Vamos a mais um capítulo da Série DIAGNÓSTICO, um serviço do CONTRAPONTO de pesquisa, com dados oficiais, para gerar referência para a discussão de políticas públicas setoriais em Bauru.
Neste material, vamos abordar como o aumento crescente da participação das despesas com Saúde no Orçamento Municipal contempla uma série de realidades cruzadas que merecem pontuação.
Antes disso, uma informação relevante: todos os dados trazidos ao relatório abaixo são oficiais, de relatórios entregues pelo governo em audiências públicas, e/ou Tribunal de Contas. As informações adicionais foram obtidas também formalmente, com base na Lei de Acesso e Informação.
Assim é a Série DIAGNÓSTICO, que já apresentou em Grande Reportagem no Contraponto.digital conteúdos sobre Educação, Emprego e Renda, Vulnerabilidade Social, Distritos e Logística Industrial…
A Série prossegue. Então vamos a dados (extensos) sobre gastos, serviços e estruturas da Saúde em Bauru.
Sugerimos a você a leitura do material aos poucos. O material é extenso, separado por área. Você passa a ter acesso a material financeiro, de gastos, mas também de indicadores sobre os principais serviços, a distribuição das demandas e considerações levantadas para pontos específicos.
Além disso, incluímos material contendo dados relacionados somente à pandemia. Portanto, respira que o material é longo… !
Você verá o volume de serviços prestados por área, no Município, a distribuição de estruturas, quanto custa cada uma dessas partes. Verá também que a cobertura da chamada saúde básica é boa em Bauru, mas a resolutividade é baixa. Verá que os serviços não se completam no sistema, porque a fila por exames é gigantesca e faltam leitos hospitalares, como sabemos, há anos.
…
ORÇAMENTO
– Em 2019, com base nos dados oficiais da prestação de contas da pasta de Saúde, a participação da área no Orçamento foi de 29,21%, contra 24,99% no ano anterior. Entre 2016 e 2019, por sinal, o percentual da fatia da Saúde no bolo orçamentária anual se manteve, na média, próximo de 25%.
– O percentual, na média, sempre esteve neste elevado patamar, mesmo antes do período pesquisado. Isso implica em identificar que o financiamento da assistência à saúde já vem, há tempos, se mantendo pesado sobre as cidades, realidade acentuada com o agravamento da crise econômica no País, que aprofundou a transferência de obrigações para a assistência municipal à saúde, mesmo que considerada pouca alteração na estrutura de rede e na relação e lista de serviços ofertados. A União, em tese, faz malabarismo contábil para dizer que destina 10% da receita líquida e o Estado 12%.
De outro lado, a defasagem da tabela SUS e a distorção na proporção entre o custeio de serviços de alta especialidade assumidos pelo Estado de São Paulo e o valor não compatível transferido pela União forma outro elo não resolvido – grave – nessa cadeia.
– Na cidade, a LOA 2020 para a Saúde (R$ 239.590.584,19) estava em desacordo com o crescimento (mesmo o vegetativo) das despesas/ano. Ainda em 2019, mesmo sem a existência da Covid-19 no cenário, a despesa total ano com Saúde já havia sido de R$ 249.315.069,00.
Assim, como sempre, em 2020 a despesa total fechou bem acima dos R$ 239,5 milhões reservados. Foram R$ 260.181.771,26 milhões de gastos, conforme apresentado pelo governo na audiência pública do último quadrimestre relativo a 2020. A despesa com pessoal no ano Covid foi de R$ 167.112.124,55.
Vieram recursos extras, específicos para suportar as novas despesas com a pandemia. Sendo R$ 26.807.567,64 da União e R$ 1.816.899,78 do Estado, segundo a pasta. Com doações e outros recursos (sem contar repasses adicionais para gastos em assistência social na pandemia), o caixa municipal da Saúde contou com R$ 38.252.234,02 em 2020, segundo a Prefeitura.
SAÚDE | Despesa ano | em milhões de | Reais | |
2016 | 2017 | 2018 | 2019 | |
Pessoal | 137.456.256,92 | 144.125.165,33 | 137.985.000,85 | 155.312.805,00 |
Custeio | 64.142.055,81 | 69.761.246,91 | 84.949.486,26 | 72.525.171,00 |
Investimento | 7.271.659,48 | 10.000.785,20 | 368.983,92 | 867.975,97 |
Total | 209.016.989,01 | 224.267.875,43 | 223.303.471,03 | 249.315.069,00 |
– Aqui vale pontuar que a incidência da maior epidemia de dengue da história local sobre os gastos de 2019 pressionou o aumento da despesa acima do Orçamento estabelecido em lei. Mas, a rigor, a despesa ano a ano na pasta, como dissemos, já vinha crescendo. A dengue (maior parte) e a elevação em gastos com remédios, ao fim de 2019, representou o equivalente a R$ 16.737.751,00 a mais de despesa naquele exercício. Em torno de R$ 4 milhões foram de reposição no exercício para gastos com remédios (situação que se repete na projeção de 2020 para compra de remédio e distribuição à população). O restante, ou perto de 12,7 milhões a mais, foi dengue, conforme os dados do governo.
– A rigor, assim, foi na Saúde o grande salto das despesas com pessoal. Entre 2018 e 2019 (ano da maior epidemia de dengue da história de Bauru), o valor subiu de R$ 137.985.000,85 para R$ 155.312.805,93 – variação de 12,55%. Veja que em 2020 este patamar se manteve, com R$ 167,1 milhões destinados à folha de pagamento no setor.
– Se observamos os dados oficiais da prestação de contas da Secretaria de Saúde informados ao Legislativo, em audiência pública, verificamos que a diferença de valor entre CUSTEIO de 2019 x 2018 identifica a incidência do aumento global de despesa com a epidemia de dengue naquele período. Há citação, mas não há detalhamento desses números, entretanto. Assim, a menção contempla, ainda, acréscimo de gastos como hora extra de profissionais do setor. Já o acréscimo na dotação com remédios foi absorvido com remanejamento orçamentário.
– A presença da Covid (tanto pela entrada de receitas extras carimbadas para o combate à doença quanto pelo alcance adicional de despesas confirmou que os R$ 239,5 milhões estabelecidos como dotação ficaram desfasados (a despesa total foi de R$ 260,1 milhões). Mas a “conta só fechou” porque a União socorreu tanto com os recursos extras carimbados para Covid, informados acima, quanto com reposição de receitas para repor parte das perdas (com queda de arrecadação). Bauru recebeu R$ 42 milhões adicionais só de socorro, sem contar as verbas carimbadas.
– Mas, para voltar ao fluxo normal de despesas, a Secretaria Municipal de Saúde tem pela frente enorme esforço no ajuste do impacto pós-pandemia. Até porque, na Lei de Diretrizes orçamentárias (LDO), aprovada em junho de 2020 pela Câmara Municipal de Bauru, o então prefeito Clodoaldo Gazzetta apresentou estimativa de receita para 2021 referenciando recuo no PIB de 3,5%.
Ou seja, a Secretaria de Finanças estimou, com base nos dados após 100 dias da pandemia, perda de receita geral de 20%. Para uma Receita Corrente Líquida (RCL) de 20%, isso significaria em algo próximo de R$ 200 milhões. A estimativa teve de ser ajustada. Ficou bem ‘fora da curva’ da perda real. O ano da pandemia fechou, na verdade, com um fluxo total de perdas nominais de 10%, ou em torno de R$ 110 milhões sobre o Orçamento aprovado.
(Fonte LDO 2021, processo 73/200): https://sapl.bauru.sp.leg.br/consultas/materia/materia_mostrar_proc?cod_materia=173099)
– Leve-se em conta, ainda, que aquele relatório refletiu a realidade de sua elaboração no “meio” da pandemia Covid. Ou seja, até junho de 2020. Naquele momento, o CONTRAPONTO avaliou as perspectivas do impacto. Parte do detalhamento de despesas está no link a seguir, em matéria do site, para reflexos apurados até junho 2020: https://medium.com/@nelsonitabera/o-v%C3%ADrus-invis%C3%ADvel-de-milh%C3%B5es-de-595794e876a8).
Bom! Mas e a participação dos governos federal e estadual no financiamento dos serviços na cidade?
– O quadro a seguir mostra que o financiamento da Saúde local sofre, ainda, pressão proporcional, no tempo e na cifra, em razão da participação reduzida dos governos estadual e federal para programas além da Atenção Básica (PAB).
. Veja que as transferências do Estado para Bauru em 2019 ficaram em apenas R$ 2.869.975,09 em 2019, ainda assim contando com emendas parlamentares. Em ações específicas, o governo estadual participa com não mais do que R$ 1,5 milhão no PAB, R$ 66,6 mil no Programa Nutricional de Suplementação Alimentar, R$ 904 mil em medicamentos (Dose Certa) e outros R$ 138,5 mil para ação preventiva de controle de glicemia.
O valor confronta com a pactuação realizada entre entes governamentais via Cosems, o Conselho de Secretários Municipais de Saúde. O regramento estabelecido não é levado em conta e o repasse vindo do Estado é irrisório.
. No caso do PNSA, a defasagem financeira e de cobertura é enorme. O Estado não renovou o convênio com a Prefeitura de Bauru desde 2019 (veja matéria do JC sobre o assunto de dezembro de 2019: https://www.jcnet.com.br/noticias/policia/2019/12/706498-prefeitura-comprara-alimento-especial.html). A Prefeitura acabou assumindo o rateio (50% para cada um) o ano passado e a situação se estendeu para 2020. Por ano, o PNSA, de fato, consome pelo menos R$ 1,6 milhão, para atender em torno de 450 crianças e adolescentes com necessidades nutricionais específicas.
– O financiamento de ações federais em Saúde em Bauru teve aporte de R$ 57,3 milhões em 2019, conforme o quadro abaixo. A Atenção Básica teve repasse de R$ 13 milhões e a Média e Alta Complexidade (MAC) contou com R$ 37,8 milhões. O governo federal ajuda com transferências para programas de compra de remédios (R$ 2 milhões). O MAC trata dos recursos federais destinados ao cofinanciamento de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares de média e alta complexidade.
A saber, o MAC inclui despesas com UPAS, Samu e serviços de atenção especializada, como as contratações com Sorri e Apae. Em relação às UPAS, 60% dos custos com sua operação ficam para o Município. A participação da União no cofinanciamento das UPAs difere por “tamanho” da unidade (capacidade de atendimento).
Além disso, a Secretaria apresenta, conforme quadro abaixo, o custeio com manutenção ou pequenas reformas, ou melhorias, nas Unidades de Saúde.
Já a Assistência Farmacêutica envolve a participação na compra de remédios, a Vigilância em Saúde as ações nas áreas sanitárias e epidemiológicas, o que inclui dengue e Covid. Assim, o valor de 2020 virá “inflado” nesse item, em razão dos repasses especiais (carimbados) pra uso no combate ao coronavírus.
– A seguir, veja o detalhamento das despesas ano da Saúde por categorias, incluindo insumos, folha com encargos, investimentos (informatização e reforma de UBS) e contratos com prestadores de serviços particulares (como Sorri, APAE e outros):
Folha
A despeito do crescimento na despesa com folha de pagamento na Secretaria Municipal de Saúde (veja quadro) – aumento de R$ 17,9 milhões de 2016 a 2019 – estes valores trazem cifra menor do que a realidade. Em 2020, como dito antes, o gasto com pessoal ficou em R$ 167,1 milhões.
Basta lembrar que, sobre esta evolução nominal, não está considerada a defasagem da reposição da inflação no período. O governo municipal não conseguiu repor a inflação anual dos servidores nos últimos anos. Somente em 2019, a desistência de repor a inflação significou menos 4,03% nas despesas a serem impactadas em cada pasta (a administração retirou o projeto de lei em março, em razão da pandemia). Em 2020, idem. Sem ajuste.
Esta situação vai vir represada em 2022. Isto porque a LC 173/2020, do governo Bolsonaro e em vigor, impede aumentos, promoções e qualquer “penduricalho” que resulte em aumento de gastos até dezembro de 2021.
Outro ponto é que, conforme dados da Saúde, para repor a mão de obra (deste momento) para os setores e serviços atualmente em andamento, seria necessário contratar no total, pelo menos, outros 62 profissionais por concurso público para REPOSIÇÃO do quadro atual, sendo 15 enfermeiros, 12 médicos, 32 auxiliares administrativos, 1 atendente e 02 técnicos radiologia (para atuar no tomógrafo comprado em março 2020 durante a Covid).
Esta é a necessidade para reposição informada oficialmente pela pasta, em resposta a requerimento direto. Aqui há que se considerar que a reposição é permitida hoje, pela legislação federal, para casos de aposentadoria e reposição. Há espaço para ampliação de serviços essenciais em Saúde, em razão de ser área essencial, mas, ainda assim, com limitações evidentes no financiamento das despesas que, se tomadas, serão permanentes.
Veja que, em relação a AMPLIAÇÃO DE SERVIÇOS, a pasta informou, na oportunidade, que “a Secretaria de Saúde tem como prioridade ampliar “a adesão ao no Programa “Saúde na Hora”, do Governo Federal para incluir as Unidades de Saúde da Família – USFs da Vila Dutra e Vila São Paulo. O objetivo: aumentar de 02 para 03 equipes, em cada uma destas unidades, e estender o horário de atendimento em ambas, que atualmente é das 07h às 17h, para até as 19h. Para isso, além das duas equipes, será necessária a contratação de pelo menos 12 Agentes de Saúde Comunitária (ASC). O investimento aproximado na ampliação desse serviço seria de R$ 2 milhões, sendo 30% repasse do Governo Federal e os outros 70% custeados pelo Município”.
Atualmente, o município aderiu ao Programa somente para a Unidade de Saúde – USF Santa Edwirges, que passou a prestar atendimento à população da 07 h às 19 h, de segunda a sexta-feira. As Unidades de Saúde da Família da cidade são geridas por meio de convênio com a Sorri”, informa o governo (resposta direta enviada em 19/06/2020).
DESPESA REPRESADA – Será fundamental realizar depuração futura no número de processos represados a título de ‘penduricalhos’, incluindo incorporações, gratificações e outros acréscimos na folha da Saúde (como titulação com requerimento de acréscimo salarial previsto na lei do PCCS – Plano de Cargos, Carreiras e Salários).
As avaliações e “direitos” gerados a servidores em razão de cursos e progressões na carreira, previstos em lei, foram paralisadas pelo governo Gazzetta, sobretudo quando o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou limite de gasto com pessoal a ser corrigido (teto prudencial – ver eixo FINANÇAS).
Tanto este contingente (de centenas de servidores da Saúde, mas não informados pelo governo) quanto a ocorrência do chamado “gatilho” de despesa com folha – disparado a cada cinco anos em alguns setores do funcionalismo – formam despesa adicional no setor até hoje não mensuradas.
A revisão do PCCS (a ser realizada para todas as carreiras) foi interrompida, sem conclusão. E, assim como para outras áreas, o que ocorre é a formação de um passivo “silencioso” a ser enfrentado pelo próximo governo. (A empresa contratada por licitação para esta finalidade não cumpriu o objeto, segundo a administração).
CUSTEIO PLANO SAÚDE DO SERVIDOR
A Prefeitura de Bauru passou, nos últimos anos, a desembolsar mais recursos do caixa para custear o plano de saúde particular concedido aos servidores ativos e inativos a partir de setembro. O contrato em vigor, vencido em licitação pela empresa São Francisco (Hapvida), teve ajuste favorável para o caixa municipal em agosto de 2020 (veja abaixo). Mas, ainda assim, a despesa no setor é crescente.
De 2019 para 2020, a administração municipal viu as despesas com o plano de saúde particular dos servidores aumentar 25% da parte que a Prefeitura tem de desembolsar para completar a fatura mensal de serviços cobrado pela cooperativa.
Conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Administração, em 2019 o governo cobria a diferença entre o valor descontado do salário do servidor e a fatura de serviços do contrato em R$ 20,1 milhões (ano). Em 2020, a despesa provisionada chegou a R$ 25,2 milhões.
O fato é que a administração reservou R$ 35,1 milhões de despesa total com plano de saúde para 2020, contra R$ 29 milhões em 2019 (diferença no global 21%). Em 2017, a Prefeitura desembolsou R$ 12 milhões do Orçamento para bancar a diferença do custo do plano de saúde dos servidores, em 2018 R$ 19,2 milhões, em 2019 R$ 20,1 milhões e neste ano prevê completar o custeio com R$ 25,2 milhões.
Mas a contribuição vinda dos servidores caiu R$ 1 milhão, com estimativa de ficar em R$ 8,9 milhões neste ano contra R$ 9,9 milhões em 2019. O servidor, por lei, contribui com 4% do salário bruto para o plano de saúde particular.
Atualmente, conforme a Secretaria da Administração, toda a Prefeitura conta com 13.877 beneficiários no plano, sendo 6.806 os titulares e 7.071 os dependentes. O valor per capita atual da despesa é de R$ 215,00.
Com isso, a administração consegue arrecadação (4%) de R$ 827.073,18 e tem contrapartida de R$ 2.152.955,62.
Se considerarmos somente a Prefeitura, sem os inativos, os beneficiados totalizam 10.363, com titulares somando 4.528 e dependentes 5.835.
Apenas entre pensionistas e aposentados (Funprev), temos 3.514 beneficiários, com 2.278 titulares (inativos) e 1.236 dependentes desses. Entre os inativos, a arrecadação é de R$ 288.249,18, com contrapartida da Prefeitura de R$ 467.153,32.
Mas, eis que a concorrência entre Unimed e o grupo Hapvida (que entrou recentemente no mercado de Bauru), ajudou a frear a escalada de contas com plano particular, a partir de setembro de 2020. Conforme a Secretaria de Finanças, a administração pagava R$ 219,57 por funcionário (e dependente). O valor caiu para R$ 176,50. Com isso, a despesa mensal com plano de saúde particular do servidor foi reduzida em R$ 597 mil mensais. O valor ‘tira’ de despesa sobre o orçamento o total de R$ 7,1 milhões no ano.
NOVO MODELO DE FINANCIAMENTO ATENÇÃO PRIMÁRIA
Mudou há pouco tempo o modelo de financiamento da Saúde para a Atenção Primária, obrigação originária das Prefeituras. Assim, desde o início de 2020, o governo adota o sistema de pagamento por serviço realizado. Por causa da pandemia, o Ministério da Saúde adiou as regras. Mas em 2021 elas estão sendo adotadas.
Agora, cadastro atualizado é essencial. E a “alimentação” de informações no sistema ainda é ponto falho no governo. A ferramenta principal para não perder repasses é o CARTÃO SUS. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, as Unidades Básicas (UBS) e UPAs estão inserindo os dados dos usuários que não contam com cadastro no SUS na hora do atendimento, para que a lista não fique defasada.
Entretanto, a ação é precária, porque a pandemia fez com quem muitas pessoas deixassem de comparecer a uma Unidade de Saúde. Além disso, sem procura ativa, o sistema não identifica quem tem CPF nulo, ou cadastro bloqueado por problemas como pendência com o Título de Eleitor.
No ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde informou que não tinha, durante a pandemia, dados para se saber se Bauru tem cadastramento compatível com o volume de despesas no setor em função dos atendimentos.
A Secretaria Municipal de Saúde de Bauru projeta perder pelo menos R$ 8 milhões de repasses federais para o custeio dos serviços da Atenção Básica, obrigação principal das prefeituras. O valor equivale a 50% do custo para manter serviços básicos de saúde nos bairros, hoje. A estimativa foi dada pelo Ministério da Saúde ainda na fase de implantação do sistema de financiamento implantado pela União ainda em 2019, segundo o governo local.
Contudo, técnicos da Secretaria Municipal afirmaram, em audiência pública na terça-feira de (16/03/2021) que as medidas estão valendo. A nova sistemática de cálculo dos repasses implantada em 2019 sofreu adiamento no ano passado por causa da pandemia. Em maio, a União realiza a primeira aplicação das novas regras.
DIRETRIZES
Como o novo sistema de financiamento elimina os conceitos atuais de repasses, com o fim de indicadores como PAB Fixo, Variável, etc, segue abaixo as diretrizes principais da mudança na sistemática de financiamento:
Conforme a normativa publicada sobre o Novo Modelo de Financiamento de Custeio da Atenção Primária à Saúde, até 31 de dezembro de 2019, o financiamento da Atenção Primária era composto pelos PABs Fixo e Variável.
Até então, o PAB Fixo era obtido pela multiplicação da população residente do município pelo valor per capita (situado entre R$ 23,00 e R$ 28,00). Para esse cálculo, era usada a estimativa populacional de 2016 do IBGE e a distribuição dos municípios em quatro faixas, de acordo com os seguintes indicadores: PIB per capita, percentual da população com plano de saúde, percentual da população com Bolsa Família, percentual da população em extrema pobreza e densidade demográfica.
Já o PAB Variável dependia de credenciamento e implantação de estratégias e programas junto ao Ministério da Saúde, como Equipes de Saúde da Família (eSF), Equipes de Saúde Bucal (eSB) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), entre outros.
Assim, o financiamento da Atenção Básica de Saúde era baseado na lógica per capita populacional e por adesão de estratégias.
Já o novo modelo de financiamento de custeio da APS é misto. A proposta foi de pagamento que estimule o alcance de resultados. A nova regra é composta por capitação ponderada, pagamento por desempenho e incentivo para ações estratégicas.
DESEMPENHO significa que as cidades devem estabelecer e realizar metas para conseguir receber mais recursos. O que se paga é pelo que se executa, conforme o fixado.
Para a Capitação Ponderada: a partir de janeiro de 2020, ano de implantação, até abril, o repasse passou a considerar como se todas as equipes de Saúde da Família e equipes de Atenção Primária tivessem cadastrado todas as pessoas esperadas, de acordo com o descrito (no anexo da portaria do Novo Financiamento) no Quantitativo potencial de pessoas cadastradas por equipe.
A normativa aplica pesos de vulnerabilidade socioeconômica, perfil e classificação demográfica (chama-se cálculo de valor cheio da capitação). Assim, o novo sistema prevê que o valor considera o quantitativo real de pessoas cadastradas nas equipes.
Ou seja, as prefeituras que tiverem queda na produção (ou no cadastramento) terão queda nos repasses. E aqui o ALERTA é que, com a duração da pandemia mais longa do que o projetado, os governos municipais ainda não sabem como isso será, na prática, depois. PORQUE As DESPESAS FIXAS com pessoal, estrutura e insumos não acompanham redução de receita, a priori.
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DE SERVIÇOS
A seguir, inserimos em detalhe informações que podem ser úteis para a localização de despesas ou planejamento de investimentos em serviços ou setores específicos, como remédios (despesa e os 10 mais distribuídos na rede), plano de informatização (identificando o que já foi gasto e o que falta), quadro completo de profissionais, despesa com hora extra no quadro funcional por categoria, equipes de Saúde da Família e de Agentes de Saúde, entre outros:
Remédios – 10 mais consumidos na Rede local e retirados pelo programa Farmácia Popular, conforme relatórios enviados via Lei de Acesso, são para pressão alta, colesterol, diurético, diabetes, analgésicos, ansiolíticos e pra hipertensão na série histórica levantada:
Despesa com remédios
Conforme dados da Relação Municipal de Medicamentos (REMUME), da Secretaria Municipal de Saúde, Bauru consta com 312 itens na lista, sendo 104 medicamentos para uso na Urgência, 174 nas prescrições vindas da Atenção Básica e outros 34 para Saúde Mental.
Em julho de 2020, segundo a Divisão de Assistência Farmacêutica (DAF) da Secretaria, 11% dos medicamentos estavam com estoque zerado, alguns deles no aguardo de entrega pelas contratadas em licitação. Na Covid-19, justifica a pasta, a dificuldade com fornecedores foi ampliada, com falta de insumos para importação em vários produtos, ou alta excessiva em razão da cotação do dólar (acima de R$ 5,00).
A informatização do setor, contrastada pela prefeitura desde 11/03/2019 através de pregão vencido pela empresa MV Sistemas, ainda não está sendo aplicada de forma completa. A Divisão Farmacêutica aponta dificuldades no uso do software criado. Contudo, o problema persiste, com despesa, há mais de um ano.
Plano de informatização – conforme imagem cópia do documento oficial, em destaque, trazemos os gastos com a Informatização da Saúde desde o primeiro ano do atual governo e o previsto para 2020, apesar da pandemia. Segundo a informação oficial, restam R$ 850 mil para investimento neste quesito em 2021.
Abaixo a identificação detalhada dos itens necessários para completar o processo de informatização em 2021, segundo o governo:
Como a Informatização é processo essencial para a transformação da gestão na área de Saúde, informamos abaixo o planejamento contratual e de gestão estabelecido para a conclusão da ação:
Custo da frota – Abaixo informações sobre as despesas com a manutenção da frota na Saúde. Vale, contudo, analisar quais as condições contratuais estabelecidas (se ainda em vigor para o próximo ano) para o pagamento de uma taxa de administração equivalente a algo divulgado como próximo de 11% do gasto neste segmento para serviço de intermedição e agendamento para conserto.
Esta despesa, além de não resolver o problema, é desnecessária. Foram, em média, R$ 1,4 milhão destinados a este fim, nos últimos anos.
Outra questão a se depurar é o conteúdo e as informações presentes em sindicâncias abertas pela Corregedoria Administrativa (ainda não concluídas, apesar das denúncias terem sido formuladas há bem mais de um ano) a respeito de fraude em pagamentos e serviços junto a fornecedores, sobretudo oficinas.
Despesa com hora extra na Secretaria de Saúde
Comparativo do número total de profissionais por cargos
Quadro confirma dificuldade histórico em ampliar contratação de médicos, apesar da realização de seguidos concursos.
Programa Saúde Família e Agentes de Saúde
Equipes, locais e a confirmação de que o Município mantém quadro mínimo, inclusive para saúde bucal, sem ampliar o quadro nos últimos anos, gerando demanda represada e sacrificando os avanços em prevenção.
PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ATENDIMENTOS DE SAÚDE
Os dados a seguir dão um panorama por região, separação por serviços e distribuição entre as unidades, com comparativos dos dados oficiais entre 2019, 2018 e 2017, apresentados em audiência pública pela Secretaria Municipal de Saúde.
As informações de 2020 não estão aqui porque a pandemia “mudou” significativamente a rotina (demanda) nas Unidades de Saúde. Cidadãos ficaram com “medo” de ir a UPAS no período. Assim, para comparativo, 2020 traz realidade singular, não comparável.
A implantação das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), durante o governo Rodrigo Agostinho, descentralizou os serviços de URGÊNCIA. Houve, de fato, inversão substancial da lógica de atender a maioria das pessoas no PS Central, nos últimos anos.
Contudo, vale observar que, a radiografia do “tipo de atendimento” mostra que, com pouco acesso a serviços da Atenção Básica, os munícipes continuam procurando a UPA para qualquer tipo de serviço de saúde.
CONCEITO – Aqui, o infectologista e ex-secretário Municipal de Saúde, Fernando Monti, apresenta uma leitura que merece citação: “O olhar sobre a UPA deve ser como extensão de atendimento da Atenção Básica e não como serviço de urgência”.
De fato, se os dados dos prontuários forem esmiuçados teremos, historicamente, serviços predominantemente da Atenção Básica de Saúde nas UPAs, uma extensão das UBS, na prática, ou uma espécie de rota de socorro para o usuário, dada a evidente falta de capilaridade de atendimentos dessa natureza diretamente nas UBs.
Ampliar PSF é necessidade diretamente proporcional a aumento de serviços de prevenção. Ampliar serviços nas UBS tem o mesmo sentido. O desafio fica para a resolutividade do sistema!
Nos dados de URGÊNCIA, verifica-se que o PSC respondeu por algo em torno de 17,1% da demanda registrada de atendimentos em 2019. Do total de 594.460 serviços registrados em Urgência, 102.060 ficaram no PSC. O restante, nesta classificação, é atendido nas UPAS.
Uma informação menos importante, de distribuição de serviços no ano, para registro é a de que, na média, a demanda por serviços cai no terceiro quadrimestre de cada ano na Atenção Básica (AB) tradicional, assim como nas UPAs.
Um dado que os números não mostram é que o comando da Saúde informou na audiência pública de fechamento de 2019 que houve concentração (proporcional) de volume um pouco maior de atendimentos na área de pediatria da UPA Bela Vista. A região Noroeste apresentou maior demanda de atendimentos para a dengue em 2019 (quando foi registrada a maior epidemia da história recente, com maior número de mortes).
De outro lado, o quadro a seguir identifica que a explosão da dengue em 2019 elevou o número de atendimentos no PSC em cerca de 80% a mais do que em 2018 e 2017. A dengue pressionou os gastos da Saúde com escalas. Em 2020, os números, até o primeiro semestre, voltaram ao mesmo patamar de antes de 2019 (sem o peso da dengue sobre os dados oficiais).
Ou seja, em 2019 não houve aumento de oferta de serviços para atendimento da população nas diferentes unidades de Saúde. O que houve foi maior demanda em razão do Aedes aegypt.
GINECOLOCIA: A Secretaria Municipal de Saúde apresentou, em audiência pública, que era necessário disponibilizar pelo menos 1 ginecologista para cada uma das 4 regiões da cidade. A medida ainda carece de implantação.
O quadro anterior também identifica que os serviços de pediatria foram criados recentemente, sendo apenas em 2018 na Bela Vista.
Outra informação, a totalização por área mostra que os serviços de Atenção Básica respondem por menos de 1/3 do total de atendimentos.
Da mesma forma, se estratificar a informação para a área de Saúde da Família, a proporção diante do quadro geral é ainda menor. A Secretaria de Saúde tinha, em julho de 2020, 6 unidades e 13 equipes do Médico de Família.
A ausência de plano de crescimento para a AB, incluindo Saúde da Família, confronta com a diretriz de que programas de saúde preventivos e de distritalização (por enfermidades, faixa etária e distribuição por regiões) gera maior eficácia na qualidade de acompanhamento de saúde da população, no tempo, e reduz gastos, se as ações forem permanentes e multifatoriais e atacando as principais incidências.
Pra piorar esse quadro, a decisão do governo Bolsonaro de “cortar” o Programa Mais Médicos com o contrato com os cubanos, ainda no início de 2019, gerou lacuna até hoje não restabelecida.
Veja no quadro a seguir que o + Médico absorveu importantes 22% dos atendimentos em 2019, com 52.286 registros na Atenção Básica. Bauru teve 26 médicos desse programa, segundo a Saúde informou na audiência de fechamento de dados de 2019 (realizada no início de 2020). A fim do contrato da União (com Cuba), levou Bauru a perder 14 médicos até o início de 2020. Neste julho (2020), o grupo foi reposto com outro tipo de contratação, contando hoje com 21 profissionais. Ainda assim, o quadro é inferior a estrutura de dois anos e, além disso, está muito distante de alcançar todas as regiões da cidade.
O próximo quadro distribui os dados de atendimentos especificamente para CONSULTAS ESPECIALIZADAS. A região Noroeste concentra a maior procura por esses serviços. Destaque para a representatividade do volume de registros da ação do Médico de Família nessa região da cidade:
ODONTOLOGIA: Já o próximo quadro apresenta ESTAGNAÇÃO preocupante dos serviços de odontologia pelo Município, inclusive com redução de serviços prestados no comparativo para boa parte dos indicadores. Embora a cidade seja, como se sabe, referência na formação de profissionais e estudos preventivos no setor, sobretudo em função da FOB-USP, a ação odontológica não acompanhou nem o crescimento vegetativo da população neste período.
Uma observação em torno da carreira: há pressão dos profissionais da área por equiparação de vencimentos com os médicos, medida apontada, por mais de um governo nos últimos anos, como ilegal.
Veja que tanto nos dados de ATENÇÃO BÁSICA quanto de URGÊNCIA há, inclusive, redução no volume de serviços (produção). A situação não reflete queda de demanda, mas da combinação de perda de profissionais e de produtividade.
PROGRAMA DE NUTRIÇÃO: Os dados a seguir refletem as informações oficiais prestadas pela Saúde de Bauru para o Programa de Nutrição Infantil e o de Suplementação Alimentar (PNSA).
Anotamos no apontamento financeiro da Saúde que, desde 2019, o governo do Estado não renova o programa de suplementação nutricional com Bauru. A Prefeitura teve de suportar despesa extra em seu Orçamento, inicialmente de R$ 800 mil a mais para o ano anterior. Conforme o convênio, até aqui não renovado, o custeio é 50% para Estado e Município.
Sem a renovação, ainda em 2020, a Saúde entrou este exercício tendo de arcar com a previsão total dessa despesa, ou R$ 1,6 milhão, também neste ano.
BOLSA FAMÍLIA X SAÚDE
O cumprimento das regras de condicionalidades para os inscritos no programa de transferência de renda em Bauru preocupa. Não só pelo descompasso entre o número de famílias inscritas e o contingente registrado na linha de pobreza (ver dados do eixo Emprego, renda e assistência social).
Em si, os dados identificam que praticamente 30% das famílias cadastradas não cumprem a rotina básica de encaminhar crianças para atendimentos em saúde.
Mas aqui, em ênfase, chama a atenção de que é evidente o aumento da pobreza, e da miséria, na periferia bauruense. Ou seja, a demanda real é maior do que a cadastrada. Além disso, a pandemia Covid-19 trouxe efeitos ainda mais devastadores sobre a crise econômica. Ou seja, certamente tem mais pessoas (crianças e adultos) para serem atendidas, ou que precisam tanto o poder público nas várias frentes assistenciais. Esta pressão, por sinal, vai aparecer sobre os setores de Assistência Social, Saúde e Educação ainda neste ano de 2020.
O (*) asterisco (da 2. Vigência) refere-se a dados que não foram completados no sistema até a apresentação, pela Saúde.
Dados adicionais de ações, serviços ou obrigações na Saúde de Bauru:
– A pasta realizou 41.672 transportes de pacientes para atendimento em outras cidades em 2019. A ação é chamada de UTP (Unidade de Transporte de Paciente).
– A Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar (EMAD) fez 15.676 visitas em 2019, contra 14.387 no ano anterior. A Independência e a Bela Vista são as regiões com maior demanda por esse serviço. O cadastro também identifica 349 pacientes visitados em suas casas que exigiam acompanhamento.
USUÁRIOS VULNERÁVEIS – em situação de rua
Os dados da Saúde apresentam, assim como da Sebes, a identificação de “bolsões” de permanência de dependentes químicos (sobretudo crack e álcool) em alguns pontos da área urbana, como na esquina do semáforo da Avenida Getúlio Vargas (ao lado do Confiança – ex-Paulistão), os arredores do Terminal Rodoviário e as praças Dom Pedro I e Machado de Mello.
Apesar disso, há, no âmbito da assistência, sobra de vagas em serviços como a Casa de Acolhimento (apenas 10 das 50 vagas ocupadas, na média). Veja dados de 2019:
Adendo: a Prefeitura de Bauru não tem planilhamento e nem gestão trans-setorial consolidada. Dados da Educação, Saúde e Assistência Social a serem cruzados, – com a formação de Núcleo de Ações Transetoriais – para políticas prioritárias, ou de maior abrangência, são uma carência antiga do governo.
O segmento mais vulnerável em saúde, renda, habitação, assistência social, educação e saneamento merece Grupo Setorial ligado diretamente ao Gabinete. Esta assessoria pode “amarrar” o projeto, assumindo o papel de cobrar e monitorar as ações entre as secretarias – que podem ser chamadas a indicar representante, cada uma, para responder, ao Gabinete, via coordenador, por essas ações.
SAÚDE MENTAL
Há deficiência nos serviços de saúde mental em Bauru. Apesar da criação de serviços, no governo Rodrigo Agostinho, a rede atual sofre – como nas demais áreas – com o jogo de empurra dos outros entes, que deixaram de atuar em linhas desse serviço.
Em relação aos serviços disponibilizados, um dos principais gargalos é o NÃO ATENDIMENTO DE CASOS GRAVES. A ação no setor, assim, se torna superficial, não agrega acolhimento multidisciplinar de fato e o atendimento, sem plano dirigido e com falha no acompanhamento, torna a realidade dramática para o público/usuário.
Em audiência pública realizada em julho de 2020, pela Câmara Municipal de Bauru, ficou claro divergência quanto ao modelo para superar os problemas atuais, sobretudo dos casos crônicos. Uma corrente considera a necessidade de internação obrigatória. Mas uma parcela de representantes (do Conselho Tutelar, sobretudo) menciona impedimentos legais para “obrigar” o dependente, mesmo em situação crônica e – sobretudo – reincidente, a ser internado.
De outro lado, o quadro atual mantém, em sua maioria, dependentes químicos (de álcool e drogas) distribuídos em cantos de praças (lugares abertos do espaço urbano). Aqui há outro impasse conceitual. Conselheiros e integrantes de entidades situam que, embora com boa intenção, a oferta de alimentos e outros auxílios fora das Casas de Acolhimento geram uma espécie de comodismo conveniente nesse público.
A questão é delicada, mas o relatório cumpre o papel de descrevê-la. Para uma parte dos que atuam no segmento, a oferta não dirigida e coordenada de ajudas voluntárias reforçaria oportunidade do dependente rejeitar exatamente as Casas de Acolhimento, por exemplo, onde teriam de se submeter a regras de conduta e convivência.
De acordo com representantes do Conselho Tutelar, muitos desses são, ainda, adolescentes. Não incomum, se prostituem ou recorrem à prática do furto para sustentar o vício.
O órgão sugeriu a instituição de Unidades de Acolhimento específicas para o tratamento de crianças e adolescentes em longo prazo (seis meses).
Também apontou como alternativa o serviço de Hospital-Dia, que estaria no meio termo entre o tratamento ambulatorial e o acolhimento.
A inexistência de leitos hospitalares para casos de urgência na cidade de Bauru também foi apontada, na audiência pública de julho deste ano.
Médicos psiquiatras defendem, por exemplo, a importância desse serviço em hospitais gerais para o atendimento a pessoas em situações de surto, reiterando que isso não conflita com os preceitos da luta antimanicomial. Da mesma maneira, os conselheiros tutelares opinam que o serviço de acolhimento deve ser a última opção como estratégia do tratamento e não dispor de semelhanças com as práticas dos antigos manicômios.
OFTALMOLOGIA
A carência por serviços oftalmológicos na cidade tem os mesmos ingredientes de outras áreas da saúde, onde o governo ou tem ações de prevenção sem cobertura ou conta com deficiências na periodicidade e abrangência dos serviços. Ou, ainda, a população que procura esta especialidade está na fila e vive da espera de mutirões, esparsos, demorados, pelo governo do Estado.
Conforme os dados levantados junto à administração municipal, Bauru tem pelo menos 5.000 pessoas na fila para realizar consulta oftalmológica (levantamento apontado pelo Ministério Público em Bauru) e outras 1.500 pessoas aguardam cirurgia de catarata (Base, AME e Hospital Estadual).
Os diabéticos não têm serviços para casos complexos na rede local e, conforme os indicadores da especialização, esse público tem 17 vezes mais chances de ter alterações relacionadas a oftalmologia. Além disso, os indicadores do sistema nacional de saúde trazem que 6% das crianças com até 6 anos podem ficar cegas (ambliopia – falta teste de acuidade visual na rede municipal e particular de ensino, apesar de haver lei municipal – autoria de Raul Gonçalves ). Em Bauru este público está sem atendimento e, por fim, como o glaucoma afeta 4% das pessoas com mais de 40 anos (indicador técnico) – e estas podem sofrer cegueira em razão disso – há também necessidade de programa para este segmento.
É necessário listar, no segmento, ações de saúde dirigidas à cobertura de pelo menos 83.100 pessoas com idade a partir de 60 anos, conforme o IBGE.
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
O objetivo dos apontamentos abaixo é identificar ações que estão no caminho certo, entre as diferentes experiências na gestão realizada pelo Departamento de Saúde Coletiva da Prefeitura de Bauru, e mencionar medidas a serem consideradas para incorporação.
Assim, seguem informações sobre ações e serviços em relação a doenças, controle de vetores e serviços deste segmento na Saúde Municipal.
Entre técnicos consultados no setor, um ponto em comum reforçado é a necessidade da política de saúde municipal levar em conta – com planejamento de curto, médio e longo prazo – a relação entre ASSISTÊNCIA E VIGILÂNCIA.
Ou seja, o comportamento em relação ao sistema de saúde em todo o País, tanto por parte dos gestores quanto por parte dos usuários, tende a dar maior atenção (em ações e financiamento ) para a assistência. A medida é, de forma compreensível, explicada pela pressão por atendimentos, em um País com imensas desigualdades socioeconômicas. Mas a visão, mesmo na Atenção Primária, guarda um equívoco de origem que só poderá ser resolvido se nova diretriz foi adotada como política de saúde.
De um lado, a experiência nas redes municipais e os estudos acadêmicos já consolidaram que atuar em PREVENÇÃO é, no tempo, mais eficiente e mais barato do que atuar na mediação da DOENÇA. O diagnóstico é trazido ao tempo deste 2020, mas como se o iluminado Davi Capistrano estivesse aqui, pontuando a formação de política comunitária de saúde, descentralizada, com ênfase para a Atenção Básica (no papel essencial do gestor local) e o pé na prevenção.
Mas os ciclos governamentais de quatro anos acabam pressionados em manter o eixo da assistência como principal diretriz, até por boa dose de nossa cultura de assistência hospitalocêntrica, por várias razões. Assim, médicos, técnicos, Unidades de Pronto Atendimento, insumos e remédios acabam sendo o caminho natural dessa correlação.
E como o setor é subfinanciado há anos (com a defasagem antiga da tabela SUS e o afastamento de Estado e União, proporcionalmente) do custeio, os prefeitos costumam atender esta lógica, já que a fome, desnutrição e miséria acentuam a fila no dia a dia, sem trégua.
Os dados a seguir, por área de ação, mostram, entretanto, de outro lado, – e também apontam – que estruturar AÇÕES DE VIGILÂNCIA colaboram para transformar o setor, no tempo. Mas é uma decisão política que – dada a distorção acumulada e a demanda reprimida em uma sociedade doente – exige adoção como plano gradual temporal, sem a pressa da fila no Pronto Socorro ou das urnas.
A seguir, vamos à menção por ações específicas.
Dengue – a cidade tem o maior registro de casos notificados da história, com o maior número de mortes em 2019. Oficialmente, mais de 26.250 casos e 42 óbitos divulgados oficialmente.
Mas olhar os números frios do gráfico da dengue significa, em síntese, apenas reconhecer 2019 como o ano da maior epidemia da história na cidade. Mas se o desafio for compreender a ação de saúde em dengue, seus ciclos e projeções, o aprendizado prático nas estruturas de saúde mostra que o caminho é o de olhar o ÍNDICE PREDIAL.
Isto porque, conforme os especialistas, o ÍNDICE PREDIAL traz o risco que a cidade corre, pois “mede” a presença da larva nas casas (onde estão 85% dos casos de dengue no levantamento dos registros até aqui).
O número de casos, em si, não serve de ferramenta para “atacar a dengue” porque basta que um novo vírus se apresente (um novo sorotipo, por mutação) para que uma comunidade sofra com a repetição de aumento vertiginoso de registros em um determinado período.
Vale lembrar que o ÍNDICE PREDIAL é regulamentado pela Sucem (órgão estadual), com verificação anual obrigatória em todo mês de outubro.
Mais informações no item Arboviroses, logo à frente.
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) –
A pandemia Covid-19 estabelece histórico sem precedentes, com explosão de infectados e de óbitos na cidade, assim como em todo o mundo.
O quadro abaixo identifica o histórico anterior, apenas como indicador, mas a “história” do segmento tem explosão, sem precedentes, em 2020, com a pandemia Covid-19 ainda em andamento.
Há, entretanto, apontamentos necessários ao se falar de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG):
. Bauru tem histórico de prevalência de Influenza e H1N1. Para esses dois casos, a manutenção da cobertura vacinal é fundamental.
. O monitoramento, por ação ativa, dirigida, da população a partir de 60 anos, tem de ser política permanente. A adoção do CARTÃO SUS, com informatização da Saúde, pede que seja unificado o sistema de dados, com micro-territorialização de casos e públicos, por segmento.
. Aqui, inclui-se a necessidade de avaliação cruzada, com faixa etária, territórios de saúde locais e pacientes com comorbidades. A ação (e ampliação) das equipes dos programas de Saúde da Família é essencial nessa lógica intrasetorial.
. A experiência da vacinação nas casas dos idosos é uma ação bem sucedida, com campanhas programadas, no setor. A cobertura vacinal conquistada na primeira vez, em anos, em que o serviço foi domiciliar foi quase de 100%.
Em 2020, independentemente da Covid, em si, as mortes por SRAG explodem em Bauru. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram 247 registros.
Mas, observe: isso sem contar outras 299 mortes por Covid (conforme registros em Cartório e com casos da doença confirmados por exame PCR-RT pelo Instituto Adolfo Lutz).
Leishmaniose –
Como se sabe, o principal ator na infecção por leishmaniose no ciclo urbano é através do cão infectado.
Há identificação de queda acentuada de óbitos a partir de 2016. O uso da coleira repelente em cães em áreas de maior risco está entre ações que surtem resultados, contam os técnicos do setor.
Mas, a rigor, a ação de controle combinada com redução “natural” de indicadores em históricos de leishmaniose, após ocorrência epidêmica, é acontecimento esperado. Assim, a tendência é que, após o pico, os registros passem a ser de endemia, com controle em seguida se o monitoramento for mantido no meio.
Outra ação sanitária global importante é a aposta na educação de saúde coletiva. O mosquito palha, vetor da doença, pica o cão infectado, se infecta e pica o homem. Eliminar locais úmidos e com matéria orgânica é elementar.
Aqui um destaque: SOMBRAS EM QUINTAIS, COM ESTERCO, OU MATÉRIA ORGÂNICA ACUMULADAS DE FORMA DESAVISADA EM “CANTOS” DE IMÓVEIS NÃO PODEM SER DESPREZADAS. Mas essa conscientização exige campanha e ação educativa específica para essa situação.
Mas vamos a apontamentos de natureza técnica, levantados junto à Diretoria de Saúde Coletiva:
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose cujo reservatório doméstico é o cão, entretanto existem muitos outros “atores“ envolvidos. A degradação ambiental é um importante fator.
Se acompanharmos a evolução da doença e o seu trajeto no mapa do estado de São Paulo; observamos que, nitidamente, ela se sobrepõe ao caminho percorrido pelo gasoduto Bolívia-Brasil e a rodovia Marechal Rondon. Os flebotomíneos, vetores da LV, na ausência de seus hospedeiros silvestres para realizar o repasto sanguíneo, onde seu habitat foi destruído pelas ações antrópicas, encontram condições ideais para reprodução e alimentação nas periferias das cidades (locais em geral com deficiência no saneamento básico).
Apesar da educação ambiental ser realizada pela equipe do IEC (Informação, Educação e Comunicação) e também no atendimento telefônico, no balcão e em todas as visitas zoossanitárias e nos trabalhos realizados pela equipe de visita do controle de arboviroses, a situação permanece.
Assim, é um assunto bastante abrangente e que envolve a compreensão, a educação (global) e a boa vontade das pessoas a serem atingidas, além de políticas públicas com participação de outras secretarias.
Diante deste cenário, a Prefeitura de Bauru, em parceria com o Instituto Adolfo Lutz (IAL)/Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (UNESP) participa de um projeto de pesquisa intitulado: “INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS EM SAÚDE PARA O DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE BAURU, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL”; no qual são desenvolvidas ações (interrompidas pelo COVID 19) no diagnóstico, na transmissão (uso de coleiras impregnadas com deltametrina e bisnagas para gotejamento), na prevenção (vacina) e no tratamento dos animais infectados com miltefosina.
Tuberculose –
A doença mantém a prevalência histórica em Bauru, conforme o gráfico, nos últimos anos. Combater tuberculose significa manter programas permanentes em relação a moradores que apresentam quadro de tosse persistente e emagrecimento. Assim como a ação ativa com grupos vulneráveis, como o programa Consultório de Rua, é medida elementar.
Assim como nas demais doenças, a Rede Básica de Saúde tem de estar integrada, com prontuário horizontal, e a Avaliação Sistêmica de Gestão consolidando e discutindo os relatórios diretamente junto ao secretário de Saúde.
Conforme a administração, a informatização com prontuário integrado aguarda inclusão apenas do Pronto Socorro na base de dados. Mas a gestão ativa, com núcleo sistematizado de consolidação de dados, ainda é incipiente.
Raiva – O histórico de mordeduras está controlado em Bauru, ao menos nos números notificados a partir de casos informados de tratamento ou orientação por acidentes com cães e gatos.
Mas, a rigor, a raiva em si era uma ocorrência que já tinha de ter sido controlada. A vacinação anual da população de Pets, evidentemente, é a ação essencial. Mas em 2020 a vacina não foi realizada! Segundo o Governo Federal, houve falta de insumos.
Outra preocupação é que o número de gatos vacinados é menor do que a população existente. Não há “hábito” entre os proprietários de levar gato para vacinar, ao contrário de cães. Campanha direcionada a vacinação do felino é uma opção.
Outro destaque, o gato é caçador, de hábito noturno, assim como o morcego. Assim, a cadeia identifica como fator de risco a possibilidade de morcegos morderem gatos, ou pessoas.
O reconhecido aumento da população de animais de estimação, domésticos, sobretudo de cães nos últimos anos, merece atenção específica, setorial, do controle de vacinação a política de controle da população dos animais de rua.
Seguem apontamentos técnicos da área e gráficos:
A raiva é uma zoonose de causa viral caracterizada por uma encefalite progressiva aguda com aproximadamente 100% de letalidade.
No Brasil, foram descritas 7 variantes antigênicas. As variantes AgV1 e AgV2 (variantes caninas) responsáveis pela sintomatologia agressiva do cão, não são detectadas no Estado de São Paulo desde 1994.
A variante que circula entre os cães atualmente é a AgV3 (variante do morcego) que por um fenômeno denominado “Spill over”, no momento em que o cão ou gato entra em contato com um morcego com raiva, o vírus é transmitido para outra espécie animal. Contudo, essa variante causa nos animais sintomatologia de raiva paralítica.
Assim, os animais acometidos (cães, gatos, herbívoros) não se tornam agressivos; diminuindo assim o risco de transmissão de animal para animal e do animal para o homem. Por tais razões e pela escassez de vacina (informações repassadas pelo Ministério da Saúde no 12º Seminário de Vigilância e Controle da Raiva- São Paulo), as campanhas de vacinação antirrábicas foram priorizadas nas áreas com maior número de casos. Lembremos que a vacinação da raiva não foi realizada em Bauru em 2020.
Abaixo, seguem dois gráficos extraídos do seminário, demonstrando a mudança do perfil da Raiva no Brasil e no Estado de São Paulo.
Casos humanos transmitidos por cães, raiva em cães e cobertura e vacinal, Brasil, 1999-2018
Escorpião –
A maior concentração de casos em único ponto, denúncias e capturas de escorpiões está no Cemitério do Jardim Redentor. Lá, a Vigilância Epidemiológica identificou problemas com acúmulo de lixo e deficiências na manutenção de túmulos. Por região, o maior índice está no Jd. Ouro Verde.
Escorpião, apontam técnicos, gosta de barata e eliminar lixo, restos de comida, dessinsetização química e frestas em túmulos é medida fundamental no local com infestação.
Locais úmidos, com matéria orgânica e eliminação de entulho integram as ações básicas, no tripé de controle de Acesso, Abrigo e Alimento. Conforme a Saúde, o verão tem aumento de casos.
Referente ao trabalho de controle do artrópode, a Secretaria Municipal de Saúde ressalta que o trabalho específico é relativamente novo no município, sendo iniciado em Dezembro de 2018 em conformidade com o Manual do Ministério da Saúde e Normas Técnicas da Sucen.
A Diretoria de Saúde Coletiva aponta que tem verificado, de 2018 a junho de 2020, maior número de acidentes escorpionicos no Microterritório Sul e Norte, sendo que no Microterritório 05 (Sul) – Área de abrangência da UBS Ouro Verde foi o que apresentou o maior número de notificações de acidentes, seguido do Microterritório 08 (Sudeste) – Área de Abrangência da UBS Redentor, conforme gráficos abaixo.
Além da priorização das visitas em casos de acidentes, outra vertente do trabalho é o controle realizado nos cemitérios, sendo que o Cemitério Municipal do Jd. Redentor após visitas realizadas nos outros existentes no município é o que apresenta maior infestação de escorpião, tendo de serem priorizadas as visitas de busca ativa no mesmo, bem como tratativas junto a EMDURB para adequações necessárias no espaço físico.
Atualmente o Plano Municipal de Controle de Escorpião encontra-se em fase de atualização. Um dos gráficos abaixo mostra que os registros estão reduzindo, embora ainda acima do patamar de anos anteriores.
ACIDENTES COM ESCORPIÃO EM BAURU 2010 a 2020.
HIV –
Os dados da incidência mostram que, de 2013 para cá, os registros mais que dobraram. Os técnicos da Saúde apontam arrefecimento na consciência cultural de cuidados, reflexos do menor uso de proteção nas relações sexuais e incidências específicas como alguns indicadores da situação.
Por incidências específicas, os técnicos apontam a chegada do protocolo de proteção (Prep) onde parte dos usuários infelizmente “aproveitam” o uso do medicamento como forma equivocada de se “livrar” da contaminação. Ou seja, praticam sexo sem proteção considerando que o uso do medicamento (na ação Prep instituída na rede) resolve.
Outro fator mencionado é o aumento de casos envolvendo a prática de relação sexual sem proteção entre idosos.
Sífilis em adulto, gestante e congênita –
De 2014 para cá, o mapa da sífilis apresentou elevação de registros em Bauru. Conforme os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, a situação se repete em todo o País.
Na cidade, conforme os diretores da área, o gráfico também pode refletir outros componentes. Um deles é de que o programa de monitoramento da sífilis foi retomado a partir de 2017, segundo o governo, com ênfase para a diretriz de inserir o parceiro no registro e tratamento.
Segundo os especialistas, o aumento de sífilis reflete, em boa parte, o fato de parceiros estarem mantendo relações sexuais fora do casamento sem proteção. A evolução da sífilis entre gestantes e congênita confirmariam, em boa parte, esta situação.
Mas a direção da área considera que maior eficiência na ação de detecção da sífilis seja outro componente informado nos gráficos. A ação precoce é fundamental para o combate da doença.
Vacina cobertura até 1 ano –
O programa permanente de vacinação em crianças está presente nos dados, com cobertura adequada aos tipos preconizados.
A cobertura apresenta índice abaixo do referenciado pelo Ministério da Saúde apenas para a vacina Penta, com apenas 67,2%. Faltou insumo para esta vacina em 2019, conforme o Governo. Mas vale ressaltar que o dado é referente aos quatro últimos meses de fechamento de 2019, que, por outro lado, representam cumulatividade do ano.
Arbovirose –
Considerações referentes às ações de Enfrentamento e Controle do Vetor Aedes aegypti:
Seguindo os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde (https://www.saude.gov.br/noticias/svs/42279-parametros-ace-municipios) o Município de Bauru deveria contar com o quantitativo de 219 agentes de controle de endemias para realização das atividades de prevenção. Em Janeiro de 2017, a Prefeitura contava com 122 agentes e, atualmente (julho 2020), com 141: um incremento de 19 agentes no período de 2017-2020. Apesar deste aumento no número de agentes, o montante ainda representa apenas 64% de profissionais necessários para a execução das ações previstas nas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (2009).
Os indicadores entomológicos, como é o Índice Predial “IP”, são de suma importância para a organização e priorização das ações de controle vetorial. Porém, o IP deve ser avaliado em conjunto com outros indicadores entomológicos existentes, como o índice de Breteau “IB” e o Índice de Recipiente “IR” para que se faça a avaliação de forma assertiva, observando o dinamismo da Infestação por região e tipo de recipientes predominantes.
Por indicação do Ministério da Saúde, através do Grupo de Pesquisa do Arboalvo, o município de Bauru previu a implantação do monitoramento entomológico com armadilhas ovitrampas no ano de 2020, que foi interrompido em decorrência da situação de emergência em saúde pública ocasionada pelo COVID-19. O monitoramento realizado por essa metodologia possibilita análise da infestação, através do padrão de oviposição do Aedes com frequência semanal e/ou quinzenal, sendo possível direcionar ações com maior agilidade.
Outros indicadores importantes para acompanhamento e direcionamento das ações são os gerados pelo trabalho realizado nos considerados “imóveis de risco”, como os Imóveis Especiais “IE” (imóveis selecionados em função do risco que oferecem à disseminação da transmissão, dada a circulação ou permanência de grande número de pessoas como escolas, universidades, hospitais etc…), Pontos Estratégicos “PE” (imóveis selecionados pela elevada oferta de recipientes em condições de se tornarem criadouros como Ferro Velho, Sucatas, Depósito de Recicláveis, Borracharias entre outros) e Obras (canteiros de obras de grande porte como condomínios verticais, ativos ou inativos).
Aqui cabe observar que a Emdurb tem pendência, há anos, no programa de sua responsabilidade de localização, autuação e retirada de sucatas nas ruas (carros abandonados, cujas carcaças são potencial criadouro e multiplicador do mosquito, larvas, etc). Já os desmanches e sucatões clandestinos, segundo a Seplan, estão migrando para áreas “escondidas” na zona rural, com difícil acesso à fiscalização, o que agrava a situação e tem de ser combatido.
De outro lado, durante o ano de 2019 foi implantado o controle químico com o inseticida Espinosade sendo aplicados em 25 PEs de alto risco a fim de diminuir a proliferação do vetor na região onde se encontram instalados. Durante o período identificamos redução de positividade anual de 21% em 2018 para 15% em 2019.
Sendo os Pontos Estratégicos um dos grandes problemas para controle vetorial no município, a Secretaria Municipal de Saúde informa que está sendo estruturado o serviço de fiscalização específica para esses estabelecimentos para o cumprimento das normas sanitárias vigentes.
Para fins de definição de estratégia de enfrentamento das arboviroses, os Indicadores Epidemiológicos devem ser priorizados uma vez que esses demonstram o dinamismo da circulação viral e a distribuição geográfica no município, aponta o diretor da área, Luiz Cortez. Mas ele observa que nem sempre a região mais infestada é a de maior transmissão podendo, por diversos motivos (características geográficas, densidade populacional, indicadores sociais), existir áreas mais receptivas e vulneráveis para a transmissão de arboviroses.
Em 2019, em consonância com o Ministério da Saúde e Fiocruz, a vigilância epidemiológica realizou estudo caracterizando e estratificando os casos de Dengue por Macro e Microterritórios baseados no histórico de transmissão. Neste estudo foram apontadas áreas com maior receptividade e vulnerabilidade para futuras epidemias, sendo verificado que 69% da transmissão, historicamente, ocorreram nos territórios Noroeste e Sul, sendo então estabelecidos esses macroterritórios como prioritários para ações de enfrentamento às arboviroses (conforme ilustração).
Outros Serviços –
– Ambulatório Municipal de Fisioterapia foi criado em novembro de 2019.
– Casa da Mulher, com mamógrafo (o primeiro da Prefeitura), inaugurada em dezembro 2019.
LEITOS HOSPITALARES
Como constatação, tem-se que a Prefeitura de Bauru não conta com leitos hospitalares para internação intensiva. Este papel é desempenhado pelo governo do Estado que, em Bauru, adota o serviço através de contratos de gestão com a Organização Social Famesp.
Na estrutura municipal, há leitos de observação, e alguns com equipamentos básicos (monitor multiparamétrico e salas com entradas para oxigênio) no Pronto Socorro Central e UPAs. O antigo PAI (Pronto Atendimento Infantil) está adaptado neste momento como Posto Covid, com 8 respiradores. (Outros 30 respiradores foram enviados pela União e Governo Estadual em 21 de julho de 2020, para tentar reduzir a pressão de retaguarda sobre o aumento de casos Covid-19). No início de 2021, a União enviou mais 30 respiradores.
Da estrutura própria, a Prefeitura anunciou reforma do Pronto Socorro com verba a vir de contrapartida de empreendimento na Zona Oeste, onde o governo destinou terreno para 1.900 moradias (por edital), tendo como exigência para a destinação da gleba o custeio da reforma do P S. O projeto foi paralisado por divergência na cotação da gleba inserida no edital (R$ 27 milhões). Ele está engavetado.
Vale pontuar que no início do governo Gazzetta, ainda em 2017, o prefeito anunciou que assumiria o Hospital de Base, com previsão de custeio com utilização de R$ 4 milhões mensais com recursos da prefeitura. O Estado, na ocasião, informou que o custo do Base era de R$ 9 milhões/mês. A distribuição do Orçamento da Saúde, neste relatório, mostra que não há fonte de financiamento para esta medida. Além disso, o governo do Estado inseriu, na proposta, o Município assumir o passivo da antiga AHB. O valor ultrapassava a R$ 100 milhões. O Base ficou com o Estado, sob gestão da Famesp.
No novo governo, de Suéllen Rosim, o secretário de Saúde, Orlando Costa Dias, defende a criação de Hospital Municipal para instalar leitos UTI e reduzir a dependência do Estado. Mas o custo é elevado, para manter os serviços no tempo.
Hospital Estadual
O HE atende, na microrregião, a 38 municípios, uma população considerada pela DRS-6 de em torno de 600 mil habitantes. Em torno de 20% desse público não utiliza o SUS, ou tem algum tipo de plano de saúde privado ou é usuário do Iamspe. O restante utiliza a rede pública.
O HE tem 280 leitos, distribuídos em serviços de alta e média complexidade na forma abaixo. A pandemia coronavírus mudou essa configuração, com 56 leitos UTI (até 21/7/2020) e 62 leitos clínicos também pra Covid. Mas, ainda antes do final de 2020, em plena pandemia, o Estado reduziu os leitos Covid a 50 UTIs no HE.
No início de janeiro deste ano, mesmo sob colapso no sistema, o Estado atrasou a entrega de UTIS adicionais no Hospital das Clínicas. Em março, sob ordem judicial, Estado, Famesp e Prefeitura foram chamados a instalar 10 UTIs Covid no HC, em 30 dias, com aplicação de multa diária em ação de execução de sentença por falta de leitos para a demanda de saúde local.
Ou seja, o HE alterou substancialmente sua configuração para atender a pactuação de ser referência na região para a Covid-19. Mas a redistribuição foi realizada dentro dos mesmos 280 leitos no total. Com 58 UTIs Covid, em 15 de março de 2021, foram sacrificados leitos para serviços de queimados, por exemplo, e pacientes graves em traumatologia e infarto passaram a ser atendidos no Hospital de Base. Em nenhuma das duas unidades, porém, houve aumento de leitos para suportar em específico a nova demanda Covid.
No histórico, as falhas perduraram ao longo da pandemia. Vale lembra que, apenas no final de junho de 2020, o Estado abriu o HC, no Predião da USP, com apenas 40 leitos clínicos iniciais. Porém, o estudo de capacidade realizado pela DRS-6, e entregue ao Ministério Público Estadual e governo Doria, era para 172 leitos. No oitavo andar, uma ala com capacidade para 21 leitos UTI aguarda estrutura (operacional e de pessoal) para ser aberta.
O contrato (inicial) entre Famesp e Estado foi para cinco meses, prorrogáveis por mais cinco meses, para atender Covid no HC.
Quando a pandemia se encerrar, com vacinação em massa (encerrando os moldes atuais – com novas cepas ampliando transmissão), a configuração do HE, no pós-pandemia, deve voltar para sua origem, conforme a diretora da unidade, Deborah Maciel, conforme abaixo:
Estrutura física assistencial
A estrutura do Hospital é composta de quatro blocos distintos:
- BLOCO I e II: Administração, Apoio, Instalação hospitalar;
- BLOCO III: Ambulatórios, Hemodiálise, Ressonância
- BLOCO IV: Suporte técnico
Capacidade Instalada:
- 8 Unidades de internação:
UNIDADE | Nº LEITOS |
Coronariana | 19 |
Queimaduras | 12 |
Pediátrica | 34 |
Cirúrgica | 86 |
Clínica Médica (3) | 107 |
Oncológica | 22 |
TOTAL INTERNAÇÃO | 280 |
Fonte: Gerência de Enfermagem do HEB
- 6 Unidades de Terapia Intensiva:
UNIDADE | Nº LEITOS |
Adulto | 11 |
Cirúrgica | 5 |
Pediátrica | 11 |
Queimaduras | 4 |
Coronariana | 9 |
Centro de Terapia Intensiva (CTI) | 10 |
TOTAL UTI | 50 |
3 Centros Cirúrgicos:
UNIDADE | SALA CIRÚRGICA |
Principal | 10 |
Ambulatorial | 3 |
Queimaduras | 2 |
TOTAL DE SALAS | 15 |
. Ambulatório Geral de Especialidades:
AMBULATÓRIO | SALAS |
Consultórios | 35 |
Procedimentos, apoio e exames | 27 |
TOTAL DE SALAS | 49 |
- Acolhimento:
ACOLHIMENTO | LEITOS |
Leitos de observação | 3 |
Leitos de internação | 6 |
TOTAL DE LEITOS | 9 |
- Serviços e Tratamentos Clínicos:
- Centro de Terapia Renal Substitutiva;
- Centro de Tratamento Oncológico.
- Outros Tratamentos não Médicos (Fisioterapia, Fonoaudiologia, Odontologia, Serviço Social, Psicologia, e Terapia Ocupacional)
- SADT – Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutica:
- Centro Diagnóstico por Imagem: Tomografia, Raio X, Ultrassom, Mamografia, Endoscopia, Eletroencefalograma;
- Centro Diagnóstico Cardiovascular: Hemodinâmica, Ecocardiograma, Doppler, Eletrocardiograma, Holter, Mapa, Avaliação Ergométrica (esteira);
- Serviço de Ressonância Magnética;
- Laboratório de Análises Clínicas;
- Laboratório de Anatomia Patológica;
- Agência Transfusional.
- Assistência Farmacêutica:
- Farmácia Hospitalar: 1 Farmácia Central e 2 Farmácias de Apoio (Centro Cirúrgico e Quimioterapia);
- Farmácia de Medicamentos Especializados – FME.
Especialidades médicas:
- Acupuntura
- Alergologia e Imunologia pediátrica
- Anestesiologia
- Cardiologia adulto e pediátrica
- Cirurgia Cabeça e Pescoço
- Cirurgia Cardíaca adulto
- Cirurgia Geral
- Cirurgia Oncológica
- Cirurgia Pediátrica
- Cirurgia Plástica
- Cirurgia Torácica
- Cirurgia Vascular
- Clínica Médica
- Dermatologia
- Endocrinologia adulto e pediátrica
- Gastroenterologia adulto e pediátrica
- Ginecologia
- Hematologia
- Infectologia
- Mastologia
- Nefrologia adulto e pediátrica
- Neurologia adulto e pediátrica
- Oftalmologia
- Oncologia adulto e pediátrica
- Ortopedia e traumatologia adulto e pediátrica
- Otorrinolaringologia
- Pneumologia adulto e pediátrica
- Psiquiatria
- Reumatologia adulto e pediátrica
- Traumatologia
- Urologia adulto e pediátrica.
Especialidades não-médicas:
Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia hospitalar, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Procedimentos diagnósticos e terapêuticos
- Audiometria/Imitanciometria
- Broncoscopia
- Biópsias guiadas por Ultrassom ou Tomografia Computadorizada (p.ex. linfonodos, cervical, pulmonar, mamária, pancreática, próstata, renal e hepática)
- Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF)
- Core Biopsy
- Uretrocistoscopia
- Uretrocistografia
- Colposcopia
- Densitometria Óssea
- Eletrocardiograma
- Ecocardiograma/Doppler
- Endoscopia Digestiva Alta
- Colonoscopia
- Eletroencefalograma
- Espirometria
- Exames oftalmológicos (p.ex. angio-oftalmo, OCT, biometria, campimetria, dacriocistografia e ultrassom ocular)
- Exames de análises clínicas
- Exames de cito e anatomopatologia
- Laser para uso oftalmológico e odontológico
- Mamografia
- Nasofibroscopia
- Hemodinâmica
- Hormonioterapia
- Holter/MAPA
- Pulsoterapia
- Quimioterapia
- Radiologia Simples e contrastado
- Ressonância Magnética
- Teste Ergométrico
- Tomografia Computadorizada
- Urofluxometria
- Ultrassonografia (simples e doppler).
Procedimentos cirúrgicos
Cirurgias ambulatoriais de pequena e média complexidade e Hospital Dia, nas especialidades: dermatológicas, cirurgia plástica, oftalmológica (ex. pterígio, calázio, blefaroplastia e catarata), urológicas, proctológicas, ginecológicas, ortopédicas.
Cirurgias hospitalares nas especialidades de cirurgia cardíaca, cabeça e pescoço, geral, pediátrica, plástica, vascular, ginecológica, oncológica, urológica, ortopédica, otorrinolaringológica.
Hospital de Base
Ainda sob os efeitos da crise do caso Odontoma (Ministério Público), o HB aguarda investimentos do Estado para se atualizar.
Uma ação judicial em andamento, de autoria do promotor de Saúde na região, Enilson Komono, lista as carências operacionais – sobretudo em equipamentos – para as unidades hospitalares públicas de Bauru, com destaque para o Base e a Maternidade. A diferença é que a Maternidade recebeu investimentos em reforma de estrutura recentemente. Já o Manoel de Abreu está com obras paradas há vários anos.
Na ação judicial, estão separados os casos mais graves, como o sucateamento de mamógrafos, ultrassom, tomógrafos, Raio X, mesas cirúrgicas, gerador, ambulâncias, hemodinâmica, litotriptores como os mais graves em falta, ou sem funcionar. O Hospital de Base, conforme a medida judicial, consome R$ 742 mil/ano somente com aluguel de equipamentos, aponta o promotor.
Na configuração original, antes da pandemia, até o início de março do ano passado, o Base mantinha perfil diferente do atual em assistencial em saúde, sendo:
“Hospital Geral de referência em trauma e urgência e emergência, com maior volume de internação da microrregião de Bauru (18 municípios), microrregião de Jaú (11 municípios) e microrregião de Lins (9 municípios), assim como nossa oferta de exames externos (SADT Externo), também para essas três microrregiões.
132 leitos de internação clínica e cirúrgica, além de 28 leitos de UTI; oito salas cirúrgicas e os serviços do Hemonúcleo e da Hemodiálise regionais”.
As especialidades médicas do contrato entre Famesp e Estado para o Base incluem: Clínica Médica, Cardiologia, Cirurgia Cabeça e Pescoço/Otorrino, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Bucomaxilofacial, Hematologia/hemoterapia, Nefrologia, Infectologia, Neurocirurgia e Neuroclínica, Oftalmologia, Ortopedia-Traumatologia, Urologia.
A área Multidisciplinar do Hospital de Base de Bauru (HBB) é atualmente composta das seguintes especialidades: Enfermagem, Farmácia Clínica, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição Clínica, Psicologia Hospitalar, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Mas veio 2021 e o governador João Doria reduziu o financiamento da Saúde nos hospitais contratados em 1% ao mês, impactando perdas de R$ 24 milhões em serviços de Saúde que antes eram realizados pela Famesp em Bauru.
O quadro é, assim, ainda mais precário, uma vez que a demanda reprimida por serviços (cirurgias e exames adiados desde o início da pandemia) é gigantesca.
REPACTUAÇÃO, o desafio
O governo municipal tem de discutir junto ao governo do Estado a repactuação dos serviços em Bauru, considerando a reforma anunciada e não iniciada no Hospital de Base, a reforma em andamento do Manoel de Abreu e a ausência de serviços locais para casos, por exemplo, como o de cirurgias neuropediátricas, cujos pacientes são levados para a Unesp de Botucatu.
Outra necessidade é o modelo e composição de serviços do Hospital das Clínicas e seu projeto diante do curso de Medicina, através da Universidade de São Paulo (USP).
A regulação de vagas (sistema Cross) e sua relação com a fila de espera, de anos, no sistema de saúde local é outro desafio.
Represamento de cirurgias, consultas e exames
Conforme projeção do presidente da Famesp, Antonio Rugolo Júnior, (ainda durante a pandemia, em 2020) a demanda represada somente por atendimentos especializados dobra no pós-pandemia. Isso porque os hospitais públicos do Estado em Bauru, assim como em outras localidades, adiaram, desde março de 2020, a realização de boa parte da demanda. Apenas casos graves foram sendo efetivados, ainda assim, com restrições.
Em consultas e exames a fila já era para espera por 65 mil procedimentos, ainda em agosto de 2020. Sendo 39 mil consultas e 26 mil exames apenas no levantamento oficial da Secretaria Municipal de Saúde.
Mas o histórico de filas para exames e consultas é antigo. Em 2008, em matéria do Jornal da Cidade, a fila era de 24 mil consultas e 13 mil exames. Em 2017, primeiro ano da gestão Gazzetta, 51 mil consultas e 30 mil exames.
No ano passado, as especialidades com maior espera para consultas foram oftalmologia (7.499), ortopedia (7.268), gastro (3.506, cardiologia (2.364 e psiquiatria (2.090). Em exames, ultrasson transvaginal (6.775), ecocardiograma (4.404), endoscopia (2.962), ultrasson geral (2.800) e de mama (2.315).
E 2021 chega ao seu primeiro trimestre com atrasos no cronograma de imunização Covid em todo o País e restrições de circulação que vão ampliar perdas financeiras e quebradeira no comércio e serviços (principal atividade de Bauru). Isso tudo ao custo de aumento nos óbitos.
Parabens Nelson. Trabalho solido, objetivo, amplo e profundo. Elevado grau de perspicácia investigativa. Autentico e real mapa da mina oferecido aos gestores para descobrir o tesouro pelo qual todos nós sofremos e ansiamos. Valeu!