Bauruense morto a tiros por policiais do RN abriria Pousada nesta quarta-feira em Pipa

Pousada em Pipa RN que seria inaugurada nesta quarta-feira pelo bauruense morto a tiro pela Polícia, Walmor de Almeida Belotti

Uma tragédia em um roteiro que indica despreparo e uma sequência de erros, fatores que levaram a Polícia do Rio Grande do Norte a matar a tiros o bauruense Walmor de Almeida Belotti, 44 anos, na última sexta-feira, 5 de janeiro de 2023 (data de seu aniversário). Enterrado hoje em Bauru, ele foi baleado no quadril durante suposta tentativa de abordagem pela Polícia Militar do RN.

Com carreira com mais de 20 anos trabalhando no ramo de hotelaria, Walmor estava retornando, de táxi, para o município de Tibau do Sul, onde morava com a esposa Pollyana Monteiro. Ele assinou, há poucos dias, contrato de arrendamento para deixar de ser empregado e empreender em uma Pousada. A Mar da Pipa Pousada (foto) seria inaugurada por ele e família nesta quarta-feira (10/01/2024).

Foi baleado por policiais militares que, segundo reportagens da imprensa do RN, saíram em busca de um veículo com denúncia de furto, da Paraíba. A irmã do empreendedor, Vanessa de Almeida Belotti, conta para o CONTRAPONTO sobre a tragédia. “Na madrugada de quinta para sexta, dia do aniversário dele, recebemos a notícia em Bauru que o Walmor tinha sido baleado. Eu e minha mãe pegamos voo para Natal, na sexta. Ele faleceu e conseguimos liberar o corpo e fazer o velório em Bauru. Ele saiu de João Pessoa, na Paraíba, onde foi entregar seu carro, que vendeu. De lá pegou o táxi para voltar a Pipa e inaugurar a Pousada. A imprensa que esteve em Goiainha relata que ele foi abordado por uma viatura na estrada. Ele morreu achando que era assalto”, conta.

Walmor Almeida Belotti (reprodução Facebook)

DEPOIMENTO DA ESPOSA

A irmã forneceu o conteúdo do depoimento da cunhada. Vanessa conta que a esposa de Walmor, Pollyana Monteiro, se sente pressionada por policiais. “Ela conta que policiais tentaram pressiona-la ainda no hospital. Contratamos um advogado e ela já prestou depoimento à Polícia de Goianinha”, local do homicídio de Walmor.

O motorista do táxi ainda não foi ouvido. À Polícia Civil, Pollyana Monteiro conta que “não houve ordem de parada dos policiais militares (versão inicial da PM em nota enviada a veículos do Rio Grande do Norte). Ela descreve que “foram surpreendidos com barulho de tiros e estilhaços no vidro do carro. O marido Walmor gritou que era assalto e tentaram se abaixar no veículo”.

A esposa e o taxista não foram atingidos. Segundo reportagens locais, teriam sido vários disparos. Pollyana descreve no depoimento na Delegacia que a abordagem aconteceu em um ponto da estrada em Goianinha, já em um acesso para entrada em direção a Pipa, onde moravam. O relato foi de que o motorista do táxi desviou o trajeto, entrando em um Posto de Combustível (onde vídeos de populares registraram o desespero da esposa de Walmor).

Conforme a irmã, não há nos registros da Polícia Militar chamado relatando roubo de veículo. Vanessa comenta que, a princípio, a informação levantada até aqui é que o táxi foi alugado pelo condutor, em João Pessoa. Mas o proprietário teria acionado alguém ao verificar, em GPS pessoal, que o veículo estava na estrada, em direção ao Rio Grande do Norte.

Seria o primeiro erro da tragédia. A PM de Goianinha saiu em busca do tal táxi “roubado”. A esposa, Pollyana Monteiro, combate a versão de que o taxista teria se negado a ordem de parada dos policiais. Ela depõe que foram recebidos a tiros, reagindo como sendo assalto. Uma bala atingiu o quadril de Walmor. Socorrido, ele não resistiu. “Jornalistas já ouviram o taxista e ele presta as mesmas informações que minha cunhada”, cita Vanessa.

CARREIRA NA HOTELARIA

Walmor de Almeida Betolli mudou para Pipa em 1 de dezembro de 2023. Lá fez pesquisas e arrendou a Pousada Mar da Pipa. A última passagem de ano foi, também, de comemoração, pela ousadia em, finalmente, empreender. Assinou contrato, ajustou anúncio nas redes de internet, como Booking, e a inauguração estava marcada para esta quarta-feira.

Ele desenvolveu sua carreira em hotelaria em Bauru. Uma história de aprendizados de mais de 20 anos no ramo. Trabalhou no Hotel Garden, aqui, atuou também em Blumenau (SC) e, além de outras andanças, trabalhou por mais dois anos em hotel em Goiana de Pernambuco.

Bauruense viajava de táxi – atingido por tiros por policiais do RN

 

   

 

8 comentários em “Bauruense morto a tiros por policiais do RN abriria Pousada nesta quarta-feira em Pipa”

  1. Triste ver uma história de trabalho, estudo e sucesso se acabar nas mãos de assassinos de farda. Infelizmente isso não é um privilégio do RN, mas em todo território nacional. A militarização da polícia deveria ter sido discutida a partir de 15 de janeiro de 1985, quando se deu a eleição de um presidente civil. Demorou, mas dá tempo de evitar que continue fazendo vítimas inocentes.

    1. Sonia Maria Santos Medeiros Da Silva

      Lamentável saber que a polícia que deveria cuidar das pessoas passa para outra escolha que é a de matar as pessoas, fazendo-o com que isso se torne uma COISA NORMAL. Isso nos mostra que a jornada da violência policial não terá fim enquanto não forem discutidos alguns pontos: falta de preparo psicológico e a ausência do Estado em punir drasticamente os que se passam para o outro lado.

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