N. 307 Bauru tem 19 mortes em madrugadas frias no final de semana; Emdurb acumula prejuízo de R$ 5,4 milhões somente de janeiro a abril deste ano
19 ÓBITOS NO FRIO
O final de semana foi uma tragédia para pelo menos 19 famílias em Bauru. As temperaturas baixas estão ligadas a 19 registros de óbito, ou por insuficiência respiratória ou parada cardíaca, apenas no serviço público (SUS). Os dados acumulados de sexta-feira até às 12 horas da segunda-feira são alarmantes.
O frio acentuou os casos de mortes, sobretudo nas madrugadas frias, no último final de semana, com registro de alarmantes 19 casos em Bauru. O dado da Secretaria Municipal de Saúde amplia o alerta por cuidados especiais nas fases de temperaturas muito baixas, onde a incidência de crises respiratórias e infarto aumentam significativamente.
Todos os registros foram realizados pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Prefeitura. Conforme apuração levantada pelo CONTRAPONTO, das 12 horas da sextas-feira até o meio dia da segunda, 19 óbitos foram confirmados no setor público. Três casos foram registrados no Pronto Socorro, no final de semana.
Todos os casos são de pessoas que tiveram a notícia de urgência no atendimento de saúde repassada para o serviço de saúde do Município para socorro a pessoas que estavam em suas casas, sobretudo na madrugada de sexta até domingo.
IDOSOS: ALERTA
Os serviços especializados de saúde enfatizam a necessidade de cuidados especiais com idosos durante os períodos de frio mais intenso. Nos municípios onde a temperatura média anual é elevada, quente, nos demais períodos do ano, como Bauru, Ribeirão Preto e outros, a atenção tem de ser redobrada porque as madrugadas registram queda abrupta nas temperaturas em períodos como nos últimos dias. A ocorrência sazonal, infelizmente, vem acompanhada de maior risco.
Contudo, apuramos que Bauru não tinha notícia de somatório tão elevado de óbitos em apenas um final de semana, como o último.
No domingo, o CONTRAPONTO já alertava para a necessidade de cuidados especiais com pessoas acima de 60 anos, em especial, nesta fase. Das 12 horas da sexta até o meio dia de sábado foram oito mortes, segundo a Prefeitura.
Das 12 horas do sábado até o meio dia da segunda-feira (23/05) mais 11 casos. A maioria nas madrugadas deste período.
Veja a identificação das idades e da causa da morte registrada para os 3 dias, em Bauru. Seguem as listas apuradas de sexta a segunda. Segundo os dados, dos 19 óbitos, 14 são homens, a maioria idosos, e 5 são mulheres:
Num período de 24 horas (12h de sexta às 12h deste sábado) foram registrados oito óbitos, no âmbito do serviço público de saúde Sus/Prefeitura:
Homem de 87 anos – Cardiopatia Isquêmica
Homem de 74 anos – insuficiência cardíaca aguda
Homem de 56 anos – Insuficiência respiratória
Mulher de 92 anos – Síncope cardiorrespiratória
Homem de 59 anos – Insuficiência cardíaca
Homem de 65 anos Insuficiência cardíaca
Mulher de 34 anos – Insuficiência respiratória, mas tinha tuberculose
Homem de 66 anos – infecção generalizada;
… …
Óbitos registrados no âmbito do Serviço Público de Saúde (Prefeitura/SUS), no período das 12h de sábado (21) às 12h desta segunda-feira (23):
Homem – 86 anos – Síncope Respiratória
Homem – 68 anos – Síncope Cardíaca
Homem – 83 anos – Choque Cardiogênico (morte no PS)
Homem – 66 anos – Insuficiência Cardíaca
Homem – 65 anos – Síncope Respiratória
Homem – 83 anos – Síncope Cardiorrespiratória
Homem – 48 anos – Insuficiência Hepática
Mulher – 72 anos – Cardiopatia Isquêmica
Mulher – 103 anos – Senilidade
Mulher – 67 anos – Choque Cardiogênico (morte no PS)
Homem – 56 anos – Insuficiência Respiratória/Sequela de AVC
HOMENS SOFREM MAIS
Os dados confirmam que, assim como Bauru, as mortes associadas ao frio são maiores entre homens. Detalhe: os alarmantes 19 óbitos em Bauru em apenas 3 madrugadas são do sistema público. Há casos no setor privado.
Com o aumento de ondas de frio e calor extremos, o impacto das mudanças climáticas na morte de pessoas tem ficado cada vez mais evidente ao redor do mundo. Pesquisadores calculam mais de 5 milhões de óbitos por ano, principalmente de pessoas com mais de 65 anos.
No Brasil, um estudo pioneiro feito por duas pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) e um pesquisador da Universidade de Coimbra (Portugal) do final de 2021 analisou dados de mortalidade na capital paulista ao longo de uma década e descobriu como temperaturas extremas matam homens e mulheres de formas e períodos diferentes. Idosos são mais vulneráveis às ondas de calor do que as idosas, por exemplo.
As pessoas com mais de 65 anos de idade são mais vulneráveis, pois apresentam uma diminuição da capacidade termorreguladora se comparada com a dos adultos mais jovens, apontam especialistas .Também é necessário levar em conta que as pessoas mais velhas na maioria das vezes apresentam doenças pré-existentes (hipertensão, diabetes, colesterol alto, entre outras), se desidratam com mais frequência, são socialmente mais isoladas, podem apresentar limitações financeiras que as impedem de viver em condições térmicas adequadas e, ainda, têm maior dificuldade de acessar serviços de saúde em tempo hábil.
Outro fator é que esta faixa etária, conforme pesquisa, tem hábitos comportamentais (tabagismo, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade) que podem contribuir para o aumento do risco de mortalidade nos eventos extremos, como as ondas de frio.
ROMBO DA EMDURB
Já revelamos que as contas da Emdurb apresentaram prejuízo de R$ 4,1 milhões até março deste ano. Na audiência pública da prestação de contas de janeiro a abril, a ser realizada nesta quarta-feira pelo Legislativo, às 9 horas, a Emdurb vai apresentar que fechou os primeiros meses do ano com despesa maior do que a receita em R$ 5,4 milhões negativos neste ano, contra R$ 2,6 milhões no mesmo período de 2021.
Conforme os dados da empresa, a receita realizada no período foi de R$ 18,4 milhões, contra despesa de R$ 23,8 milhões. Isso significa um aumento do “buraco” de 21,21%.
A dívida da Emdurb também cresceu. No quadrimestre de 2021 o registro é de R$ 16,13 milhões, contra R$ 23,66 milhões no mesmo período deste ano. Confrontamos o dado (incorreto) que havia sido apontado pela gestão anterior (ainda do atual governo). O déficit aumentou R$ 46,70%. Uma situação gravíssima!
SUPERÁVITS NO DAE E PREFEITURA
Já a Prefeitura acumulou superávit nas receitas de R$ 55,5 milhões de janeiro a abril, conforme apurado pelo CONTRAPONTO. Todas as receitas, grosso modo, foram bem, acima da inflação. O destaque ficou para IPTU e repasses da União (FPM), que registraram acima de 20% de crescimento na arrecadação neste início de ano.
O IPTU gerou entrada no caixa de mais 20,2% e o FPM 26,71%.
De sua parte, o DAE apresentou crescimento na arrecadação de 20,8% no primeiro quadrimestre (R$ 56,7 milhões em 2022 contra 46,9 milhões em 2021), segundo autarquia. O DAE tem um registro de saldo em caixa, no final de abril passado, de R$ 239,3 milhões. A maior parte é do Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE).
AUDIÊNCIA FUNPREV
Ninguém quer pagar mais. Esta é a síntese esperada da audiência pública que discutiu pontos de contas da Funprev. A Prefeitura diz que já tem obrigações pesadas na previdência, mas se esquiva quando é chamada a observar que o fundo foi estabelecido sem que todo o período 10 anos de aumento de receita (capitalização) fosse observado e com 1.533 servidores sendo “sócios” do clube de previdência sem recolher para o equilíbrio das contas.
De outro lado, nem os gestores da Funprev e nem o governo têm, até aqui, coragem de informar que centenas estão recebendo aposentadoria pelo regime próprio sem contribuir. Pior que isso: centenas aproveitaram – dentro da lei – a oportunidade de nomeação para um cargo com maior salário na véspera da aposentadoria (administrativo virou diretor, professora virou diretora (o) de escola, por exemplo), aposentando com ganho bem maior do que contribuiu.
Ou seja: tudo isso acumulou déficits. E a atual geração de ativos, que não tem nada com isso, é quem está bancando esta conta acumulada.
Por tática, como é ano de eleição e o certificado de previdência vence em 24 de setembro próximo, a conta menos dolorosa (para Prefeitura e servidor) é destinar 60% do recolhimento de Imposto de Renda (IR) de inativos para a Funprev. Isso para estancar o déficit momentâneo (fabricado por índices do governo federal), até que o futuro seja decidido nas urnas, em outubro, com a escolha de um novo (a) presidente da República.
Outra posição da audiência: a segregação de massa (a separação de inativos e ativos mais antigos dos novos concursados para calcular as despesas com previdência) não ajuda nas contas. Ao contrário. A Prefeitura teria de arcar com mais despesas anuais, estourando seu índice de gasto com pessoal. A conta é de que a segregação exigiria aporte anual de R$ 112 milhões por ano.
Já a conta do IR custa R$ 35 milhões por ano.