O presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou força superior à que as pesquisas indicavam e vai disputar o segundo turno da eleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De cada dez eleitores, nove votaram em um dos dois candidatos, o que reafirmou a polarização política no País. E a bancada paulista em Brasília? (leia abaixo avaliação regional e destaques nacionais).
A eleição no segundo turno também tende a acirrar ataques abaixo da linha de cintura. A polarização vai acirrar discursos de conteúdo moralista, abordando costumes, moral e pobreza. Infelizmente, l debate pode exigir pouco de Lula e Bolsonaro sobre temas essenciais: reforma política, contas públicas, ajuste tributário, educação falida, saúde em frangalhos e combate à miséria.
Mas e o peso dos votos dados a Tebet e Ciro? Podem ser decisivos!
Com pouco mais de 7% do total de votos, o eleitorado de centro – mesmo diminuído e representado principalmente por Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) – será fiel da balança no dia 30. Lula disse que o segundo turno, para ele, “é apenas uma prorrogação” e vai apresentar propostas. Bolsonaro sinalizou que vai concentrar sua campanha nos resultados econômicos. Já Tebet cobrou do MDB um posicionamento para o segundo turno. Ela afirmou que, pessoalmente, já tomou sua decisão, apesar de não ter anunciado.
ESTADOS
Em 14 Estados e no Distrito Federal, a disputa para governador foi definida no primeiro turno. Conforme os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Acre, Amapá, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins não devem ter segunda votação para o governo estadual.
Doze governadores já estão reeleitos. Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), no Paraná, foi o primeiro governador eleito matematicamente na apuração, seguido de Mauro Mendes (União Brasil), em Mato Grosso; Gladson Camelli (Progressistas), no Acre; Antonio Denarium (Progressistas) em Roraima; e Wanderli Barbosa (Republicanos), em Tocantins. Só depois das 22 horas Carlos Brandão (PSB) consolidou a vitória no Maranhão. Ibaneis Rocha (MDB) venceu no primeiro turno no Distrito Federal, ficando pouco mais de 5 mil votos acima da margem que levaria o pleito ao segundo turno.
Como era esperado, Helder Barbalho (MDB) foi reeleito com o maior porcentual de votos válidos do País (70,3%), no maior colégio eleitoral da Região Norte. Em Minas Gerais e Rio, o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais, houve a reeleição dos dois chefes do Executivo, Romeu Zema (Novo) e Cláudio Castro (PL), respectivamente.
Da mesma forma, no Amapá o ex-prefeito de Macapá Clécio Luís (Solidariedade) encaminhou a vitória em votação única. O mesmo vale para Goiás, onde Ronaldo Caiado (União Brasil) terá mais quatro anos, e no Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra (PT). Também petistas, Elmano de Freitas levou no Ceará e Rafael Fonteles no Piauí.
AS VIRADAS
Entre as surpresas, considerando as projeções dos institutos de pesquisa até sábado, estão as viradas no maior e no quarto colégio eleitoral do País. Em São Paulo (com 22,1% dos eleitores do País), Tarcísio de Freitas (Republicanos) superou Fernando Haddad (PT). Situação inversa com os petistas ocorreu na Bahia: ACM Neto (União Brasil) liderou com folga grande parte da campanha, com chances de eleição em primeiro turno, mas viu Jerônimo Rodrigues (PT) ultrapassá-lo na reta final e levar a disputa para o dia 30.
Outra surpresa é o segundo turno no Espírito Santo. A expectativa era de que Renato Casagrande (PSB) se reelegesse com facilidade. Mas ele alcançou 46,9% dos votos válidos e disputará no dia 30 novamente com Manato (PL), que teve 38,4%. Já no Rio Grande do Sul, os eleitores voltarão a escolher entre Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) – o tucano também aparecia à frente em pesquisas.
Ainda no dia 30 serão definidos os governadores de Alagoas – entre Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil) –, Amazonas – entre Wilson Lima (União Brasil) e Eduardo Braga (MDB) – e Paraíba – entre João (PSB) e Pedro Cunha Lima (PSDB). A disputa mais acirrada foi em Mato Grosso do Sul, com Capitão Contar (PRTB), com 26,7% dos votos válidos, indo à frente no segundo turno contra Eduardo Riedel (PSDB), que teve 25,1%. Já em Pernambuco, a disputa agora ficou entre Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB).
Em Rondônia, o Coronel Marcos Rocha (União Brasil) enfrentará Marcos Rogerio (PL). Em Santa Catarina, a eleição ficou entre Jorginho Melo (PL) e Décio Lima (PT) e em Sergipe, entre Rogério Carvalho (PT) e Fábio (PSD).
BOLSONARISTAS OTIMISTAS
Mesmo com Jair Bolsonaro (PL) atrás de Lula (PT) em número de votos, o resultado da eleição presidencial no 1.º turno ficou dentro do melhor cenário de previsão da campanha do presidente. Há pelo menos duas semanas, aliados de Bolsonaro consideravam que, no mundo ideal, ele ficaria até cinco pontos atrás do petista, justamente o que ocorreu.
O placar agora, na visão deles, abre a chance para uma virada no 2.º turno. A avaliação é a de que a alta abstenção (ao redor de 20%) ajudou Bolsonaro na primeira etapa e havia a expectativa de que o presidente crescesse até 10 pontos na véspera do pleito, em razão de alianças nos Estados. Bolsonaristas também avaliam que o resultado mostrou o antipetismo mais forte do que o imaginado.
Bolsonaro elege 37% dos candidatos para quem pediu voto em live – Além de ter conseguido um desempenho eleitoral acima do que indicavam as pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ajudou a eleger 37% dos candidatos para quem pediu voto em suas lives semanais. Conquistaram vitórias neste primeiro turno 18 dos 48 candidatos defendidos pelo atual chefe do Executivo durante as transmissões —foram 13 senadores, quatro governadores e um deputado. Há, ainda, cinco nomes que avançaram para o segundo turno: Tarcísio de Freitas (Republicanos), em SP; Carlos Manato (PL), no ES; Onyx Lorenzoni (PL), no RS; e Jorginho Mello (PL), em SC.
PT quer diálogo com Tebet
O PT pretende intensificar o diálogo com o MDB em torno da composição para que o partido integre o governo, caso Lula (PT) vença as eleições. A ideia é que a legenda indique desde já que Simone Tebet (MDB-MS) poderá comandar uma pasta da nova administração. A ideia foi ventilada já durante a campanha eleitoral, mas abortada diante da reação negativa de Simone Tebet, que era candidata e, com bom desempenho nos debates, conquistou votos ao longo do processo.
Lavajatismo está vivo
O ex-juiz Sergio Moro (União) venceu a eleição para o Senado no Paraná neste domingo (2) e assumirá a vaga ocupada hoje pelo senador Alvaro Dias (Podemos), entusiasta da Operação Lava Jato e padrinho de sua entrada na política. Ele conseguiu 1,9 milhão de votos, equivalentes a 34% dos votos válidos. Alvaro Dias, que está no Senado há mais de vinte anos e buscava a reeleição, obteve 24% e ficou atrás de Paulo Martins (PL), que conseguiu 29%. O ex-procurador Deltan Dallagnol foi o candidato mais votado do Paraná e deve ser eleito para uma vaga na Câmara dos Deputados pelo estado. Estreante, Dallagnol garantiu a liderança com 344 mil votos, distante da segunda colocada, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT), por cerca de 85 mil votos de diferença.
Em sua primeira disputa eleitoral, a advogada Rosângela Moro (União Brasil), mulher do ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil), que se elegeu senador pelo Paraná, deve ser eleita deputada federal em São Paulo. Com 99% das urnas apuradas, ela aparecia com 216.155 eleitores, como a 19ª parlamentar mais votada do estado.
Ex-ministros vencem disputas para o Senado
– O PL do presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros de seu governo tiveram uma vitória expressiva nas eleições para o Senado neste domingo (2). O partido do presidente irá controlar a maior bancada da Casa, com 14 cadeiras, 5 a mais do que tinha no primeiro semestre deste ano —e ainda pode chegar a 15. Foram eleitos os ex-ministros bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN) e Jorge Seif (PL-SC). O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil), que rompeu com Bolsonaro ao deixar o governo e se reaproximou do bolsonarismo na campanha eleitoral, também conseguiu uma cadeira no Senado pelo Paraná. O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é outro próximo a Bolsonaro que conseguiu uma vaga no Senado.
Ele derrotou o petista Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Magno Malta (PL-ES), outro político bastante ligado ao presidente, venceu no Espírito Santo. O bloco mais à esquerda também cresceu, mas um pouco mais timidamente. O PT passou de 7 para 9 senadores nessas eleições. Entre os eleitos, estão os ex-governadores Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI). Em Pernambuco, foi eleita para o Senado a petista Teresa Leitão.
BANCADA PAULISTA É UMA SALADA MISTA
A bancada paulista na Câmara dos Deputados terá, a partir de fevereiro de 2023, líder de sem-teto, a mulher do ex-juiz Sergio Moro, Rosângela Moro, o humorista Tiririca (PL) –pela quarta vez– e o ministro que falou sobre a necessidade de “passar a boiada” na flexibilização ambiental. Quatro anos depois da onda bolsonarista que tomou o país em 2018, os candidatos que apoiam o governo Jair Bolsonaro (PL) voltaram a mostrar força em São Paulo.
Três dos quatro mais votados no estado são aliados do presidente. Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL) foi o campeão de votos, com 1.001.453 (4,22%), terminado a corrida eleitoral à frente de Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL) e Ricardo Salles (PL).
José Serra não se elege deputado federal e será suplente em SP – O senador José Serra (PSDB-SP), que se lançou à Câmara dos Deputados neste ano, não conseguiu se eleger de forma direta. Com 100% das urnas apuradas no estado, o político recebeu 88.926 votos. O número o coloca à frente de outros seis nomes de outros partidos que irão à Câmara —a exemplo de Tiririca (PL)—, mas não foi suficiente para o tucano entrar nas vagas a que sua coligação tem direito com o quociente eleitoral do estado. Ele será o terceiro suplente da federação PSDB/Cidadania.
Pazuello é eleito no RJ, Mandetta derrotado em MS
– Segundo mais votado do Rio de Janeiro, o general Eduardo Pazuello (PL) foi eleito deputado federal. No Mato Grosso do Sul, Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) obteve 206 mil votos (15,1%), perdendo a vaga no Senado para a ex-ministra Tereza Cristina (PP), eleita com cerca de 829 mil votos (60,86%). Com 202 mil votos, Pazuello perdeu apenas para Daniela do Waguinho (União Brasil), que alcançou aproximadamente 210 mil votos entre os fluminenses. Em terceiro lugar, Taliria Petrone (PSOL) foi eleita com 196 mil votos.
Joice Hasselmann derrete de 1 milhão para 13 mil votos após romper com Bolsonaro
Estrela do bolsonarismo em 2018, a jornalista Joice Hasselmann (PSDB) viu minguar seus votos de 1 milhão para apenas 13.679 na sua tentativa de reeleição à Câmara dos Deputados. Há quatro anos, a parlamentar contabilizou 1.078.666 votos, a segunda maior marca daquela disputa, atrás apenas do recorde de Eduardo Bolsonaro (então no PSL, hoje no PL), o deputado federal mais votado de toda a história. Joice chegou a ser nomeada líder do governo no Congresso em 2019, mas acabou sendo substituída meses depois após contrariar o governo ao apoiar a manutenção de Delegado Waldir (GO) como líder do PSL na Câmara. O presidente Jair Bolsonaro (PL) queria no posto um dos filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro. Naquele mesmo ano, rompeu com a família Bolsonaro após ser atacada pelos filhos do presidente nas redes. Em 2021, deixou o PSL, dizendo que o partido era cúmplice das traições de Bolsonaro e que nunca mais votaria em seu antigo aliado.
Fabrício Queiroz perde disputa pela Assembleia no Rio e tem 6.701 votos
– Fabrício Queiroz (PTB), ex-policial e amigo da família Bolsonaro, perdeu a disputa pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Com todas as urnas apuradas, o candidato somava 6.701 votos. O ex-policial está na 207º posição em comparação aos outros candidatos. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a situação de Queiroz é como suplente. O ex-policial utilizou imagens de Jair Bolsonaro (PL) em seu material de campanha e tentou usar a popularidade da família do presidente na corrida eleitoral. O candidato é um dos envolvidos no caso das rachadinhas, em que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi acusado de contratar funcionários fantasmas que lhe devolviam parte dos salários pagos pelo Estado.
Romero Jucá é derrotado por Dr. Hiran, novo senador por Roraima
O médico e deputado federal Hiran Gonçalves (Progressistas), 64, derrotou Romero Jucá (MDB) e foi eleito senador pelo estado de Roraima neste domingo (2). Dr. Hiran obteve 46,43% dos votos válidos, descontados brancos e nulos. Hiran irá substituir Telmário Mota (Pros). Romero Jucá (MDB) obtém, até o momento, 35,75%. Jucá, que foi representante do estado no Senado por três mandatos, tentava voltar ao posto após ser alvo da operação Lava Jato. Grampeado em março de 2015, no auge da operação, sofre neste domingo uma grande derrota política.
Fernando Collor perde corrida pelo governo de Alagoas
Nem a aliança com o presidente Jair Bolsonaro (PL) salvou a candidatura do ex-presidente Fernando Collor (PTB) ao governo de Alagoas. Com pouco menos de 90% dos votos apurados, ele terminou em terceiro, com 202.916 votos – 14,9% do total. Bolsonaro já se referiu a Collor, que ocupava uma vaga no Senado, como um “grande aliado no Parlamento”. O ex-presidente sofreu processo de impeachment em 1992, acusado de investigação e fraudes.
Eduardo Bolsonaro perde mais de 1 milhão de eleitores em SP
Eduardo Bolsonaro (PL) perdeu 1,1 milhão de votos em 2022 em comparação com 2018. O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi eleito para o terceiro mandato como deputado federal por São Paulo com 741 mil votos. Em 2018, ele foi o candidato mais votado na história do país, com 1,84 milhão de votos, cerca de 1,1 milhão a mais do que nas eleições deste ano. O filho 02 de Bolsonaro perdeu até mesmo o posto de mais votado no estado de São Paulo. Este ano, Guilherme Boulos (Psol), estreante na disputa, foi o eleito com mais votos no estado. Eduardo Bolsonaro figura na terceira posição, atrás da companheira de partido, Carla Zambelli (PL), com 946 mil votos. Eduardo Bolsonaro é o único dos filhos de Bolsonaro disputando cargos nas eleições de 2022. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) atualmente cumpre mandato de senador pelo Rio de Janeiro até 2026. No estado, Romário (PL) foi reeleito para ocupar a vaga que estava em disputa. Além deles, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é vereador no Rio de Janeiro.
Muito boa a matéria,analisa e comenta com oportunos esclarecimentos.👍👍