Artigo escrito pelo Marcelo Mazeto, nosso Head de Commodities.
1 – Introdução:
O Brasil é um dos mais relevantes produtores de grãos do mundo, tendo influência direta na formação de preços internacionais dessas commodities, como Café, Milho e Soja.
A estrutura de formação de preços tem como composição, a curva de Oferta e Demanda, o Custo de Produção (aqui envolve o custo da semente, combustível, fertilizantes, etc), Custo de Estocagem, Custo de Frete, Impostos (se aplicável) e Margem de Lucro.
Um dos fatores mais importantes sobre como se precifica determinada commodity é a disponibilidade dela quando da necessidade da compra. Deste modo, os eventos climáticos podem trazer surpresas e impactar de modo relevante a produtividade e a disponibilidade.
2 – Massas de Ar:
Sendo o Brasil um país de dimensões continentais, sofre influência de diversas massas de ar, a saber:
As massas de ar mEc e mEa são massas de ar que vêm para o Brasil originadas do Equador Continental e Equador Atlântico (respectivamente). Já as massas de ar mTc e mTa são massas de ar Tropical Continental e Tropical Atlântica, respectivamente. Ainda falando do sul do Brasil, temos a Massa Polar Atlântica, que ao longo das décadas (e mais recentemente) trouxe fortes geadas de grande impacto climático no nosso país.
3 – El Niño e La Ninã:
Outros fatores climáticos que influenciam diretamente no clima aqui no Brasil são os eventos climáticos chamados de El Niño e La Niña.
O El Niño é um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na altura tropical. Esse aquecimento anormal das águas acima de 0,5°C (das condições normais da região) altera a dinâmica das massas de ar que influenciam o clima aqui no Brasil.
Por outro lado, o La Niña é o resfriamento anormal dessas águas, abaixo de 0,5°C, com efeitos teoricamente invertidos, mas nem sempre na mesma magnitude.
4 – Impactos nos Preços:
Após um breve resgate climatológico brasileiro, vamos falar do que norteia esse artigo: grandes eventos climáticos impactam diretamente na produtividade do agronegócio e os efeitos são sentidos diretamente nos preços.
4.1 Milho – Na safra 2019/2020 tivemos uma intensificação do La Niña, trazendo muitas perdas de produtividade nos grãos, pelo tempo seco e escassez de chuvas. Este problema se traduziu em escassez de oferta de milho, por exemplo, que teve uma pressão muito forte por compras internacionais, o resultado disso foi um aumento forte nos preços, que chegaram a passar de 100% de aumento em poucos meses.
Abaixo o gráfico de preços futuros de milho dos últimos 18 meses:
Essas correções de preços nessas barras vermelhas, de forma abrupta, podem ser atribuídas à retirada de grandes compradores do mercado (um alívio na curva de demanda)
4.2 Soja – Para a nossa soja, não foi diferente. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja, e novamente a questão climática fez pressão nos preços.
4.3 Café – Com relação ao Café, o Brasil é o maior produtor mundial de Café Arábica. Tivemos uma forte geada este ano, que fez com que os preços explodiram ainda mais, dada a magnitude da geada que potencializou os estragos nos cafezais que já vinham de uma queda na produtividade da safa anterior.
Para entender melhor sobre commodities, agronegócio e estratégias de proteção de preços, entre em contato com nossa Mesa de Agronegócio.
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