O rombo da Emdurb está projetado em R$ 21 milhões no fechamento das contas de 2021, o primeiro da gestão Suéllen Rosim e do presidente Luiz Carlos da Costa Valle. Os dados apresentados na projeção da área contábil-financeira da empresa trazem que o acumulado de encargos sociais não pagos chegou a R$ 14 milhões em 31/12/2021. Só com fornecedores, os não pagamentos chegam a mais R$ 5,6 milhões.
Apesar do discurso de revisão de contratos e de saneamento da empresa, repetidos ao longo de todo o ano passado pelo novo governo, os apontamentos são inversos. Valle passou boa parte dos primeiros meses de sua gestão apontando que recebeu em torno de R$ 14 milhões de déficit (atualizando valores no tempo).
Segundo as contas apresentadas pela empresa, na transferência do governo Gazzetta para Suéllen, com INSS os valores não recolhidos somaram R$ 9.053.814,27 no final de 2020, além de R$ 103.860,19 em aberto com PIS/COFINS e mais R$ 3.968.295,15.
Conforme os dados apresentados agora, mesmo com ajustes de conciliação para o balanço final, o rombo com fornecedores fechou em R$ 5,6 milhões. Não por outra razão, a Emdurb passou a ter maior dificuldade em repor peças e manter sua frota. O sucateamento decorrente da péssima gestão financeira é inevitável. A atual gestão recebeu a empresa com transferência de 10 caminhões novos na frota de lixo. Se livrou, com esta medida, do pagamento de aluguéis que superavam a R$ 200 mil mensais, em um período do governo anterior. Mas, sem conseguir por as contas em dia, a situação no pátio foi apresentando a deterioração….
A retórica de revisão de contratos serviu, apenas, na prática, para a gestão atual tentar posicionar que não aceitaria mais serviços cujo preço final não cobrisse seus custos (serviços estes obtidos sempre com o privilégio de ausência de licitação junto à Prefeitura). Na varrição, no início, a Emdurb bancou, por exemplo, a negativa.
ROMBO AMPLIADO
Com faturamento prejudicado desde o início da pandemia (o que inclui o afastamento de 116 funcionários sem que os setores mantivessem faturamento), a Emdurb já dava sinais, claros, desde 2020, de que o barco ia afundar.
Na verdade, nunca foi segredo a máxima: se você tem despesa fixa maior do que suas receitas, o buraco aumenta. E o que era uma ‘gastrite financeira vira úlcera”. E rápido. Não deu outra. A Emdurb acumulou a perda de vários contratos de serviços, nos últimos anos, mesmo antes da pandemia. Mas não sofreu corte de despesas na mesma proporção. Ao contrário!
Em 2021, conforme as informações apresentadas pela empresa, as receitas chegaram a R$ 54,1 milhões. Mas as despesas somaram R$ 61,7 milhões. O déficit nominal do ano chegou a R$ 7,6 milhões só no confronto direto entre entradas e compromissos.
A gestão Valle acumula, ainda, R$ 14 milhões em encargos não pagos, além de R$ 1,3 milhão não recolhidos de impostos no ano passado. Todo esse “passivo” vai tornando insustentável a condição da empresa. Objetivamente, a cada novo contrato que a Emdurb vá propor para prestar seu serviço terá de embutir, no custo, o “papagaio” pendurado em seu “pescoço”.
Ou pedir para o patrão majoritário, o próprio Município, para fingir que a relação é de contrato e prestador de serviço e bancar aporte. Mas aporte de onde?
Fica cada vez mais cristalino, de outro lado, por que a prefeita Suéllen Rosim insistiu tanto em transferir para o bauruense a conta de R$ 35 milhões como taxa de lixo (custear a despesa já existente no Orçamento para coletar e enterrar o lixo em aterro particular, sem separação e sem tratamento final dos resíduos, como manda a lei federal). A medida foi, na “cara dura”, para transferir o buraco para o munícipe e sem resolver a gestão “ambientalmente apresentada em lei” para os resíduos.
Valle se assustou com seus próprios números de gestão. A princípio indagou: – “Onde você pegou esses números? Não é isso!”. Informamos: os dados são de sua gestão. Solicitados e enviados oficialmente (veja quadro abaixo).
Ele argumentou que está atuando para reduzir o custeio fixo em até R$ 8 milhões no recolhimento de obrigações (do sistema S). Não explicou a fórmula. Da mesma maneira, o presidente não conseguiu emplacar a tese de autarquização: que envolvia, em síntese da síntese, deixar de pagar obrigações como FGTS, mas sem resolver as consequências com encargos previdenciários….
E agora? a Cohab asfixia, em prejuízos de Milhões de Reais sob uma revisão sem explicação de eventual sustentação jurídica, no tempo e no confronto dos contratos antigos, e a Emdurb desce a ladeira abaixo com seu rombo em disparada…
Bauru cada vez pior!
Tudo bem, parte do déficit é “herança” e 2021 foi um ano atípico, exigindo, por exemplo, afastamento de funcionários, que recebem sem produzir. E a contratação de reeducandos (mão de obra de baixo custo) também ficou prejudicada.
No entanto, o desequilíbrio não se esgota em fatores conjunturais. A baixa produtividade de toda a administração municipal (direta e indireta) é a causa (estrutural) dos problemas evidenciados pela Emdurb, empresa (pública) que, ainda que constituída nos moldes de empresa privada (por exemplo, regime celetista), tem deficiências de gestão que atingem toda a administração.
E possível uma administração indireta ser eficiente quando integrada a uma administração direta ineficiente ? Impossível. O “padrão” se generaliza.