Nova secretária do Meio Ambiente libera corte e poda drástica de 1.000 árvores para CPFL e quer Horto Florestal em definitivo

Cilene Boderzan em audiência pública de contas na Câmara Municipal nesta sexta

Liberou geral! A nova secretária do Meio Ambiente e Causa Animal (ex-Semma) do Município de Bauru, Cilene Boderzan, anunciou hoje, em audiência pública, que liberou 1.000 árvores para a concessionária CPFL cortar e fazer poda drástica. Há dois meses na pasta, a indicada de Gilberto Kassab para o cargo também informou que está cobrando do governo do Estado a entrega definitiva do Horto Florestal para a Prefeitura. O equipamento foi assumido pela Prefeitura de forma precária no governo Gazzetta.

Os dois temas significam riscos, consequências e obrigações para os quais o Município não tem estrutura mínima e não tem condições de atuar. A Secretaria assumiu também a Causa Animal – onde a falta de controle populacional é dramática e um Abrigo para cães está construído e fechado – fizeram a obra sem instalações elétricas.

Na verdade, no caso das liberações para a CPFL, Bauru sofre – sob o olhar passivo de autoridades (inclusive o Ministério Público Estadual do setor) – a liberação ampla de perda de cobertura de arborização. E em mais de uma frente.

Há anos, a Prefeitura ainda resistiu aos avanços da CPFL sobre a já restrita cobertura de árvores no ambiente urbano da cidade. Em audiências públicas no primeiro mandato do atual governo, técnicos da Semma alertaram que a concessionária faz podas drásticas em escala (para liberar galhos da fiação). E no caso de retirada da árvore, a CPFL só entrega as mudas. Não se responsabiliza pelo plantio e conservação do ponto, garantido sua efetiva substituição no tempo.

Bauru era uma das cidades (em minoria) da lista em que, por essas razões, o convênio com a CPFL não avançou. A cidade, como se sabe, sequer tem Plano Municipal de Arborização, não tem programa permanente e nem condições de manter de forma sadia o pouco que existe nas ruas. Mas, neste início do segundo mandato de Suéllen Rosim, o governo cede a pressões e, até, de pedidos de alguns empresários e moradores com maior acesso ao Gabinete.

OS XIITAS

Na audiência pública desta manhã, na Câmara, a nova secretária anunciou com entusiasmo a liberação de 1.000 árvores para a CPFL atuar. Mas foi advertida, pelo menos por dois vereadores, de que a medida pode ser desastrosa. “Nós autorizamos já 1.000 árvores para a CPFL. Este era um assunto que estava represado. Fizemos um mutirão nesses processos. Estamos na segunda semana nisso. Precisamos agora pensar na contratação de plantio das mudas”, diz.

José Roberto Segalla advertiu a secretária de que Bauru tem problemas no setor (a falta de plano de arborização e de cuidados com o que existe) há 70 anos (equivalente a idade do próprio parlamentar). “O que eu chamo atenção da senhora que chegou à cidade há apenas dois meses é que isso não pode ser zero ou 80. Tenho aqui locais onde recebi fotos e no caminho de meu percurso diário onde árvores com aparência sadia foram cortadas. Se no passado, em outros governos, a gente reclamava que não conseguia conversar com xiitas ambientais no governo, nos preocupa que esses cortes desenfreados acabem com o pouco que se tem”, advertiu.

O vereador envolvido com plantio de mudas na bacia do Rio Batalha, em ação voluntária, Márcio Teixeira reforçou que a CPFL reclamava que o convênio não avançava em Bauru exatamente porque sua conduta, regra geral, é fazer poda drástica “destruindo praticamente o pouco que se tem de árvore”.

Cilene Boderzan reconhece o óbvio: que Bauru não tem fiscais para o acompanhamento mínimo nas ruas. Com isso, o agravante das supressões não se resume à CPFL. Os prestadores de serviços autônomos atuam livremente nas ruas. Há anos.

Ironicamente, ao final de sua participação na audiência pública, a secretária disse que pediu à prefeita a contratação de 1 engenheiro agrônomo. Mas foi questionada por que uma engenharia florestal foi transferida da pasta. “A Marcela (Bessa) foi para a Agricultura”, disse, sem explicar. Segalla insistiu que recebeu informação de que a transferência se deu exatamente por atuação mais rigorosa e cobrança de protocolos  (não cumpridos) contra poda drástica em Bauru. Isso também “corre solto” há anos.

HORTO FLORESTAL 

Ao responder para o vereador Márcio Teixeira que está atuando para transferir o Viveiro Municipal para o Horto Florestal do Estado, a secretária anunciou que está cobrando a transferência definitiva do antigo instituto para o Município.

Sem estrutura de cargos e sem orçamento para atuar nas antigas demandas, o Município recebeu de forma provisória a grande área do Horto ainda no governo Gazzetta. O plano, elaborado a partir do zootecnista Luiz Pires, era instalar no local programas como um Hospital Veterinário, programa regional de recebimento e cuidados com animais acidentados, entre outras frentes.

Mas, pela mesma razão pela qual demandas ambientais antigas não são realizadas na cidade, o Horto foi assumido de forma precária e assim permanece. Não há verba, nem projeto, para esta frente. O Termo assinado com o Estado responsabiliza o Município por qualquer acidente ambiental na extensa área do Horto. O local foi transferido com instalações precárias.

De sua parte, o governo do Estado segue a política de “se livrar” de parques e reservas ambientais. O governo Tarcísio Freitas também está vendendo fazendas de pesquisa no setor, como as que garantem ações da Agência Paulista de Tecnologia Agrícola (Apta).

O CONTRAPONTO levantou, no ano passado, a extensa lista de “pecados ambientais” pendentes em Bauru. É o maior flanco do governo Suéllen, juntamente com a inércia em política para a moradia popular.

A nova secretária também não foi indagada sobre a criação da taxa de lixo – lançada pela reportagem na semana anterior e assumida por Boderzan. O governo tem como estratégia defender que a cobrança “é cobrança do Tribunal de Contas e Ministério Público”, órgãos que na verdade fiscalizam a gestão por não cumprimento das várias políticas públicas.

LEIA MAIS aqui: https://contraponto.digital/os-10-pecados-ambientais-de-bauru-quais-a-gente-confessa-quais-sao-erros-do-poder-publico/

 

 

 

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