
A prefeita Suéllen Rosim participou da solenidade de entrega de medalhas e troféus ao Independência (bicampeão) e Redentor (vice) na final da Copa Semel de Futebol Amador em Bauru, realizada no estádio Mirante Ferroviário, no Jd. Guadalajara. Em entrevista ao CONTRAPONTO, a prefeita disse que a Secretaria de Esportes vai atuar para permitir que o calendário da competição tenha gramados em condições, em 2026. O campo particular do Triagem é, de longe, por vários anos, o em melhor condição na cidade.
Suéllen também comentou que espera concluir o pacote de concessões que caminham juntas, neste final de ano (iluminação pública, esgoto e drenagem e lixo). Ela reconhece que a criação de cobranças (tarifa de lixo) e aumentos consequentes nas cobranças de serviços para o consumidor formam “medidas duras, mas necessárias”. Por sinal, a concessão do lixo e demais serviços públicos de limpeza pública só terá o estudo técnico e econômico conhecido dos vereadores a partir desta semana. Como revelamos no sábado, a secretária municipal do Meio Ambiente, Cilene Bordezan, se negou a entregar o estudo técnico (ETP) até para o Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema).
Além do tempo apertado, os vereadores (e entidades da sociedade civil) ainda terão de avaliar o que tem nos documentos, a base de dados, consistência operacional, econômica. Afinal é um contrato de 30 anos orçado em mais de R$ 4,8 bilhões. O maior da história local no setor público!
A prefeita ainda mencionou que, diante da falta de tempo para discussão junto ao Legislativo, as revisões do Plano Diretor (PD) e Lei de Zoneamento (LUOS) ficam para 2026. Mesmo que os projetos sejam enviados aos vereadores ainda neste ano, não há condições para a realização de debates. O ano Legislativo se encerra no próximo dia 15 de dezembro.
A seguir, leia a entrevista completa com Suéllen, realizada à beira do gramado do Triagem, na manhã deste domingo:
Nélson Itaberá – Prefeita. O futebol amador de Bauru este ano foi mais curto. Há necessidade de ajustar o planejamento para 2026, porque a cidade sofreu por meses sem chuva e os gramados não suportam.
Suéllen Rosim – Isso na verdade eu já conversei com o Foguinho, né, o secretário (Leandro Ávila) e a ideia é que no ano que vem a gente ajuste melhor com o calendário, de acordo com o Amador, tanto a Copa Semel quanto no outro campeonato para a gente conseguir ter um fôlego maior. A gente precisa terminar de resolver a questão dos campos (Distritais). Alguns já foram entregues. Outros a gente precisa estar finalizando os processos e o nosso foco agora é o ano que vem. Mas pra gente poder trabalhar nos campos, eles precisam ter uma folga maior. Então nossa ideia é reestruturar obviamente, vamos discutir com os clubes o calendário.
Itaberá – O que conversar com os clubes?
Suéllen – A gente tentou que houvesse uma conversa com eles, então a gente acabou por tocar esse ano sem afetar (mexer) muito. Com pequenas alterações, o ano que vem a gente tem de sentar e detalhar melhor o calendário ao longo de 2026. Pra justamente poder ter oportunidade de fazer com que os jogos aconteçam nos nossos espaços públicos. Isso é um dos nossos desafios, terminar de resolver esses problemas. Tem gramado, tem alguns trabalhos também junto ao Ministério Público. Enfim, é terminar. Eu acho que começamos.
Itaberá – Dezembro talvez seja o mais importante do ponto de vista estrutural da história. Tem concessão pra autorizar, na Câmara, a do lixo. Tem os outros serviços suspensos, tem financiamento (até R$ 119 milhões), tem de atualizar o Plano Diretor e ainda a LUOS (zoneamento). E esses projetos a prefeita ainda não encaminhou. Por partes: dá pra votar tudo isso? O calendário está apertado.
Suéllen – Lógico que a gente corre pra que tudo chegue o quanto antes. Mas muitas coisas não dependem muito da gente, né? Projeto demora pra finalizar. Enfim, então é natural que no final do ano os processos cheguem num período mais apertado. Eu acho que a cidade tem pressa, e eu conto muito com a compreensão também do Legislativo, porque muitas dessas discussões, por mais que o projeto tenha chegado (agora), nessa correria, é um assunto que já é bastante discutido. Já é uma coisa que a gente já vinha falando.
A gente não vai propor para o Legislativo nada que não seja em benefício para a cidade. Depois vai ser um ano mais difícil (2026), um ano de eleição, um ano esticado com feriados e é um ano de Copa do Mundo. Mas a gente não tem o domínio sobre a decisão do Legislativo. Eu acho que como Executivo a gente só pede realmente que a gente enxergue a cidade, independente das questões ideológicas.
E penso que todos os projetos que estão lá estão fazendo um divisor de águas em Bauru. São projetos que a médio e longo prazo vão trazer grandes benefícios e a questão que envolve a tarifa é o orçamento. Eu acho que o orçamento todo mundo sabe, nós estamos numa fase de investimento baixo, de dificuldade de recursos federais e estaduais.
Itaberá – Mas são medidas duras…
Suéllen – Então a tarifa vem pra compensar, pra gente concluir aquilo que é necessário. É aquilo que é importante para a cidade. A gente tem campos pra colocar pra melhorar a parte do esporte, mas a gente tem também investimentos em escolas e pra abrir a unidade precisa de saldo pra inaugurar. Então tudo isso tem que ser levado em consideração também. O Plano Diretor de fato a discussão se estendeu um pouco mais, pode ser que a gente não consiga agora enviar e votar. Vamos enviar o projeto esse ano, mesmo seja na última sessão pra leitura. Pra que no ano que vem seja uma das primeiras pautas a serem discutidas. Agora o restante (concessão e empréstimo), a gente tem uma expectativa que consiga esse diálogo.
Itaberá – Dá pra modular a discussão da tarifa? Porque ela tem vinculação com o esgoto e drenagem. O programa da concessão do esgoto fica mais pesado para o consumidor à frente, ao trocar os hidrômetros que vão medir mais (consumo de água).
Suéllen – Eu acho que as duas medidas são difíceis, de fato. Mas elas são necessárias e a gente tem que pensar assim, de que Bauru está atrasada em ambas as discussões (lixo e esgoto). A gente não está criando uma tarifa do nada. Já criaram outros municípios. Então o que a gente está fazendo é regularizar a cidade. E a questão do esgoto também tem impactado diretamente. Então, por mais doloroso que seja, eu acredito que a médio e longo prazos a população vai entender os benefícios que isso vai trazer na infraestrutura geral da cidade. É uma medida dolorosa, mas necessária. Eu acho que é mais ou menos quando a gente tem filhos, né? Às vezes a gente diz, toma medidas mais drásticas, pensando no futuro deles. Se eu fosse pensar só em ouvir coisas boas seria ótimo. Mas eu acho que quem pensa na cidade pensa em fazer a coisa correta em regularizar o que tem que ser regularizado.
Eu acho que esse é o nosso pensamento. Então a gente sabe que é difícil, dói no início, mas depois todo mundo vai olhar pra trás e falar valeu a pena. Porque a gente vai ter uma cidade que cumpre a lei, uma cidade que consegue aplicar melhor os seus recursos, distribuir em outras frentes.
Itaberá – Obrigado.
