Custo total de obras para não faltar água é R$ 345 milhões até 2034, revela o DAE no PDA atualizado

 

O infográfico que abre esta matéria traz a lista atualizada das obras apontadas pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) para cumprir as etapas da “cartilha” obrigatória para que não falte água em Bauru, com foco nos 4 anos do atual governo. A lista completa, até 2034, veja abaixo. É o chamado Plano Diretor de Águas (PDA), que virou lei no final de 2019, mas foi contratado em 2014 e nunca foi cumprido.

O CONTRAPONTO revela pra você cada uma das obras (com valores individuais e datas) do estudo atualizado concluído pelo DAE e entregue à CEI ainda no dia 13 de julho passado, conforme pedido do grupo que apura o descumprimento do plano e busca sua revisão. Conforme as informações dadas pela autarquia, hoje, são necessários R$ 345 milhões para realizar todas as fases do chamado PDA – com perfuração de poços, contratação de projetos, combate a vazamentos, troca de hidrômetros velhos, instalação de reservatórios, atualização tecnológica (automação e controle de pressão da rede).

O material completo é extenso, mas necessário ser publicado na íntegra (como abaixo). Para facilitar, o dividimos em partes. Acima, o infográfico traz a lista de obras previstas para os 4 anos do governo Suéllen, com itens e valores apontados pelas áreas técnicas do DAE.

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Ah! Um detalhe: os números da lista identificam cada uma das 56 obras necessárias. Então, não estranhe que no cronograma (ano a ano) depois do nº. 2 venha o 5, ou que depois do nº 6 venha o 30. (Cada obra – item – está prevista para começar em prazos diferentes, de 2021 até 2034. Ou seja: os números relativos à obra identificam exatamente o ano em que ela está prevista para ser executada). Vários itens aparecem em sequência, ano a ano, apontando a continuidade da mesma obra.

Se você quiser checar a lista na ordem numérica de cada obra, veja neste arquivo: Lista de cada uma das obras na ordem numérica, com custo individual . 

Detalhe: esta lista traz o custo INDIVIDUAL de cada item

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DETALHAMENTO

Bom, o DAE atualizou o Plano Diretor de Água (PDA) da seguinte forma:

  • para realizar todos os itens previstos, a valores de hoje, o custo do Plano é R$ 345 milhões. Deste total, R$ 140 milhões são estimados para o novo sistema de captação de Água (ETA Batalha). Seriam R$ 40 milhões para adutora interligando a atual Captação com a Nova (22 km acima, no rio) e R$ 100 milhões para instalar a Estação de Produção (ETA nova).
  • Esta etapa (nova ETA) está prevista para 2024, mas pela elaboração do esital. O DAE informa que o recurso será externo, sem fonte definida neste momento (se por repasse governamental ou financiamento). A indicação é concluir até 2027. Esta é a proposta apresentada pelo presidente do DAE, Marcos Saraiva.
  • Importante: para o PDA atualizado sair da intenção, o DAE precisará de receita adicional para as 56 obras (veja lista completa abaixo).
  • E para isso, todo ano, a autarquia terá de ter garantia de recomposição da tarifa (com aumento acima da inflação e receita adicional vinda da troca de hidrômetro). Outra alternativa seria eventual financiamento, hipótese que não foi discutida, ainda). Outra opção é a concessão, em estudo.
  • Da regra financeira atual, se a Prefeitura adiar a política de ajuste anual da tarifa, o plano não sai. Neste momento, o DAE aguarda decisão da prefeita Suéllen Rosim para o aumento da cobrança (relativo a 2021 e já com atraso acumulado). Em 2019, última vez que a tarifa sofreu aumento, o DAE calculou que a defasagem exigiria ajuste de 55% na cobrança. Percentual impraticável.
  • No infográfico (acima), o PDA atualizado traz que – se o plano for executado – o governo Suéllen vai priorizar perfurar poços, erguer reservatórios e trocar hidrômetros (como ações principais nesta primeira etapa, até 2024). O plano prevê custo de R$ 84 milhões para os 4 anos da atual gestão.
  •  Para o cronograma dar certo, é essencial que o DAE realize (sem parar), independentemente do novo PDA, a setorização da cidade (obras de controle de pressão na rede por região) e troque os hidrômetros velhos.
  • A atualização exigirá, assim, que o DAE troque rapidamente hidrômetros. Na lista estão previstos 5.000 aparelhos de medição neste ano e o início do processo para compra e instalação de mais 35 mil equipamentos de medição entre 2022 e 2023. As demais etapas distribuem 24 mil hidrômetros nos dois anos seguintes. Ou seja, o DAE distribuiu, em tese, cronograma para a troca de 88 mil hidrômetros até 2025.
  • Também será preciso checar se o PDA atualizado prevê o “boom” de novas habitações para a região Noroeste, na região da Quinta da Bela Olinda, por exemplo. Segundo o governo, a Seplan tem projetos que somam pelo menos 15 mil novas moradias para os próximos anos. Para se ter ideia deste impacto, em 1991, de uma única vez, a entrega do Mary Dota acrescentou mais de 3.000 casas onde hoje está o bairro.
  • A revisão do PDA por Marcos Saraiva, presidente do DAE, atende a pedido da CEI
  • O custo total de R$ 345 milhões (estimativa a valores de hoje apresentada pelo DAE), tem como variável (claro) a oscilação dos valores no tempo (13 anos de plano – 2021 a 2034). Mas também traz, de outro lado, possibilidade do investimento global ser menor do que o apresentado. Isto porque a autarquia cobra contrapartidas de novos empreendimentos para recompor a capacidade de produção de água (novos poços e reservatórios).
  • O PDA atualizado difere do plano contratado em 2014 (e não executado) no conceito. O estudo vinculado à atual lei prevê maior volume de despesas nos primeiros anos do cronograma. Já a revisão dilui as obras (e custos) em intervalos maiores de tempo. A média anual de investimentos, 2021-2034 é de R$ 21 milhões no PDA atualizado proposto pelo DAE.
  • O DAE já incluiu nesta revisão do plano obras que não estavam previstas no original. Elas estão identificadas em verde na lista completa (a seguir): PDA ATUALIZADO COMPLETO 2021 2034 . 
  • Nesta lista estão poços que só agora foram previstos, com a atualização – em tese – da ocupação urbana, e também modificações na escolha dos dispositivos (alguns reservatórios são vitrificados – mais caros mas, segundo os técnicos, com maior durabilidade), por exemplo.
  • Ah! Não compare os valores nominais para perfuração de poços. Profundidade, relevo, geologia e outros dados tornam as previsões desta obra peculiares. Por isso é que o plano revisado traz, por exemplo, poço no Alto Paraíso a R$ 1,5 milhão (com vazão prevista de 120 m3/h) e outro na região do Shopping a R$ 3,3 milhões (para produção de 170 m3/h).
  • É essencial que o cronograma de troca de hidrômetros, já citado, seja cumprido. Ele traz aumento de receita (com o fim das perdas de faturamento por uso dos medidores velhos) e permitirá que o índice de perdas na gestão financeira (e não na rede) caia. Isso também permitirá saber, de fato, qual o consumo real em Bauru…
  • O PDA tem de ser revisado a cada 5 anos. Por isso, antes deste prazo, ou o DAE faz a revisão ou se planeja e contrata o serviço (o que também não foi feito até hoje).
  • O PDA atualizado será  submetido ao crivo da Comissão de Inquérito em andamento no Legislativo.

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