
A prefeita Suéllen Rosim foi ao Legislativo pela primeira vez, após a posse para este segundo mandato, cortou o bolo de aniversário dos 129 anos de Bauru, participou da solene programada, e anunciou que a Polícia Ambiental está sendo contratada, via atividade delegada, para atuar no combate a incêndios para atacar a onda de queimadas urbanas. O CONTRAPONTO antecipou no domingo (3/8) o levantamento da onda de ocorrências, infelizmente prevista para este período de estiagem, boa parte vinculada a ação do chamado fogo da especulação imobiliária.
Quando Suéllen falou sobre o assunto, a jornalistas, vários vereadores já haviam discursado na tribuna, focando no problema durante a sessão (que foi suspensa para a sessão solene de aniversário). “Nós temos também muita preocupação com essa onda de queimadas urbanas. Isso sempre acontece nos períodos de longa estiagem, como agora, mas verificamos que as ocorrências têm aumentado. As equipes próprias de fiscalização hoje não são suficientes para o tamanho da cidade. Então chamamos a Polícia Ambiental e acertamos de eles atuarem especificamente nesta frente, com mapeamento, monitoramento dos focos e fiscalização para reduzir as queimadas urbanas”, conta.
Conforme a prefeita, a ação será realizada através de ampliação do convênio já existente com a Polícia, agora no setor ambiental, para a atividade delegada. “As queimadas em grandes áreas são um problema não só ambiental, mas de segurança. E a Polícia terá condições de atuar como parceira do Município também neste setor neste momento. As pessoas também precisam fazer sua parte. Uma parcela das ocorrências vêm do hábito de colocar fogo em terrenos. É uma cultura que temos que avançar em educação, desde as escolas, até a conscientização com os adultos. E isso leva tempo. Mas não pode ficar como está e a Polícia Ambiental vai atuar nessa ação”, complementa.
Ao mesmo tempo em que participava da sessão solene no Legislativo, integrantes do Corpo de Bombeiros (que estavam na reunião) e vereadores recebiam pelo telefone celular imagens de mais uma ocorrência de queimada urbana, na tarde desta segunda-feira, desta vez na região do Jardim Vitória.
Uma área de vegetação próxima ao residencial Andorinhas pegou fogo e teve a vegetação destruída. As indicações iniciais são de mais um caso de “queimada para limpar terreno” – medida usual de parte dos interesses imobiliários em Bauru.
À noite, enquanto esta matéria era finalizada recebemos imagens de uma àrea de pastagem, no final da região do Vargem Limpa, com outro incêndio de proporção.
Vídeo (com uso de drone) mostra a proximidade e força das chamas próximas às casas. Moradores deixaram as resudências aflitos. Felizmente, o fogo queimou tudo mas não pegou os imóveis (isso até 23h30 desta edição).
VEJA VÍDEO COM DRONE sobre as chamas:
ARBORIZAÇÃO
A Prefeitura também tem um paradoxo para enfrentar: o governo municipal acaba de contratar o Plano Municipal de Arborização (avanço no setor, já que a cidade com 400 mil habitantes absurdamente não tem plano). De outro lado, a nova secretária do Meio Ambiente, Cilene Boderzan (indicada via PSD na Capital), chegou para montar a concessão de serviços do lixo e acaba de autorizar, em outra ação, a concessionária CPFL a decepar ao menos 1.000 árvores urbanas para preservar a fiação elétrica.
É o maior volume de poda drástica e derrubada integral de árvores na cidade, dos últimos governos. Em sua rede social, a prefeita comemorou a assinatura do contrato do plano de arborização e até plantou uma árvore, simbolicamente. Mas a ação alarmante de queimadas e a supressão do que existe, de forma desenfreada, pode gerar prejuízos irreparáveis ao já combalido meio ambiente urbano local.
Sobre a concessão de serviços do lixo, que adiantamos aqui, a prefeita confirma aos jornalistas que deve apresentar proposta de criação da taxa do lixo – mas não abre o jogo sobre a extensão da medida.
R$ 15 MILHÕES
Sobre a dificuldade no caixa (não por queda na arrecadação – que continua crescente, acima da inflação – mas por aumento das despesas fixas mais do dobro da receita), Suéllen citou, hoje, que vai apresentar projeto para vender imóveis. Mas citou que a medida teria resultado potencial inicial de tentar arrecadar apenas R$ 15 milhões. Muito pouco para o tamanho do aumento da despesa (que somou R$ 100 milhões a mais no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período de 2024).
Apesar deste cenário, a prefeita voltou a defender a criação de 3 Secretarias (Governo, Habitação e Comunicação). “Vamos definir o secretário de Comunicação nos próximos dias, que falta, e dar estrutura, com mais jornalistas, para o setor. Queremos atender a todos e de forma mais ágil. E hoje não conseguimos fazer isso”, abordou a prefeita – que atuava como jornalista (TV) até entrar para a política.
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OCUPAÇÕES E DADOS
O CONTRAPONTO publicou ontem a Grande Reportagem da Série Diagnóstico: ocupações e moradias. O trabalho de fôlego apresentou dados atualizados do último Censo do IBGE, de 2022, sobre núcleos informais, moradias precárias, o ambiente urbano de favelas e instalações clandestinas, o déficit habitacional e a disputa pela terra.
O cenário, com uma coletânea de dados que estão sob o crivo do estudo para a revisão do Plano Diretor – realizado pela Fundação do Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), contratada pela Prefeitura – está sendo apresentado aos delegados (por setor, bairros).
Neste link você tem acesso a todos os dados, detalhados, pela Série no site: