A retirada de madeira nobre no Recinto Mello Moraes, da Prefeitura de Bauru, gerou reações. A administração da Associação Rural do Centro Oeste (Arco) está sendo chamada a explicar as condições para a retirada de aroeira e ipê instaladas há mais de 50 anos no Recinto Mello Moraes. No local está sendo realizada terraplanagem.
Conforme informações obtidas junto a pecuaristas, a Arco estaria trocando um curral de ipê e aroeira (madeira nobre, de alto valor de mercado e de difícil acesso no mercado). A ação compõe serviço de terraplanagem. A Arco foi contatada para comentar a ação. O atual presidente, Emílio Brumati, disse que retornaria.
A Associação Rural explora o Recinto Mello Moraes, imóvel do Município de Bauru doado no passado pelo fazendeiro Plínio Ferraz. A utilização do imóvel pela Arco neste momento acontece através de um termo precário. A concessão, amparada em lei municipal, venceu há algum tempo. Desde então, o governo Gazzetta mantém a Arco no local através de Termo de Permissão. Esta situação jurídica é objeto de representação no Legislativo e na Promotoria.
A exploração do Recinto permite a Arco realizar benfeitorias, assim como é de sua responsabilidade a manutenção do local. Mas qualquer intervenção que signifique a retirada, ainda que em parte, de instalações ou materiais tem de ser submetida a anuência do Município.
As intervenções estão sendo realizadas no curral. A mudança seria para permitir a instalação de ambiente para prova de cavalo onde está a curralama, mas a utilização pode ser destinada a shows.
Há preocupação com o destino da madeira nobre, de alto valor agregado e rara. Juridicamente, a administração da Arco não pode dar, vender ou trocar bens do Recinto.
O imóvel municipal é fruto de doação de Plínio Ferras para o Município de Bauru, sob a condição de realização de uma feira anual agropecuária, desde o início. Tudo o que está dentro do parque, e o que foi instalado no tempo, se incorpora ao patrimônio público municipal.
ADAPTAÇÃO
Entre agropecuaristas é considerado que a utilização de espaços grandes para exposições presenciais de animais e leilões não se encaixa mais nas condições presentes. As tecnologias, com uso de internet e encontros em rede, tende a inviabilizar os custos de deslocamentos de cavalos e gado para comercialização em feiras.
Leilões de gado presencial serão raríssimos no futuro por conta do novo normal e uso de tecnologias. O presidente da Arco foi contatado, também, para explicar as condições da intervenção de serviços no local. Haveria no projeto a intenção de reinstalar a curralama em outro local, no parque. O inventário da madeira, entretanto, exige autorização da Prefeitura.
Para conter a ociosidade de espaços no Recinto, uma das medidas seria ocupar o conjunto de baias para cavalos de alvenaria e um curral para gado para eventos presenciais com área coberta para provas equestres.
A curralama, entretanto, feita de aroeira e ipê há mais de 50 anos, está em perfeitas condições, uma das melhores e talvez uma das únicas de Recintos de Exposições do Interior do Estado. Outros Recintos estão abandonados.
Um grupo ligado a competições de cavalo Quarto de Milha teria discutido com a atual direção da Arco a adaptação desse local para pista de provas equestres. Para comportar a mudança, está sendo retirada a instalação existente, assim como o excesso de terra, nivelar (terraplanagem) e preparado o entorno para obras civis. As provas modernas de cavalo Quarto de Milha são em pista coberta.
DOAÇÃO HISTÓRICA
O Recinto Mello de Moraes é doação do fazendeiro Plínio Ferraz ao Município. Ele era proprietário de terras na região, no passado, em área extensa, englobando até onde está atualmente o clube da Hípica.
O fazendeiro construiu o Recinto e doou para o Município e, no Termo, foi instituída a condição de realização anual da Feira Agropecuária sob pena de retorno do imóvel à família Ferraz.
A doação original foi para o Estado, que repassou para o Município com a mesma obrigação. Sem condições de realizar a feira, o Município passou a conceder a realização do evento anual para uma comissão de agropecuaristas. Do passado, atuaram para tanto, nesse sentido, Jaime Miranda, Érico Braga, Zezinho Martha, Marcos Ferraz, entre outros.
Nas realizações mais antigas não haviam grandes shows, como nos últimos anos. A manutenção passou a ficar cara para o Município que, em dado instante, repassou o espaço para utilização, manutenção, exploração e gestão da Arco.
A partir dai, a Grand Expo passou a abrigar, no Recinto, eventos anuais com shows para grande público. A manutenção do Recinto permitiu reformas elétricas, hidráulica e outras instalações. O comodato passou a ser o instrumento de utilização, aprovado por lei municipal.
No parque, a Prefeitura manteve, por um período, a sede da Secretaria Municipal de Agricultura (Sagra).
Merece apreço pela inerte, inoperante, incompetente e ocupada Camara Municipal…
Cadê nobres vereadores, sem exceção, cadê vocês?