“Limpar” Lagoa do Batalha aguarda novo laudo e chuva e DAE aposta em reduzir retirada de água no rio durante estiagem

DAE foi aconselhado a retirar plantas de forma gradual e permanente; mas mexer nos sedimentos da Lagoa envolve riscos

O presidente do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Marcos Saraiva afirmou hoje, em mais uma reunião pública da Comissão de Meio Ambiente do Legislativo, que desassorear a Lagoa de captação de água do rio Batalha terá de esperar a contratação de laudo técnico e a ocorrência de chuvas. Ele foi cobrado por parlamentares por ter afirmado, no final de 2021, em pleno rodízio de abastecimento na cidade, que a limpeza tinha de esperar o período de chuvas (o que já passou). A autarquia também apontou redução da retirada de água do Batalha para o período de estiagem (leia abaixo).

Contudo, Saraiva mencionou que a retirada de sedimentos da Lagoa e a eliminação de plantas exigem, ao contrário da previsão inicial, criterioso procedimento. Questionada por vereadores na reunião presidida por Eduardo Borgo, a diretoria do DAE revelou que, ainda no segundo semestre do ano passado, obteve laudo de especialistas contratados da USP e da Universidade Federal de São Carlos de que as ações adequadas para recuperação e preservação da Lagoa exigem:

cercar e proteger margens, impedindo animais de ter acesso ao rio e afluentes

(esta necessidade é antiga e nunca foi cumprida pelo DAE. Além disso, a fiscalização para as ocorrências é atribuição do Estado (DAEE) – que há anos é negligente nesta responsabilidade tanto em Bauru quanto em cidades vizinhas); 

estabilizar margens e taludes, com ações de contenção de carreamento de sedimentos de plantações ao longo do percurso da Lagoa e afluentes, em Bauru, Piratininga e Agudos

(o DAE somente agora pediu o cadastro de proprietários lindeiros; ainda assim, a autarquia não pode atuar nos municípios vizinhos; desde o projeto de recuperação de microbacias e estradas realizado no governo anterior, permanece sem realização o cadastramento e acesso aos proprietários de terras, assim como não foi realizado convênio para ação nos domínios de Agudos e Piratininga);

dragar os setores mais críticos da Lagoa de captação

(esta ação está no “manual” de obrigações permanentes do DAE há décadas, mas por vários governos ou não foi realizada ou o foi de maneira pouco profissional; sequer draga adequada a autarquia tem, apesar de sucessivos superávits no caixa);  

remoção periódica das plantas, de forma gradual e contínua

(conforme o laudo contratado junto aos profissionais no ano passado, ao contrário do que havia anunciado o DAE, a retirada drástica aumenta a ocorrência de produtos tóxicos à água (cianobactérias); além disso, o lodo sedimentado no fundo da Lagoa – rasa em sua maior parte – só pode ser remexido com abundância de água (chuvas), medida que depende de São Pedro); 

Este estudo, ao valor de R$ 35 mil, é assinado pelos especialistas Davi Gasparini Fernandes Cunha – professor Associado do
Departamento de Hidráulica e Saneamento, da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (SHS-EESC-USP). Engenheiro Ambiental – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, Fellipe Henrique Martins Moutinho – Biólogo – Universidade Federal de São Paulo. Mestre em Análise Ambiental Integrada – Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Ciências – Programa de Pós-graduação em Engenharia Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo e Juliana Cristina de Resende – Engenheira Ambiental – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. Engenheira de Segurança do Trabalho – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

Agora, o DAE vai contratar as ações a serem realizadas, levando em conta os apontamentos. A licitação, porém, ainda está na fase de atualização de cotação de preços.

REDUZIR DEPENDÊNCIA

Levando-se em conta o relatório contratado por R$ 35 mil para os apontamentos técnicos para a “reforma” da Lagoa de Captação – e todos os ingredientes suplementares das várias frentes de ação informadas acima – a presidência do DAE apontou que a prioridade (reduzir os efeitos em relação ao enfrentamento de possível nova estiagem prolongada) foi atuar em duas frentes distintas.

Enquanto, de um lado, contrata estudo específico sobre como realizar o “manejo” técnico adequado na Lagoa – para não gerar risco de interrupção total do sistema que abastece em torno de 35% da cidade – e aguarda abundância de chuvas para agir -, o DAE aposta na redução da dependência de retirada de água da Lagoa (com medidas de aumento de produção em andamento), conforme a lista abaixo.

Conforme Marcos Saraiva, embora a autarquia tenha consciência de que a gestão duradoura para abastecimento exige não deixar de utilizar captação de água por superfície, o enfrentamento a curto e médio prazo da carência por oferta do líquido nas torneiras exige reduzir, ao máximo, a dependência da retirada na atual captação durante os períodos de estiagem.

Hoje, no pico, o DAE retira 550 litros por segundo da Lagoa do rio Batalha. O plano é retirar 201,5 litros até o final de setembro, segundo o governo. Isto representaria reduzir em 63% o uso do Batalha para atender bairros como Ouro Verde, Centro, Estoril, e outros.

Segundo o presidente, as ações implementadas e programadas serão capazes de aumentar a produção na região abastecida pelo sistema Batalha em um total de 258,5 litros por segundo até o final de setembro deste ano. “O Batalha responde pela produção plena de 530 litros por segundo na Lagoa. E as ações que planejamos vão totalizar produzir mais 258,5 litros por segundo com interligações, adutoras, reservatórios e os novos poços em andamento (Portugal, Shopping e Alto Paraíso) e em contratação (Serrão, Chácaras Cardoso e Nova Esperança). Ou seja, hoje já reduzimos a dependência de retirada do Batalha para 430 litros por segundo e vamos conseguir depender apenas 201,5 litros por segundo. Isso representa (76%) a mais de água a ser produzida para a região do Batalha”, apontou.

Entretanto, a conta não é linear. Como se sabe, o índice de perdas físicas no sistema é muito alto. Ou seja: as medidas previstas vão ajudar, de fato. Mas o que “chega efetivamente às torneiras” é bem menos.

Leonardo José dos Santos, Diretor Produção DAE, e presidente Marcos Saraiva,. na reunião pública

AÇÕES DO DAE

A seguir veja, na íntegra, as ações informadas pelo DAE (realizadas e planejadas a curto, médio e longo prazo):

1. Foi reaberto um trecho do batalha a montante da captação, que estavam tomados pelo assoreamento, com isso dificultavam a passagem da agua. Esta passagem nós monitoramos semanalmente, para verificar se há possíveis obstruções;
2. Já se encontra no departamento de licitação ata de preço para uma eventual contratação de caminhões Pipas com capacidade entre 10 e 15m3 (caso haja estiagem severa, para ter em estoque a contratação);
3. Reservatório Elevado da Vila Dutra 350 m3;
4. Reservatório Apoiado da Vila Dutra 2000 m3;
5. Estamos Atuando em busca de reduzir os vazamentos de rua;

6 Fazendo e termo de referência para um novo Reservatório 2000 m3 ao lado da ETA
7. Terminamos a setorização na Bela Vista, estamos setorizando este ano os Bairros Vila Dutra, Sta Candita e Leão XIII, Falcão, Alto Paraiso e Vila Pacífico e adjacências

8. Implantação macro e micro medição;
9. Captação Complementar – Estamos fazendo Termos de referência e orçamentos para projeto e execução;

10. Parceria com o Projeto SACRE (SOLUÇÕES INTEGRADAS PARA CIDADES RESILIENTES), maior projeto de pesquisas de águas subterrâneas do Estado de são Paulo.

11. Estamos fazendo a reformulação que será enviada a esta Câmara Municipal para aumento de quadro de funcionários operacionais

12. Abertura de concurso para contratação de mais funcionários afim de que possam acompanhar as necessidades da cidade, que hoje estão defasadas

QUER SABER MAIS SOBRE O ESTUDO SOBRE A LAGOA DO BATALHA?
VEJA DADOS NESTE LINK:

Estudo recuperação Lagoa CAptação DAE maio 2022

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