Seu cérebro está apodrecendo?

Por Gustavo Cândido

Calma! O título é forte, mas o assunto é sério. Há alguns dias o termo “brain rot” foi escolhido como palavra do ano pela Oxford Languages, departamento da famosa universidade inglesa. Literalmente traduzido como “podridão cerebral”, a expressão é definida como “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material considerado trivial ou pouco desafiador”.
Brain rot não é um termo novo. No clássico da literatura “Walden”, de Henry David Thoreau, publicado em 1854, o autor americano usa a palavra para criticar a tendência da sociedade em desvalorizar ideias complexas por conta do pouco esforço mental e intelectual.
Segundo os especialistas de Oxford, “podridão cerebral” ganhou mais importância em 2024 – tendo sido usada 230% mais vezes do que em 2023 – como uma expressão usada para “capturar preocupações sobre o impacto do consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade, especialmente nas mídias sociais”. A palavra foi escolhida após uma votação pública com a participação de mais de 37 mil pessoas.
Resumindo: muita gente acha que o excesso de conteúdo online está enfraquecendo o cérebro.
Eu tendo a concordar com isso. E você?
Sintomas da “podridão cerebral”
No início deste ano, o Newport Institute, um centro de saúde mental nos Estados Unidos, publicou um artigo sobre a “podridão cerebral” definindo-a como um estado de declínio cognitivo e fadiga mental resultante de uma exposição excessiva a telas digitais e sobrecarga de informações.
Embora não seja um diagnóstico médico oficial, o instituto reconhece o fenômeno como real e cita sintomas comuns:
Fadiga mental e dificuldade de foco

– Um cansaço constante e uma falta de concentração que dificulta a organização de ideias e a execução de tarefas diárias.

Declínio cognitivo

– Redução na capacidade de tomar decisões, resolver problemas e reter informações, o que também gera falta de produtividade.

Alterações emocionais

– Sensação de agitação, ansiedade e até mesmo episódios depressivos podem estar presentes.

Comportamentos específicos relacionados ao uso de tecnologia

– Atividades como “doomscrolling” (consumo compulsivo de notícias negativas) e “zombie scrolling” (rolagem sem propósito em redes sociais) intensificam os sintomas.
Como saber se você está sofrendo com esse mal
De acordo com o Newport Institute, o “brain rot” pode ser identificado observando-se três fatores primordiais:
1. Hábitos de consumo digital

– Longas horas em frente a telas, especialmente envolvidas em atividades improdutivas como vídeo games intermináveis ou alternância entre várias abas de navegador.
2. Alterações no humor e na motivação

– Sensação constante de insatisfação, impulsionada por comparações sociais nas redes ou estímulos digitais excessivos.
3. Dificuldade em desconectar-se

– Sensação de inquietação quando afastado de dispositivos, combinada com uma compulsão por verificar notificações ou rolar por feeds.
Segundo o centro de saúde, essa condição é particularmente preocupante para jovens adultos, que frequentemente enfrentam os desafios do excesso de informações em meio a uma vida hiperconectada. Mas ninguém está livre desse problema.
Faça um teste agora. Pense na forma como você consome informações online, principalmente que tipo de informação e avalie se isso faz bem para a sua saúde e a sua vida em geral.
Como proteger o seu cérebro do apodrecimento
Para evitar os efeitos da “podridão cerebral”, segundo o Newport Institute, é essencial adotar estratégias que limitem o uso excessivo de dispositivos digitais e promovam um equilíbrio saudável entre atividades online e offline.
Uma das principais medidas, para os especialistas americanos, é estabelecer limites claros para o tempo de tela. Isso pode incluir o uso de aplicativos que monitoram e restringem o uso de redes sociais, além de desligar notificações desnecessárias que constantemente desviam a atenção. Também é importante evitar o consumo de conteúdo logo antes de dormir, garantindo um descanso de qualidade que favoreça a regeneração mental durante o sono.
Além disso, outra boa maneira de prevenir o “brain rot” é diversificar as atividades diárias, priorizando hobbies e interações fora do ambiente digital. Ou seja, vivendo a vida real! Fale com pessoas, pratique esportes, faça meditação, sai para “tomar uma” com os amigos…

Claro, sem ficar o tempo todo com o smartphone na mão!
Eu, pessoalmente, tenho duas recomendações:
1. Leia um livro!

Ainda não foi inventado um instrumento mais poderoso para estimular o cérebro, a imaginação e trazer informação do que o livro. Escolha um tema que lhe agrade, não precisa ser algo longo, nem complexo, com tanto que lhe permita ficar algum tempo em calma, apenas curtindo a leitura.
2. Busque consumir conteúdos inspiradores e positivos, em vez de notícias sensacionalistas ou feeds tóxicos. Por que usar uma ferramenta tão rica como é a internet para sofrer? Siga perfis que lhe façam bem, de pessoas realmente inteligentes e que agreguem e fuja de quem só quer aparecer ou te manipular.
Para concluir, com uma leve cutucada de Natal (do Grinch, rs.): tome as rédeas da sua vida digital e pare de acreditar que tudo o que há de ruim é culpa do “algoritmo”!

Proteja o seu cérebro!

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