Morte com condutor de moto cresce 50% na Covid, a maioria jovens

Foram 10 vítimas fatais com uso de moto no trânsito em 2019, contra 15 em 2020, conforme a Emdurb

Mesmo com queda significativa na quantidade de veículos circulando em 2020, em função das restrições relacionadas à pandemia do coronavírus, o trânsito de Bauru registrou 50% a mais de mortes envolvendo motos, na comparação com 2019.

O dado alarmante, que infelizmente se repetiu na maioria das cidades médias e capitais do País, ainda inclui o aumento de 75% de jovens entre as vítimas fatais. A estatística aponta 8 mortes de pessoas com idade entre 18 e 30 anos (a maioria do sexo masculino) em 2019 – quando o trânsito funcionou em sua movimentação plena – contra 14 desta mesma faixa etária  no ano que acaba de se encerrar. Apesar disso, o total de vítimas fatais, no comparativo, reduziu (de 43 em 2019 para 40 óbitos em decorrência de acidentes de trânsito em 2020).

Conforme os dados abaixo, com base nas estatísticas oficiais da gerência de trânsito da Emdurb, com o menor fluxo de veículos em razão das regras restritivas de mobilidade urbana durante um período considerável, a pandemia não trouxe só insegurança, mas outros problemas a serem enfrentados pela sociedade.

O gerente de estatísticas de acidentes da Emdurb, Nelson Augusto Neto, lembra que, no meio do ano de 2020, o levantamento já apontava a “explosão”. “A pandemia fez com que as ruas ficassem com muito menor movimentação no trânsito por pelo menos por 90 dias, quando as proibições de circulação foram mais severas, em Bauru e em todos os lugares. Mas o serviço de delivery ocupou o espaço e a necessidade de atendimento aos usuários, com entregas de objetos e alimentação em casa. Mesmo assim, o número de vítimas fatais envolvendo infelizmente cresceu muito entre jovens, passando de 10 para 15 e com 7% desses casos localizados na faixa etária de 18 a 30 anos trabalhando”, posiciona.

A gerência acrescenta que “a concentração de acidentes com vítimas se deu bem mais nos finais de semana, quando o volume de serviços também se acentua. A maior demanda por entregas, como em horário de almoço, também teve reflexo nos dados”.

Ou seja, a concentração de registros de acidentes graves, envolvendo moto e jovens, coincide, na maior parte com o intervalo entre às 11 horas e às 14h, 15h. Com desemprego crescente, também em razão da pandemia, quem não conseguiu se encaixar em atividades em casa (home office), ou não conseguiu gerar alguma renda, como no transporte utilizando carros via aplicativos (como o Uber), não hesitou em abraçar a oportunidade de ter algum ganho através de entregas.

Os dados (veja quadro completo abaixo) também mostram que o número de mortes envolvendo acidentes com carros caiu, entre 2019 e 2020. Isso se justifica pela redução no volume de carros circulando ao longo da pandemia.

De outro lado, a estatística comparativa identifica o aumento nos registros relacionados a motos. Os dados ainda indicam que a menor presença de pessoas com idade acima de 60 anos circulando na área urbana também pode sustentar a explicação sobre a queda (em mais de 50%) de óbitos relacionados a acidentes de trânsito em Bauru. Como se sabe, os idosos são grupo de risco e, de outro lado, formam o maior contingente de vítimas da Covid (em si).

segundo o DETRAN SP, BAURU tem 291.569 veículos licenciados. Desses, 60 mil são motos.

Pressa, condução perigosa e pressão por entregas acumuladas em um mesmo período (como almoço) estão entre os os fatores incidentes relacionados ao aumento de acidentes.

 

CASOS URBANOS

Foram inúmeros acidentes envolvendo jovens, com o uso de motos, durante a pandemia.

Em maio (no dia 7), por exemplo, a Polícia Militar foi acionada para o registro da morte de Leonardo Cauê Kain de Oliveira. Com 22 anos, conforme o registro, ele morreu após bater a moto contra um poste, na quadra 22 da avenida Cruzeiro do Sul, em Bauru, por volta das 14h15. 

Em outubro, no dia 10, outro acidente envolveu a colisão de duas motos (uma Honda CBR e uma Suzuki), na Avenida Nações Unidas, na altura do Parque Vitória Régia. Fernando Augusto Borrasca, também de 22 anos, não resistiu.

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