Auditores fiscais do Município defendem projeto de lei de prêmio de produtividade

Abaixo, a posição dos auditores fiscais do Município solicitada pelo CONTRAPONTO no diálogo sobre projeto de lei que cria Prêmio Produtividade, enviado ontem à Câmara

 

A Associação dos Auditores Fiscais Tributários do Município de Bauru (AAFTMB) vem a público defender acerca da criação do Prêmio de Produtividade Fazendária (PPF), enviado como projeto de lei à Câmara Municipal de Bauru em 10/02/2025. Esse projeto de produtividade vem sendo elaborado há mais de cinco anos no âmbito da Secretaria de Economia e Finanças, a partir de um esforço coletivo entre diversos agentes municipais. Houve diálogo com associações de cidades de porte semelhante a Bauru, entre auditores fiscais e secretários municipais, contribuições de procuradores jurídicos e análise de uma vasta legislação de municípios e demais entes federados, que tem a produtividade fiscal como instrumento legítimo para aprimorar a administrarão tributária e a saúde fiscal do município.
O desenvolvimento de programas de produtividade e a precedência de recursos para o desenvolvimento da carreira fiscal são constitucionalmente reconhecidos (art. 39, § 7º e inciso XVIII do art. 37 da Carta Magna). Ademais a proposta observou decisões pacificadas dos tribunais superiores (como a ADI 6.562, do Supremo Tribunal Federal), para garantir segurança jurídica ao projeto, além de uma análise minuciosa quanto à legalidade por parte Procuradoria Municipal.
Em contraste com o Município de Bauru, a maioria dos Fiscos de porte semelhante ou maiores do País utiliza leis de produtividade fiscal e, como base para o presente projeto de PPF, pesquisaram-se leis de diversos municípios paulistas como, por exemplo, Franca, Limeira, São José do Rio Preto, Marília, Mauá, Ribeirão das Neves, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Cubatão, Sorocaba, Santos e São José dos Campos. Nos Fiscos estaduais e federal a produtividade fiscal é regra. Existem inúmeros casos para ilustrar essa distorção. A saber, em Marília, município vizinho de aproximadamente 240 mil habitantes, os auditores fiscais recebem, apenas como prêmio de produtividade, mais de duas vezes o salário base da carreira de Auditor Fiscal Tributário em Bauru (cidade de quase 400 mil habitantes).
O projeto foi desenvolvido adotando-se, ainda, as melhores práticas observadas, em coerência ao princípio constitucional da eficiência e considerando a necessidade de se premiar o esforço adicional no serviço da auditoria, tendo em vista sua capacidade de aprimorar as finanças públicas e promover a justiça fiscal.
A proposta estabelece a exigência da realização de um patamar mínimo de determinadas atividades para que o auditor fiscal tributário possa participar do programa, ficando sujeito à exclusão do programa caso não o atinja, e ainda, responsabilização pessoal pelas pontuações e informações prestadas. Ademais, é fundamental destacar que todas as atividades desenvolvidas pela auditoria estão estritamente vinculadas à lei. O PPF premia o esforço da ação fiscal tributária na realização das atribuições legais dos auditores, e, portanto, não tem o propósito de impor responsabilidades indevidas aos auditores, mas sim reconhecer e incentivar o esforço extraordinário no desempenho de suas funções.
Com relação ao método de avaliação utilizado para esse programa, foram desenhadas de acordo com as indicações dos gestores da área, e da administração. Este sistema de pontuação por atividades permite à gestão a garantia de constância no cumprimento, não apenas das tarefas corriqueiras da auditoria, como por exemplo as que são geradas por demandas dos próprios contribuintes, mas também, e especialmente, daquelas que dependem do ceticismo profissional do auditor, do esforço criativo, experiência e perspicácia de forma individual e em equipe, com uso de novas técnicas e tecnologias, com o intuito de minimizar os danos causados no Município e na livre concorrência pelas práticas de sonegação fiscal.

Estas últimas atividades têm maior relevância nas pontuações, mas as primeiras, que garantem um bom funcionamento do sistema, são igualmente importantes para a gestão tributária. Destaca-se que o Auditor Fiscal Tributário, além de ser um profissional exclusivo, pertence a uma carreira de estado, de alta complexidade e multidisciplinar que exige formação acadêmica robusta em diversas áreas, mas cujo aprendizado e treinamento específico é desenvolvido no âmbito do próprio ente político. A perda, portanto, de um auditor com anos de experiência representa um prejuízo irreparável, uma vez que a qualificação necessária para o pleno exercício da função exige anos de estudo e experiência em processos específicos do município.
Por esse fato, constata-se, com muita preocupação, o fato de o último concurso para o cargo no Município, ocorrido em 2017, ter resultado em expressiva evasão de servidores para outros entes e funções, além da baixa atratividade para os nomeados, que, muitas vezes, sequer assumiram o cargo.
Esse cenário é alarmante, especialmente considerando a Reforma Tributária que foi aprovada em âmbito nacional e que já impacta diretamente a atuação dos auditores fiscais, exigindo um esforço adicional em sua implementação local, com a participação desses profissionais em grupos de trabalho, tanto no âmbito do município, como no da ABRASF e da CNM.
Por fim, a AAFTMB agradece a oportunidade de esclarecer os pontos abordados e reforça o compromisso com um debate construtivo, técnico e pautado pela busca do bem comum. Por meio do diálogo respeitoso e da colaboração mútua é possível avançar em soluções que fortaleçam a gestão fiscal e tragam benefícios concretos ao Município de Bauru, assegurando a eficiência e a justiça no uso dos recursos públicos.

 

4 comentários em “Auditores fiscais do Município defendem projeto de lei de prêmio de produtividade”

  1. É responsabilidade de todos a evolução da administração tributária, neste cenário de Reforma Tributária. Todos os entes estão se mobilizando. Bauru vai ficar até quando a mercê de repasses e decisão de outras administrações tributárias (Estados e Federal)? A população precisa saber que sem Auditoria de Fiscalização há aumento de arrecadação, compromete o futuro financeiro da cidade e, por consequência, o desenvolvimento sustentável. Podendo resultar em descontinuidade de prestação de serviços e queda na qualidade de vida.

  2. Coaracy Antonio Domingues

    Se a moda pega…os Engenheiros, Arquitetos, Economistas, Administradores, Pedagogos, Dentistas, Médicos, Enfermeiros, Coletores de Lixo….

  3. Engenheiros, Arquitetos, Médicos, Dentistas, não são carreiras exclusivas, ou seja, podem trabalhar por fora em seus consultórios/escritórios possuindo renda extra. Auditores são proibidos por lei, nada mais justo. Bauru sempre na lanterna.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Conteúdo protegido!
Rolar para cima