” no PS logo após a posse à lista com ações para os 100 dias.
E insistiu no superlativo em seu mandato. Suéllen foi eleita sem se comprometer com nenhum projeto. (Não estamos dizendo que isso é bom, ou ruim)… mas anotando que ela disse que vai fazer funcionar o básico, arrumar a casa”…
Não pense que “arrumar a casa” (no sentido menos estrito) é pouco, ou simbólico… Mas a ausência da “lista” torna, em tese, o percurso da jornalista mais fácil do que a do biólogo no início da gestão… ao menos…
A OUTRA MARGEM DO RIO
A eleição da Mesa Diretora da Câmara conteve conteúdos simbólicos (e de “linhagem” política) que parte do público pode não captar. Mas eles existem… Vai alguns, como contribuição à reflexão:
. os candidatos com orientação religiosa evangélica não iriam votar em Markinho Souza para presidente, por contraponto de posicionamento em relação a causa deste frente a eles.
. era mais fácil (e próximo) os vereadores evangélicos votarem em Losilla. Mas o grupo de vereadores com atuação social e política mais periférica, onde está Cabelo (eleito presidente), Carlinhos do PS, Estela, entre outros, buscou contato com nomes como Pastor Bira e Edson Miguel bem antes… Só ontem ligaram para Bira, por exemplo… ai era tarde.
. Estela Almagro escreveu em sua rede social (com suas palavras) que, mesmo mais heterogêneo nas linhas e condutas políticas, o grupo vencedor reuniu mais gente frente a pontos de convergência: fortalecer serviços públicos e a estrutura da instituição. Ao fim da sessão ela comentou que: “a escolha foi a que garantiu não ter cisão no grupo mais periférico”.
. um defeito comum na avaliação de eleições é que muitos comentários (isso vale para jornalistas – como nós – e outros formadores de opinião) são feitos a partir da vontade (ou linha) de quem escreve, ou fala, e não (necessariamente) com base no desenho concreto do tabuleiro e as peças.
Pelo jeito,vão ser anos bem agitados.