Rosana Polatto traz chavões elementares para temas e tenta colar em Rodrigo

Rosana Polatto, candidata a prefeita pelo PSB

O CONTRAPONTO faz a segunda rodada de avaliação sobre a sabatina com os que colocaram seus nomes para a disputa à Prefeitura de Bauru na eleição 2020. Depois de Gazzetta (veja arquivo no site), avaliamos a participação da candidata Rosana Polato (PSB), entrevistada ao vivo, por 30 minutos, pela rádio 96 FM e Jornal da Cidade.

A candidata tem de superar representação que pede impugnação de seu registro nas urnas. Mas como o processo tramita na Justiça Eleitoral, a reportagem cumpre a missão de avaliar suas propostas na eleição municipal 2020.

O CONTRAPONTO estabeleceu um sistema de avaliação em três pontos, objetivos (conforme quadro), classificando se o conteúdo.

A reportagem faz apontamentos para cada uma das respostas à luz da realidade administrativa, financeira, orçamentária e política local.  

Abaixo segue a publicação das respostas dadas pela candidata aos principais pontos da entrevista a ela formulados pelos jornalistas Ricardo Bizarra e Thiago Navarro e, em seguida, os apontamentos do CONTRAPONTO em relação ao que Rosana Polatto disse:

  • Por que você quer ser prefeita de Bauru?

Rosana Polatto: A motivação de ocupar o Legislativo, além de ser um chamamento, como é quase tudo na minha vida, eu amo a minha cidade, sou bauruense nata. Tenho me envolvido em questões do Executivo há muito tempo, cuidando da nossa cidade, trazendo melhorias, cuidando das pessoas da nossa cidade. A gente tem um exemplo muito bom, que é la do Mary Dota, onde assumi a Associação de Moradores e fui desenvolvendo um grande trabalho. Acho que a cidade precisa do envolvimento dos bauruenses no cuidado com a cidade. Eu apresento um plano aberto, onde as pessoas podem trazer sugestões.

CONTRAPONTO: O “ato falho” da candidata ao citar “Legislativo” é natural. Ela era candidata a vereadora até poucos dias antes do prazo final para o PSB definir seu caminho e foi chamada, em cima da hora, para ser candidata a prefeita. Rosana Polatto aguarda julgamento de ação judicial que pede impugnação de sua candidatura com questionamento de desincompatibilização fora do prazo em relação a atuação na associação onde houve recebimento de verbas públicas, conforme a denúncia.

  •   Qual será a participação do deputado federal Rodrigo na sua campanha?

Rosana: Diferente do que as pessoas pensam não foi somente o convite que me fez esse convite. Ele é parte do partido então, claro, ele fez esse convite também, mas foi o partido. Que percebeu durante todo o processo de dois meses de entrevistas entre os candidatos (pré) e dos debates que nós fizemos e dos questionamentos que eu fiz, sendo mediadora nesses debates, que me convidou para eu assumir o Legislativo. Tudo acontece na minha vida por um chamamento. E dessa vez não foi diferente. Eu fui chamada pra cuidar de nossa cidade. E que bom que eu tenho o Rodrigo do meu lado. Porque ele fez um trabalho excelente nessa cidade. E lá em Brasília ele vai continuar fazendo o que ele sempre fez, trabalhar pelos bauruenses e pela nossa região.

CONTRAPONTO (2): A candidata não respondeu à pergunta! A indagação foi qual será a PARTICIPAÇÃO do deputado Rodrigo na campanha eleitoral. Porque, nos bastidores e pela trajetória, quem integrou grupo de apoio ou base de Rodrigo, até aqui, tem dúvidas se ele vai se engajar na campanha, até por uma postura personalista. No mais, a candidata aproveitou bem a ‘deixa’ da pergunta e respondeu no caminho do chavão, de que Rodrigo – como deputado – vai ajuda-la, o que seria óbvio e esperado, dado que ele é o parlamentar da cidade e de seu partido.

. Como será a busca de verbas, porque 2021 será difícil

Rosana: A cidade vai precisar de emendas, vai precisar de muitas verbas. Todo mundo fala que os cofres públicos estão esvaziados e o compromisso orçamentário da cidade já é quase que total. E esta facilidade de ter um deputado, ou na Alesp, porque nós temos o Caio França, ou em Brasília o Rodrigo, abre possibilidades incríveis pra gente fazer bons trabalhos na cidade. Nós não vamos precisar contar só com o Orçamento da cidade. Diferente de outras épocas, e o Rodrigo me contou isso muito particularmente, que ele tinha que sair daqui e ir pra Brasilia e lá ele não conhecia muitas pessoas e que teve que formar esse relacionamento com Brasília. E ele já falou comigo: “Nós vamos fazer o possível nessa triangulação entre Brasília, São Paulo e Bauru”.

CONTRAPONTO (1): Rosana Polatto aproveitou a questão e respondeu o que se esperava da abordagem. Buscou aproveitar passar para o eleitor que já estaria próxima de Rodrigo, o que eleitoralmente é bom para sua imagem, até por ser novata na disputa, desconhecida em boa  parte da cidade. Mas se a consideração do conteúdo levar em conta que tanto em Brasília quanto em São Paulo o PSB não é próximo dos mandatários, a obviedade do comentário sofreria decantação política.

.  Uma das prioridades é formar uma Frente para aumentar FPM

Rosana: Bauru é uma cidade central. Todos os nossos vizinhos dependem dos nossos serviços. Porque não essa colaboração, essa corrente, essa rede trabalhando junto para o desenvolvimento da região. Então nós temos que pensar que Bauru é o polo. Então nós temos que ter nossos vizinhos também empenhados para fazer com que esses recursos sejam aumentados. E esses consórcios, esse fundos, que eu falo no meu Plano de Trabalho para o desenvolvimento da região vai contar com nosso deputado Rodrigo Agostinho também. O coletivo faz com que as coisas se desenvolvam melhor. 

CONTRAPONTO (2): A questão foi na direção do fortalecimento de uma Frente, em Brasília, que tire da gaveta uma cobrança antiga de prefeitos em relação ao aumento da participação da repartição do bolo tributário, concentrado na União, através do Fundo de Participação do Município (FPM). A candidata, de novo, deu resposta trivial, partiu para a elementar citação de que as ações coletivas funcionam melhor. Rosana  ainda derivou para sua proposta de formação de consórcios entre municípios, deslocando o eixo da pergunta para um ponto de vista mais caseiro.

            . Do seu plano, como vai fazer a liberação instantânea da Inscrição Municipal e criar mais canais de acesso digitais. 

Rosana: Isso é possível. A liberação da inscrição municipal é importante para as pessoas que já estão formalizadas. Todo mundo que tem CNPJ precisa ter inscrição municipal para que possam efetuar (emitir) nota fiscal. E se eles tiverem isso mais rapidamente – e a tecnologia pode fazer isso – não vai demorar 5,10, 15 dias para o microempreendedor ter sua Inscrição Municipal. Na minha empresa a gente ajuda as pessoas a fazerem a inscrição municipal e essa demora faz com que exista essa paralisação da empresa. A página da Prefeitura (sistema) tem de ser mais fácil, mais intuitiva. A agilização desse processo é que estou propondo no nosso Plano de Trabalho e é possível fazer. Vamos ajustar esse sistema para que as pessoas tenham facilidade de obter. Vamos ajudar os arranjos locais produtivos, onde pouco se investe e são 32 mil empresários hoje na cidade. Eu sei porque sou microempresária também. É fácil abrir, mas as pessoas precisam entender o processo, ter microcrédito e condições de trabalhar em nossa cidade.

CONTRAPONTO (2): A candidata respondeu sua proposta de agilizar o sistema para regularização de microempreendedores. A questão em aberto é a instantaneidade documental no andamento desse processo burocrático e os demais elementos dessa temática.

. Seu plano traz ampliar Unidade Farmacêutica, duas, e parcerias com Estado para gestão do Base, Centro de Referência. E recursos?

Rosana: Sou usuária do plano de saúde de nossa cidade. Eu vou no Posto de Saúde e acompanho de perto essas dificuldades. E vejo que elas têm dificuldades em vir para o Centro da cidade buscar seu remédio. E descentralizar esses serviços é importante. Nós temos que estudar nas regiões, primando mesmo pelas necessidades. Os investimentos, eu falo sempre para as pessoas: eu sou dona de casa, mulher, e eu que cuido da economia de tudo isso. Tem vez que eu tenho muito. Tem vez que eu tenho pouco. Eu tenho essa experiência de fazer essa economia. Está se gastando certo? Está se fazendo a economia correta? E é isso que eu quero mostrar para as pessoas. Que sempre com muito pouco, consegui fazer muito na minha vida.

CONTRAPONTO (2): A candidata segue a linha de respostas que mesclam o simplismo e a falta de informação sobre o cerne do que foi questionado. A abordagem foi tão elementar  que não seria exagero se a avaliação do item fosse (3), por falta de substância mínima na resposta diante do que foi perguntado. O discurso de “fazer muito com pouco” é raso e repetitivo, antigo. Apesar disso, ela aproveitou para pontuar que, no fundo, defende a descentralização de serviços de Saúde, algo de fato que tem sentido diante da vontade popular. Mas Rosana não respondeu como seria o planejamento orçamentário para todas as ações que cita em seu plano.

.   Como vai encerrar a Cohab e resolver déficits da Emdurb

Rosana: É uma questão muito triste, muito triste, quando ouço candidatgos dizendo: “vou encerrar a Cohab e vai ter exoneração de funcionários”. Gente, a cidade não é feita só de prédios e processos. A cidade é feita de pessoas. Aquelas pessoas que você estão falando assim, eu vou exonerar, são pais de família, são mães, são pessoas que estão tentando começar sua vida e estão lá. Nós temos que pensar, num olhar um pouquinho mais humano e não tão frio: eu vou fechar, eu vou exonerar. Não é isto que nós temos que fazer. Nós temos que pensar o processo de encerramento. Nós temos que pensar onde essas pessoas vão ser colocadas. Como a gente vai poder dar subsídios para elas não abandonarem sua vida, sua família.   

A Emdurb também é ótima né. É sempre uma polêmica. A Emdurb presta e pode prestar melhor ainda um serviço pra nossa cidade. Eu acredito naquela empresa. Ela presta um serviço barato. Porque quando ela faz licitação ela tem que diminuir muito o preço pra atender a prefeitura. Mas ela pode prestar um serviço de mais qualidade. Nós precisamos organizar a Emdurb.

CONTRAPONTO (3): A candidata vai muito mal nessa questão. Ela não só não responde o assunto, mas deixa de tratar a gigantesca situação deficitária da Cohab e sua complexa negociação visando sua extinção no tempo, caindo para o abuso de chavões protecionistas sem fundamento. Além disso, Rosana recorre mais uma vez ao simplismo, ou demonstra desconhecimento tanto dos resíduos habitacionais de centenas de milhões na Cohab quanto sobre o centro de custos na Emdurb. Aqui não se trata de sair pela tangente, atalho de apego para se safar de questões complexas. Mas de embarcar em uma resposta que cai na noção de um Estado assistencialista. O raciocínio no caminho da “proteção de empregos” para uma Cohab falida é absurdo!

. A falta de água e passagem do DAE para a Sabesp

Rosana: A gente não pode é ficar sem água. O sofrimento das pessoas quando abrem sua torneira de casa e não tem água, isso não pode acontecer. A cidade precisa se organizar. A cidade precisa entender o processo que está acontecendo com a água de nossa cidade. E diferente do que eu tenho ouvido também das pessoas que querem sentar lá no Legislativo, a gente não perde, essa água não vaza pela cidade. Gente, essa água ela não chega no hidrômetro. E se chega ela não é registrada. Se vazasse metade dessa água, Bauru já tinha afundado. Nós temos canos que precisam ser trocados, nós temos que ter equipamentos para verificar se esses vazamentos existem e quais as localidades que esses canos estão precisando ser revistas essas manutenções. Precisamos de um planejamento, a manobra dessa rede, a interligação desse sistema.

CONTRAPONTO (2): A sugestão é que a candidata leia o Plano Diretor de Águas (PDA), disponível no site do DAE, para ajustar sua abordagem. Ou converse com Rodrigo sobre o assunto, até porque foi o ex-prefeito quem contratou o PDA, ainda em 2014.

.  A defesa do pedido de indeferimento de sua candidatura

Rosana: Nós temos o corpo jurídico. Nós não fomos notificados. Então enquanto não houver a notificação oficial é boato. Vou apresentar a documentação à Justiça. O que eu quero garantir é que minha candidatura é legal e eu quero cuidar muito de nossa cidade.

CONTRAPONTO: A ação de impugnação da candidata é fato jurídico. Ela terá de convencer o Judiciário em relação aos questionamentos feitos no processo: ter deixado a presidência da Associação de Moradores do Mary Dota 3 meses antes da eleição, quando o prazo para candidatura majoritária é maior. A questão está vinculada, ainda, ao fato da associação, segundo a denúncia, ter recebido recursos públicos, o que tem reflexos sobre a desincompatibilização.

 

 

 

 

 

 

1 comentário em “Rosana Polatto traz chavões elementares para temas e tenta colar em Rodrigo”

  1. Maurício Pontes Porto

    Como estou dizendo, você pergunta pro técnico: qual a estratégia e a tática para ganhar o jogo?
    Resposta: fazer um gol a mais do que o adversário.

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