A reunião pública entre mulheres de diferentes segmentos sociais, realizada neste 08 de março de 2023, no plenário do Legislativo ratifica a ansiedade por ações perenes para o enfrentamento de uma também diversa frente de demandas. Foram tantas as variáveis, e manifestações, que o CONTRAPONTO elenca aqui as principais. Além disso, fomos a campo apurar números atualizados em relação a indicadores de saúde pública, assistência social, violência e trabalho.
A reunião também contou com a voz marcante da cantora Denise Amaral, com o pianista Paulo Maia acompanhando, um convite para que o CONTRAPONTO sugira, em homenagem, na Série “Texto Musicado” (leia e ouça abaixo) “Não me olhe assim”, canção do álbum recém lançado que põe a mão e a consciência na ferida do paradigma do machismo e da repetição de padrões de comportamento.
Vamos sintetizar as informações, com o uso de infográficos, com o propósito de deixar ainda mais claro o tamanho da demanda e a distância a ser percorrida. As mulheres da reunião de hoje cobraram pautas que também foram destacadas em outros 8 de março dos anos anteriores. Ações dispersas, ou fragmentadas, em relação a diferentes políticas públicas e a presença tímida do Poder Público em várias frentes levam elas a apontarem a necessidade, por exemplo, do Plano Municipal da Pessoa em Situação de Ru e a criação do Fundo Municipal para Políticas às Mulheres.
Sem garantia de financiamento para as ações e intersetorialidade, de fato, as manifestações desta data tendem a retornar no próximo Dia Internacional da Mulher.
Vamos a indicadores, dados para enfatizar do que falamos:
Muito além da latente necessidade por ampliação de serviços ligados à orientação psicológica, emocional, jurídica, de acompanhamento processual, segurança contra o homem violento (nas ruas e no lar), mulheres de diferentes idades alertam para o agravamento dos quadros. As evidências estão nos históricos dos noticiários locais sobre violência e feminicídio, em todas as cidades, e no aumento de registros de medidas protetivas.
Os setores relacionados a esses serviços ainda “patinam” em gestão administrativa, celeridade processual e ações complementares.
Se o vetor for a vulnerabilidade, as esquinas de ruas centrais da cidade escancaram a presença permanente das vítimas: prostituição, pedintes em semáforos (incluindo uso de crianças como “chamariz”), etc. A manutenção mínima, de sobrevivência, contra a fome está, de outro lado, estampada nos números do cadastro do Bolsa Família. Não desconhecido das autoridades (e da sociedade) são elas que ainda “seguram” a sobrevivência cotidiana, mesmo em lares desagregados, com edificações precárias e a “concorrência” do tráfico de drogas no acesso aos filhos.
E os dados da Saúde, igualmente, advertem para outros desafios. Aumento da gravidez precoce, falta ou incipiência de programas efetivos sobre controle por métodos contraceptivos, limitação (extrema) de opções de lazer, cultura, entretenimento para crianças e jovens… e o acúmulo de doenças:
É fato que programas municipais de Saúde estão, por outro viés, estabelecidos. Protocolos determinados pelo Ministério da Saúde estão em aplicação para diferentes ações. Os números, talvez, então, não sirvam apenas para atualizar o que se sabe: que mulheres também sofrem com uso de droga e bebida alcoólica, que são muitas as que precisam de amparo em sessões psiquiátricas, que os programas de controle de casos como diabetes, hipertensão e pré-natal trazem indicadores de boa cobertura….
… que os programas de vacinação (apesar das dificuldades, em particular, a partir da pandemia – por razões culturais e até ideológicas, religiosas ou por desinformação) continuam avançando…
Mas para chamar a atenção para os maiores flancos: a explosão dos casos de sífilis, inclusive e sobretudo entre gestantes, apesar da “anestesia social e governamental” (dos vários entes e segmentos):
ELAS APONTAM …
Na reunião pública de hoje, elas apontaram que esperam, cobram, exigem, entre outras ações:
– regularização fundiária para assentamentos
– programa de hortas comunitárias
– programa de castração e controle da população PET
– ampliação do suporte jurídico em especial para vítimas (já que os réus, agressores, já estão amparados pela Defensoria Pública, até por exigência legal)
– programa de acolhimento para o agressor não ficar na casa (situação em que a vítima é duplamente atingida e põe em xeque a eficácia das medidas protetivas determinadas pela Justiça). A “força bruta” leva este “homem” a exigir dormir, ficar nas casas, apesar das MPU’s.
– programa, urgente, de distribuição de fraldas (para crianças e adultos) e absorventes (nas escolas e unidades de saúde, pelos critérios sociais conhecidos.
– ações permanentes de educação e de implante contraceptivo, em quantidade e prazos compatíveis
– ampliação da rede de Referência Social (CRAS)
– criação do Plano Municipal e do Fundo Municipal, com integração das políticas públicas
TEXTO MUSICADO
A edição da Série “Texto Musicado” de hoje não requer linhas adicionais. O texto da canção narra a repetição de padrões de comportamento entre as gerações, um dos temas mais debatidos nesta e em outras frentes de debate entre mulheres.
No texto narrativo, primeiro, mãe e filha “conversam” sobre como agir diante de bullyng, rótulos sociais e violência. A mãe segue costumes…
Depois, a filha vira “adulta” e mãe. E repete o “padrão familiar”. O desfecho sugere a necessidade de cessão dessa reprodução comportamental arraigada, e o grito pelo basta ao assédio e demais abusos enfrentados pela mulher:
Pra ouvir, segue o link:
NÃO ME OLHE ASSIM…
…
DISPARA NÚMERO DE MEDIDAS JUDICIAIS PARA PROTEÇÃO À MULHER NO ESTADO
Para além do debate em torno do paradigma da repetição de padrões comportamentais entre as gerações de famílias brasileiras – sob reflexão na canção “Não me olhe assim” -, o último levantamento do Judiciário Paulista sobre os registros de violência doméstica envolvendo a mulher aponta a escalada da violência.
Nos últimos cinco anos, conforme os dados, os registros que chegaram ao Judiciário (sem deixar de anotar a conhecida subnotificação) evidenciam a disparada de casos.
Veja o levantamento divulgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ) nesta semana. Matéria completa neste link> Dispara número de medidas judiciais para proteção da mulher no Estado e de sífilis em gestantes em Bauru – CONTRAPONTO
Abaixo, na sequência, dados sobre a presença majoritária de mulheres no serviço público municipal o que, por outro viés, exige da administração estrutura de serviços de suporte compatível.
MAIORIA… mas?
A prevenção em todos os sentidos sera sempre o melhor caminho..
Pra isso precisa educar ao pé da letra.
Um trabalho difícil e repetirivo..tipo formiguinha pra desde a infancia criar a consciência do certo e errado.