Do sertão de Garanhuns (PE) ao sindicalismo no Grande ABC, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vence a histórica eleição que o leva pela terceira vez ao comando do País falando em RECONSTRUIR.
Lula venceu o presidente Jair Bolsonaro (PP) por pouco mais de 2,1 milhões de votos. Disse à multidão que comemorava na Avenida Paulista, à noite, “que tentaram me destruir e vocês me trouxeram aqui de volta. Minha gratidão e meu compromisso em atuar todo dia para reconstruir o País e governar pelos que mais precisam”.
A eleição que reuniu pela primeira vez o atual presidente e um ex foi apertada. Bolsonaro reduziu a diferença do primeiro turno a favor de Lula de cerca de 6 milhões de votos para 2,1 milhões.
A pauta pela democracia, a retomada de políticas sociais de seu primeiro mandato e o apoio maciço dos estados do Nordeste foram cruciais para Lula vencer Bolsonaro.
Em Bauru, Bolsonaro voltou a vencer no segundo turno. No Interior, o atual presidente foi bem melhor do que Lula. Bolsonaro também reduziu a diferença para Lula em Minas Gerais, terceiro maior colégio nacional de eleitores. Mas perdeu em vários estados.
No Estado de São Paulo, o ex ministro Tarcísio Freitas venceu Fernando Haddad. A exemplo de Lula, Tarcísio terá de compor com deputados eleitos para aprovar as pautas que defendeu na eleição 2022. Deve acenar para o diálogo com Lula, até para não se isolar.
Veja como foi a disputa nacional em Bauru:
CASCA DE BANANA
Além da difícil missão de retirar votos de Lula, Bolsonaro teve outras dificuldades no segundo turno.
Contou com o governador reeleito Zema para reduzir a vantagem de Lula em Minas Gerais, mas não conseguiu mudar o domínio lulista no Nordeste, mesmo pegando duro no ataque aos problemas do PT com corrupção e contando com apoios religiosos, sobretudo entre Evangélicos, na pauta de costumes.
Bolsonaro sofreu mais com deslizes político do que o adversário no segundo turno. Viu simpatizantes discriminarem nordestinos pela preferência ao petista, teve de contornar os reflexos do apoiador ex deputado Roberto Jefferson ter atirado e jogada granada contra policiais federais e a deputada bolsonarista Carla Zambelli sacar e empunhar arma, na véspera da eleição, contra eleitor petista na Capital.
Denunciou (de forma falsa) que rádios não tinham veiculado parte de sua propaganda eleitoral no Nordeste e ainda teve de tentar conter o estrago em torno da polêmica declaração de seu ministro, Paulo Guedes, de que o salário poderia não ser reposto todo ano pela inflação.
RECADO DAS URNAS
Uma parte dos brasileiros, sobretudo os mais humildes, quer políticas sociais para garantias mínimas contra a desigualdade. Mas, mesmo estes, não abonam a escalada de corrupção no governo Lula anterior. E se o caminho for o mesmo, o novo governo terá turbulências.
Mas os rompantes de Bolsonaro, a aceitação do Centrão corrupto – o mesmo que esteve com Lula – e os erros na gestão da pandemia, além de ataques a mulheres e minorias, formaram alta rejeição contra o atual presidente.
Aos 77 anos, Lula não pode errar. Terá pela frente um Congresso mais conservador e um longo caminho para a retomada da economia, emprego e redução do déficit público.
58 milhões votaram pela pauta conservadora. E 60 milhões pelo combate à pobreza e democracia. Lula terá de governar para todos e pacificar o País. Não haverá tolerância à corrupção.
Pela primeira vez aos 75anos, não senti nenhuma vontade de votar e não fui, contrariando meus princípios democráticos.
Nenhum dos dois me representa.
Mas confesso que torci contra o Bolsonaro.
Seja o que Deus quiser.