Se você gosta de dados para avaliar como está a pandemia neste momento, esta matéria lhe será útil. Se você anda curioso para comparar dados de cidades que usam o “tratamento precoce” com algumas que não utilizam, esta reportagem vai lhe fornecer as informações!
Bom! Avalie os dados e tire suas próprias conclusões. Não vamos entrar no “tiroteio” político e estranho das redes, nem repetir o que médicos contrários e favoráveis ao uso de medicamentos para a conter a doença “na origem” dos sintomas dizem.
Pesquisamos pra você. Ai você tira suas conclusões!
Pra isso, separamos as quatro cidades mais comentadas em redes sociais e na grande imprensa entre as que utilizam o “tratamento precoce” para conter a Covid. E incluímos três cidades do mesmo porte (para ver como está a evolução da Covid em Bauru). Assim, você terá um panorama agregado… para construir seu raciocínio.
Se fosse para fazer o convencional, o CONTRAPONTO teria entrevistado médicos favoráveis ao tratamento preliminar e aqueles (a maioria – temos de ser honestos nesse registro) que alertam que não há evidência científica (até aqui) de que tomar drogas como invermectina, zinco, vitamina D, hidroxicloroquina e azitromicina (por exemplo) resolvam a doença.
Bom isto você a esta altura já sabe!
Então vamos passar direto aos dados. O quadro acima foi elaborado em cima dos registros enviados para o Ministério da Saúde (SUS Analítico). Eles refletem o que foi incluído no sistema do início da pandemia de março de 2020 até o fechamento de março de 2021 (um ano de cenário). E se, no tempo, algum tratamento funcionar, publicamos com prazer (e missão), sem problema. Neste momento, o que temos é o que está registrado pelas próprias prefeituras.
OS DADOS FALAM
Bom! Os dados estão no quadro. E eles trazem considerações objetivas sobre a situação da pandemia em cada uma das cidades levantadas. O CONTRAPONTO separou pra você as 4 cidades mais “comentadas” nas redes sociais, por terem adotado o “tratamento precoce” no combate à pandemia: São Lourenço (MG), Porto Feliz (SP), Itajubá (MG) e Chapecó (SC).
E para você ter dados comparativos, informamos os mesmos números sobre casos positivos, mortes e o percentual de casos e de óbitos por 100 mil habitante também de 3 cidades do Estado que não adotam o “tratamento precoce”. Você pode entrar no sistema ‘sus analítico’ e ver qual você quiser.
Abaixo vamos fazer nosso papel: apontar o que os dados falam sobre a situação da doença até aqui, um ano após seu início. Ah! E sua posição sobre o “tratamento precoce” deixamos para você e seu médico de confiança decidirem. Mas se você não aglomerar, usar máscara e manter higiene pessoal permanente, não pegará a doença!
Então, vamos lá exercer nosso papel de apontar o que os dados indicam:
- Em nenhuma das cidades em que foi adotado o “tratamento precoce” há registro de queda de mortes ou de casos por 100 mil habitantes (parâmetro científico utilizado) no tempo.
- Você já sabe que de todos os que “pegam” Covid, em torno de 95% não sentem nada, ou quase nada! São os chamados assintomáticos. Então: para a “imensa” maioria (desculpe a redundância), tomar algo ou não não interfere em nada (pra Covid).
- Mas neste segundo pico da doença, esta proporção tem sofrido mudança. Segundo especialistas, o vírus está mais “agressivo” no organismo e age mais rápido. Ainda assim, o percentual de infectados que precisa de UTI continua baixo (diante do total da população). Senão seria o darwinismo sanitário humano!
- Anotamos que há médicos que defendem que a prescrição das drogas listadas acima logo no “início dos sintomas” combate a “explosão viral” e impede que o caso evolua para grave (com intubação)…
- Anotamos também que diversos médicos criticam que o protocolo entre os infectados é falho: regra geral, o sujeito com sintoma vai na Unidade de Saúde e lhe dão algo (dipirona… por exemplo). O exame é feito só entre o 3° e 0 5° dia. E o resultado sai lá pelo 7° dia… As variações do vírus estão muito agressivas, ágeis. Uma semana pode ser a diferença entre vida e morte para muitos!
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ANOTAÇÕES
- As quatro cidades acima que adotaram o “tratamento precoce” têm média de casos acumulados na pandemia próximos dos referenciais das que não usam as drogas faladas por ai.
- Entre as que adotaram o tratamento precoce, Chapecó tem índices tanto de casos como de óbitos por 100 mil habitante acima das outras. E Itajubá (que também usa as drogas como proteção à doença) tem mais do dobro de mortos por 100 mil habitantes do que outros.
- Porto Feliz tem o menor índice de mortes/100 mil pessoas entre todas, mas Franca tem indicador muito próximo. Já em número de casos/100 mil, Porto Feliz está pior que várias cidades.
- O índice de todo o Estado de Santa Catarina de casos e de óbitos por 100 mil (respectivamente 11.359 e 155) é bem abaixo do que apresenta Chapecó, onde os remédios para impedir que pacientes sejam intubados são utilizados.
- O índice de todo o Estado de Minas Gerais para total de casos e óbitos por 100 mil habitantes (respectivamente 5.421 e 199) é menor do que o verificado em Itajubá e São Lourenço). No caso de óbitos já dissemos que em Itajubá o número de mortes proporcionais é muito acima das demais cidades.
- No Estado de São Paulo, o índice de casos/100 mil é de 5.473 neste momento (com 1 ano de pandemia), contra 8.354 de Porto Feliz. Esta cidade, como dissemos, está bem (na proporção) em total de óbitos/100 mil: 104, contra 167 da média paulista.
- É preciso, na comparação, levar em conta outras características das cidades: estrutura de transporte, mobilidade urbana, concentração industrial, comercial ou de serviços. São Lourenço, por exemplo, está “vazia”, em razão da Covid ter afetado muito o turismo. Chapecó já é muito industrializada, na comparação com outras cidades. Os fluxos de circulação, logística de transporte e estrutura de saúde básica e hospitalar também incidem sobre o panorama…
- Mas os dados ajudam a verificar que a doença, infelizmente, continua contaminando em larga escala e matando muitos, em qualquer lugar! Agora se você vai tomar ou não remédio com função preventiva à Covid, é uma decisão entre sua consciência e de seu médico! Luz e saúde!
OBSERVATÓRIO DAS CIDADES QUE USAM TRATAMENTO
O CONTRAPONTO, como você, recebeu uma infinidade de links (a maioria fakes) com “conteúdos” sobre suposta queda de casos e de mortes em cidades que utilizaram o “tratamento precoce”. Então, dedicamos nosso tempo para levantar os dados oficiais (acima) e, também para averiguar declarações….
Em Santa Catarina, por exemplo, infelizmente os hospitais continuam lotados. A taxa de UTI do primeiro trimestre de 2021 aponta 97,8%, com 280 pessoas aguardando leitos de UTI… E isso muda rapidamente. Pra pior! Em Bauru, como se sabe, até a quinta (antes do feriado), 49 pessoas morreram no Pronto Socorro, sem contar com internação UTI pelo Estado.
Em Chapecó (SC), o prefeito João Rodrigues gravou um vídeo defendendo o “tratamento precoce”, mostrando ala de enfermaria vazia. Ele não explicou, porém, que 40 leitos clínicos foram desativados e 80 pacientes foram transferidos para outro local. A própria administração deu essas informações. Mas no vídeo ele não explica.
Chapecó fechou o trimestre de 2021 com 228 leitos, sendo 131 de UTI (destes: 104 públicos, 27 privados) além de 85 enfermarias. A cidade figurou entre a quarta com maior número de pacientes de seu Estado e a quinta com maior número de óbitos.
Itajubá triplicou o número de mortes por Covid nos três primeiros meses deste ano. Foram 76 em 9 meses de 2020, contra 170 em apenas 3 meses de 2021. O prefeito Cristian Gonçalves adotou a distribuição de ivermectina, zinco e vitamina D. Em 14/3 eram 4.872 casos e 167 mortes. Em 2/4: 6.248 casos e 240 mortes.
Em São Lourenço (MG) há reportagem informando que entre 3 e 20 de março, passado, não houve entrada de paciente UTI na cidade, conforme declaração do prefeito Walter José Lessa. Em seguida, a cidade adotou a fase roxa, com as 25 UTIs 100% ocupadas.
Em Porto Feliz (SP) vasculhamos mais dados. Em 04 de janeiro: 2.980 casos e 22 mortes, em 01 de fevereiro: 3.905 casos e 30 mortes, em 01 de março: 4.630 casos e 41 mortes e, em 01/04 passado: 5.577 casos e 55 mortes, conforme os boletins das próprias prefeituras.
E pra encerrar, pior foi Araraquara (onde o lockdown foi adotado 10 dias, a partir de 21/2). Alguns veículos forçaram tanto a barra pra dizer o “que pretendiam” que ignoraram a queda de internações e casos, na média móvel, e também que em Araraquara as ocupações continuaram, no total, altas porque os leitos passaram a ser ocupados por pacientes da região, como de São Carlos. Os araraquarenses vivenciaram queda nos índices e o “fôlego” foi ocupado pelos vizinhos….
No meu entender, Franca tem menos mortes. Não sei como foi feito lá.
Muito bom, levantamento de dados, comparação, explicação que cada cidade tem suas diferenças pontuais (transporte, economia, comando, sistema de saúde etc). Tenho tentado explicar isso para amigos, é difícil. Esta reportagem ajuda, vou enviar. Importante que cada um pode analisar e chegar às suas conclusões. Pena que a “ideologia” tem pesado muito nas conclusões. Como jornalista, procuro me pautar pelos fatos e pela “cruel” e difícil imparcialidade. Parabéns!
Parabéns pelas informações, mostra, uma vez mais, que a medicina e a ciência prevalece.