O bauruense demonstra pouco ou nenhum interesse por eleição, em sua maioria. O cidadão aqui prefere as redes sociais para buscar informações e também para saber de notícias sobre seu bairro. É o que traz a tabulação de dados de pesquisa realizada por integrantes da empresa Júnior do curso de Relações Públicas da Unesp Bauru. Os dados foram objeto do programa “Bauru em Debate”, levado ao ar ontem à noite pela TV Unesp.
Coletamos os principais dados (acima) da consulta com 324 bauruenses. Observação: inserimos apenas os maiores percentuais coletados. O objetivo de ensino do curso de Relações Públicas, também traz aprendizados para reflexão da sociedade. Os resultados refletem também em Bauru o majoritário desinteresse em todo o País do brasileiro por política e, agora, eleição.
Mas os dados também reforçam preocupação antiga com a forma como as pessoas “se informam”. Para a professora do Departamento de Comunicação da Unesp Bauru, Roseane Andrelo, se, de um lado, os dados na cidade confirmam a conhecida força das redes sociais na busca e interação por comunicação, também identificam que a maioria dos cidadãos não distingue “notícia” de “mensagem”, ou comunicação simples.
A reconhecida ausência de filtro, apuração, checagem, do que se recebe e o que se propaga nas redes sociais, incluindo aqui todos os formatos e meios, ratifica fenômeno mundial de disseminação de desinformação. Em eleição, os comportamentos de irresponsabilidade do público (passiva ou ativa) são “prato cheio” para oportunistas e políticos (e também pessoas comuns) propagarem mentira e enganar.
No programa Bauru em debate, os professores refletem sobre os dados da consulta. Maximiliano Vicente, professor do Departamento de Ciências Humanas da Unesp Bauru, por exemplo, pondera sobre a importância do horário eleitoral gratuito (mesmo com adesão reduzida). Ele vê no formato uma das poucas formas ainda disponíveis do eleitor ser chamado a pensar sobre o processo de escolha de quem vai decidir sobre sua vida. Ainda que as pessoas repitam “não gosto de política”.
REDES SOCIAIS
Veja acima que a consulta traz que bem mais da metade das pessoas busca informações tanto do cotidiano quanto de política pela rede social, além de outros meios digitais. A propagação via telefone celular, como wattsapp, buscando ou recebendo vídeos ou links de youtube e sites também é representativa no segmento. Os meios tradicionais de informação, jornais, rádio e TV, dividem percentuais menores na pulverização de usos e costumes na era da realidade tecnológica.
O mesmo vale, conforme a coleta em Bauru, para o interesse e a busca de notícias sobre o bairro onde cada um mora.
O baixo interesse por eleição, a reduzida participação ou busca de conteúdo sobre política e a desmotivação para votar são marcantes. Não por acaso, pesquisa Quaest nacional, que apontamos anteontem, repete que a maioria dos eleitores vai decidir sobre em quem votar no sábado (véspera) ou no dia da eleição. A cena de pessoas buscando print de número de candidatos (as) por telefone celular é corriqueira. Os “santinhos” estão sendo pouco utilizados. Curioso que boa parte do desinteressado ou despolitizado eleitor se preocupe, ao menos (corretamente) com comportamentos assertivos durante a eleição. A rejeição a quem joga santinhos nas ruas é um fator, de poucos anos. Outro elemento é a repulsa, de parte das pessoas, a comportamentos agressivos ou discriminatórios por candidatos, ou entre candidaturas.
A pouca adesão aos programas eleitorais e a forma “sem noção” como as pessoas recebem ou redistribuem conteúdos sobre política e eleição também têm, entre seus “ingredientes”, a divisão ‘neo ideológica’ (sem base argumentativa ou conhecimento básico sobre cidadania e conceitos políticos) provocada por pessoas “do eu contra ele” (“esquerda” x “direita”) que está presente no divisionismo analfabeto (estruturalmente falando). As redes são palco tanto para oportunistas quanto para ignorantes (ou sem informação ou embasamento, levados pela “onda”).
Mas isto é tom para outro “debate”, o do analfabetismo estrutural, intelectual, de base. Um sistema de “dominação” disseminado com requintes de “caso pensado” em Brasília e fatores adversos, não mais silenciosos (faz tempo), como a apropriação da fé (pela religião) como instrumento de cooptação de “consciências”…
NÚMEROS FALAM
Na amostragem do RP Júnior, 41,3% dos consultados disseram que não assistiram ao horário eleitoral, 31,8% raramente, 11,4% viram o que os (as) candidatos (as) disseram até três vezes por semana, 8,3% assistiram mais de 3 vezes/semana e 7,1% todo dia.
De outro lado, a pesquisa traz que 36,8% acompanham política todo dia e 39% ao menos uma vez por semana. Além disso, 68,2% informaram que se recordam em quem votou na eleição municipal de 2020 e apenas 7,1% não lembra. 24,7% informaram que “não votaram”.
Aliás, a abstenção nas urnas continua em patamar elevado. E, na média, temos que em Bauru, como em outras cidades, mais de 25% sequer votam. Terceirizam o poder e a obrigação de definir quem vai decidir sobre suas vidas (seja na aprovação ou não de leis, seja na hora de decidir onde a arrecadação fabulosa da Prefeitura local, nos últimos anos, será utilizada!).
PROGNÓSTICO ELEIÇÃO
Por estes e outros fatores, a eleição em Bauru, neste domingo, tende a manter índices da média de parlamentares reeleitos e retorno de quem alguns nomes que já ocuparam cadeira na vereança.
O histórico indica, ainda, que tem força junto ao eleitorado a insistência de candidaturas por várias eleições seguidas (com vários nomes bem votados no último pleito em condições de obter uma cadeira).
O formato da regra da eleição 2024 indica que será difícil partidos obterem mais de duas cadeiras. Mas ao menos três legendas formaram potencial de obtenção média de votos mais consistente. Este elemento, junto com o puxador de votos da candidatura majoritária (e/ou voto de legenda) ajuda na busca por uma terceira vaga.
Contudo, o elemento “disputa livre” das sobras finais (onde todos os que conseguiram ao menos 10% do quociente eleitoral participam) tende a tornar a “briga” pelas últimas vagas bastante acirrada. Quem tiver mais de 2.000 votos entra forte nessas vagas, agora com quatro cadeiras a mais (21).
Outro pitaco: não há, até este sábado, indicativo de eventual repetição de “campeão de votos” – ou seja, alguém que “estoure” com mais de 6 milhares de votos nas urnas. Mas… como mais da metade sequer sabe em quem vai votar mesmo na véspera, mesmo este pitaco é percepção de hoje: a “onda” do domingo está em aberto.
Até seis nomes diferentes estarão entre bem votados.
Até a apuração! Exerça seu direito e missão do voto! Não terceirize a democracia e o futuro de sua cidade!
NESTE LINK o programa Bauru em debate da TV Unesp na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=2yHapdcWurs