
O ex-presidente da Apae Bauru, Roberto Franceschetti Filho, foi declarado culpado pelo assassinato da ex-secretária da entidade, Cláudia Lobo, no crime que comoveu Bauru em agosto de 2024. Ele recebeu sentença de 22 anos e 6 meses (regime fechado). Dilomar Batista foi sentenciado a 1 ano e 6 meses (regime aberto).
A decisão dos 7 jurados sorteados (quatro mulheres e três homens) foi lida pelo juiz da 1ª Vara Criminal do Fórum de Bauru, Jair Pena Júnior, em julgamento encerrado há pouco, no Jardim Bela Vista. A defesa, desde o início do julgamento, argumenta por divergências no processo, indicando que vai recorrer da decisão. Uma das posições é de pedido de nulidade do julgamento. Os advogados reclamam que o juiz não poderia ter feito perguntas a Roberto, em depoimento.
O juiz aplicou a sentença de 22,6 anos de prisão em regime fechado contra Roberto (definindo a chamada de dosimetria), levando em conta os agravantes acolhidos da denúncia.
Em resposta aos quesitos formais para a ação penal, os sete jurados responderam que o crime aconteceu e que Roberto é considerado culpado pela morte. O também réu, Dilomar Batista, confessou sua participação no assassinato, segundo ele, agindo na ocultação do cadáver, que ainda foi desintegrado e ateado fogo, sendo jogado em uma vala aberta em área de depósito da Apae, em um local da zona rural de Bauru ao lado de campos de futebol (conhecido como Chácara do Ditinho), na saída da rodovia Bauru-Arealva.
Durante o julgamento iniciado na quinta-feira, o promotor Alex Ravanini ressaltou todas as evidências apresentadas do crime, como detalhes do inquérito policial conduzido pelo delegado Cledson Nascimento, exames periciais com identificação de sangue de Cláudia Lobo no carro utilizado por Franceschetti Filho e a ex-secretária, durante o trajeto no dia do crime, a recomposição do percurso, com mapeamento via GPS de antenas de telefonia celular, e demais elementos investigatórios.
Para o promotor, o assassinato da ex-secretária-executiva da Apae tem elementos similares ao caso de Elisa Samudio, desaparecida em 2010 e cujo corpo também não foi encontrado. Ravanini ainda argumentou aos jurados que a ausência do corpo não é motivo para absolvição. “Este é o quinto caso em que atuo sem a presença do corpo da vítima. Isso não significa que não houve homicídio”, afirmou, durante a acusação. Ele destacou que, assim como no caso de Samudio assassinada pelo goleiro de futebol Bruno, a destruição dos restos mortais teria ocorrido para tentar impedir o esclarecimento do crime.

Para o Ministério Público, Roberto Franceschetti e Dilomar montaram detalhes da ação para tentar eliminar rastros e confundir a investigação. Mas Dilomar confirmou, também em juízo, que participou da ocultação do corpo de Cláudia. Ele alegou ter agido sob ameaça de Roberto. A confissão, de todo modo, é considerada pela Polícia e MP situação crucial para conduzir a condenação com autoria.
A defesa rebateu que considera o inquérito policial falho, buscou levantar inconsistências em trechos de depoimentos e desconstruir a ocorrência de assassinato. Em depoimento, Franceschetti Filho chegou a dizer que a ex-secretária e seu braço direito no comando da Apae, até então, poderia estar inclusive viva. Outra tese é de que a ida de Roberto com Cláudia em um mesmo carro na direção do Jd Pagani, na data do sumiço, teria se dado para que a ex-secretária pagasse dívida com suposto agiota.
Estas e outras questões serão objeto de recurso das partes.
Em outro processo, o Judiciário dará andamento a ação que trata de desvios financeiros na Apae, conforme o inquérito policial e MP.