Falta d’ àgua: buscar no rio Tietê é melhor do que fazer nova captação no rio Batalha?

Bauru já sabe o que não foi feito, onde vários gestores erraram em abastecimento. A cidade também já contratou estudo especializado (a custo caro, R$ 1,8 milhão em 2013 – junto a empresa Hidrosan) sobre a estrutura e o que fazer para solucionar a falta d’àgua.

Mas, em 2024, com pouco ou nada de chuva por meses, milhares continuam com a torneira seca. E não só os abastecidos pelo rio Batalha. O que fazer?

Na primeira parte do tema ÀGUA da Série BAURU 2024, alguns itens são básicos e precisam ser repetidos:

cumprir cada etapa do cronograma de ações de engenharia e gestão hídrica estabelecidos em lei no Plano Diretor de Àgua (PDA).

Este é o ponto em comum, óbvio até, que ouvimos de quem entende e estuda o tema. Está tudo registrado em matérias no site. Assim, nossa contribuição é atualizar, fugir da mesmice das falas eleitorais, e indagar candidatos (as) sobre compromissos claros.

– como está na lei do PDA (e termo assinado com Promotoria), a ação exige que cada político diga o cronograma de obras e recursos para cumprir o plano.

– no foco: concluir setorização das redes nos bairros, controle de pressão da àgua, ampliar reservação (nas casas e pelo DAE) e reduzir perdas por vazamento são obrigações básicas.

Sem esses pontos principais, tudo o resto será discurso (enfatizam os que são do ramo).

Dito isso, há decisões estratégicas a serem tomadas. E já! Por isso, conversamos com o novo presidente do DAE. Renato Purini assumiu o órgão há 15 dias.

Uma antiga frase, necessária e também repetida em reportagens, é trazida por Purini: “Não falta produção de àgua em Bauru. O problema é que uma parte significativa não chega às torneiras”.

De fato! Vazamentos. O DAE gasta recursos muito mais do que deveria para retirar àgua de 42 poços e no Batalha. Porque desperdiça muito. Faz tempo! Os poços têm de funcionar por muitas horas por dia e a Captação do Batalha não para a fim de sustentar esse defeito de gestão. Retiramos da pequena e rasa Lagoa acima do permitido pela Cetesb (317 l/s).

No geral, temos a teoria do balde com muitos furos, repetimos para Purini o que está escrito, em 30 anos de jornalismo. Você tira mais àgua dos poços, mas joga quantidade maior na rede (vazamentos)… sem chegar tudo às torneiras.

É iludir prometer novos poços! O PDA precisa ser cumprido em suas etapas técnicas já escritas desde 2013. O resto é saliva de eleição.

TIETÊ?

É evidente que quem entende do tema aborda várias ações – em uma visão sistêmica sobre a crise.

Uma delas está de novo sobre a mesa de Purini: o processo para instalar nova Captação no Batalha – 22 km acima da atual – ou por adutoras e sistema em ponto distante 26 km no rio Tietê?

O presidente do DAE comenta que esta opção está em discussão. Haveria licenciamento para 26 km de adutoras até o Tietê? Qual o custo dessa obra? A nova captação no Rio Batalha custa quanto? O PDA diz que neste ponto a produção adicional seria de 300 l/s? “Vale a pena investir neste resultado ou ir ao Tietê?”, discute o presidente do DAE com a equipe.

Sugerimos que a autarquia e seu conselho técnico perguntem isso também à Hidrosan, empresa que fez o PDA.

Em Limeira, onde o plano foi realizado, a correção da estrutura veio junto com instalação de caixas d’àgua em massa em residências – com incentivo em lei para redução do consumo. Deu certo lá.

E ai Bauru? O que fazer?

Pergunte a seu (sua) candidato (a)!! É agora a hora!

Mas tem mais. Tudo deve ser depurado com técnicos. Um exemplo?

RISCO DE ALGAS

O zootecnista Luiz Pires adverte para importante ponto a respeito da àgua do Tietê:

“As cianobactérias que formam as algas verdes estão cada vez mais constantes no Tietê e inviabilizam o uso da água pata tratamento. Isso já acontece em Araçatuba e já aconteceu algumas vezes no Rio de Janeiro. A cada ano tem aumentado o período que o Tietê fica com essas algas em Pederneiras”, levanta.

Tietê sofre com acúmulo de algas verdes em seu curso
DAE teve de parar retirada de vegetação porque Lagoa do Batalha está ‘seca’.

O desassoreamento da Lagoa de captação do Rio Batalha e 10 de seus afluentes depende, antes, do estudo sobre a situação do lago. E cabe ao Departamento de Àgua e Esgoto (DAE) esta medida.

A contratação desse serviço, chamado de batimetria, será realizada na próxima semana. “O DAEE informou que precisa da batimetria para ter as condições do fundo da Lagoa. E com isso acionar as equipes para desassorear, o que inclui 10 afluentes principais”, disse na sexta-feira o presidente do DAE, Renato Purini.

Ele assumiu a autarquia na semana passada. Conforme Purini, a limpeza de afluentes pelo Estado vai alcançar àreas de municípios vizinhos. O DAEE – órgão estadual – tem domínio sobre as àguas em Agudos e Piratininga. Esta condição, enfim, permitiria que o antigo e esperado desassoreamento tenha alcance.

O diretor do DAE, Elton Rafael Alves de Oliveira, cita que a extensão da limpeza prometida pelo Estado traz afluentes que “abastecem a Captação”, como os córregos Ventura, Veado, Guilherme, Lagoa Dourada, entre outros.

E quando? Esta resposta o DAE ainda não tem do Estado.

RODÍZIO E SECA

E o rodízio com restrição no abastecimento para cercade 140 mil bauruenses? Continua.

Há poucos dias na gestão, após deixar a Seplan a pedido da prefeita, Purini divide a resposta com o diretor de produção. “A perspectiva é de tempo seco e com pouca possibilidade de chuva pela frente. Vamos prosseguir ações e buscar minimizar a oferta de àgua. Mas nessas condições não há perspectiva de mudança no rodízio (24h x 48h).”, avalia Purini, com Elton.

O diretor complementa que é pouco provável que a região do Jd Bela Vista deixe o rodízio. O então presidente, Leandro Joaquim, citou esra medida para agosto.

O nível da Lagoa em 2,83 m de profundidade na tarde de sexta-feira permitiu, segundo o comando, retirar 350 l/s do Batalha. O volume é acima da vazão máxima licenciada pela Cetesb (317 l/s no ponto).

Esta condição mantém o rodízio como está. Mas com a seca, a Lagoa vai ficar mais rasa. A vazão menor. Com menos de 3 metros de profundidade o DAE não pode nem concluir a retirada da vegetação. Terá de esperar. Assim como o povo pela àgua.

Outras ações emergenciais estão sendo discutidas, indica Purini. Mas o dia-a-dia traz surpresas. De domingo até sexta-feira (6 dias), o sistema de produção da região do Jd Manchester gerou três quebras.

No domingo, pane no painel elétrico do poço. Depois, a bomba queimou. Agora, a adutora quebrou. O último serviço na unidade (foto abaixo) foi concluído nesta tarde.

LEIA MAIS em:

Plano de água existe, e pago. É lei! Precisa aplicar! CEI vai apurar o tema

6 comentários em “Falta d’ àgua: buscar no rio Tietê é melhor do que fazer nova captação no rio Batalha?”

  1. Falta de administrador nessa prefeitura.
    Falta de investimento em mais poços artesianos.
    Gasta-se dinheiro com barracões caindo e com valores estratosfericos e nao cuida da população que paga caro para não ter agua , bem como, não ter um asfalto decente.
    É uma cidade de buracos e sem perspectivas nenhuma, além de ser muito mal administradas….
    Onde esta o dinheiro do IPTU?
    Investido sabe Deus onde…..

  2. Felício João David

    O que o DAEE está propondo executar leva a solução de imediato da falta de água; a partir daí basta o DAE ter gestor que seja tecnico. O DAE não precisa de nova ETA, basta corrigir os erros de projetos fazendo a setorizacao e instalar reservatórios nos Residenciais cujos prefeitos e gestores do DAE abriram mão destes na aprovação destes residenciais , onde fizeram política de benesses aos empresários loteadores, onde esses residenciais são abastecidos pela ETA/batalha; não dá pra ficar mentindo pro povo, principalmente aqueles que estão até 72 horas sem água, enquanto os residenciais da Zona Sul, gastam água sem qquer controle por parte do DAE, eles não tem reservatórios internos, recebem água da malha de abastecimento da região! Absurdo.

  3. Vivenciamos uma crise hídrica. Porém, pior que a crise hídrica é a crise de gestão no DAE. Digo que a a falta d’água somente não é maior, devido o corpo técnico da Autarquia ser bastante capacitado.
    Detalhe: a crise de gestão pode ser superada. A hídrica pode ser amenizada.
    Basta cuidar das àreas de recargas e maior controle do uso do solo. Ninguém toma suco de eucalipto.

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