N. 450 Município vai ao Judiciário para anular cobrança de R$ 8 milhões com multa que Receita levou 19 anos para lançar. Conselho de Saúde rejeita contas até agosto por despesa reduzida em investimentos
COBRANÇA DE R$ 8 MILHÕES
A Prefeitura de Bauru ingressou com ação contra a Receita Federal, em Bauru, para buscar a anulação da cobrança de R$ 8 milhões impostos pelo órgão federal por recolhimentos que não foram realizados sobre o Pasep em 2004 e 2005. O recolhimento da obrigação, sobre receitas de prefeituras, não é reclamado pelo Município. Na ação, a Procuradoria Jurídica Municipal questiona a base de cálculo e aponta que a cobrança prescreveu. O prazo é cinco anos, argumenta a administração.
19 ANOS DEPOIS
O Município foi inscrito no cadastro de inadimplentes da União (tendo prejuízos para futuros repasses de verbas de convênios e emendas parlamentares) em razão da cobrança. A Prefeitura, através do procurador jurídico Nilo Kazan de Oliveira, sustenta que a cobrança é nula, por dois motivos principais. Depois de anos de discussão administrativa da cobrança, a Receita demorou bem mais de 1 ano para julgar recurso do Município. E a norma aponta que o direito do poder público (Receita) cobrar “caducou”, como se diz no popular. (a questão jurídica neste caso é chamada de decadência).
A Prefeitura alega na ação judicial que impugnou a cobrança em 02/12/2008, mas a Receita só julgou na instância local o caso em 27/05/2010. Outro ponto atacado é a aplicação da multa (em razão do não pagamento do que a Receita diz ser o correto). A medida judicial destaca que o auto de infração (com percentual de 75% sobre o valor cobrado) é indevido contra o Poder Público, com base na norma específica deste tipo de cobrança que valeu até julho de 2004. Veja que a cobrança alegada pela Receita é de 2004 (uma boa parte). O restante seria 2005.
Assim, depois de 19 anos da discussão administrativa, agora a Receita Federal definição a cobrança e inscreveu o Município no Cadastro Federal de Devedores. Em liminar, o Município pede a retirada desta sanção, via sistema, ainda que até a decisão da ação, para evitar prejuízo insanável.
MAIS DIVERGÊNCIA
Na essência da cobrança, a Prefeitura ainda questiona na ação que a obrigação de recolher Pasep sobre receitas municipais tem como base de cálculo as arrecadações de receitas próprias (como IPTU, ISS, ITBI) e os repasses da União (FPM). Mas a Receita cobrou sobre tudo, incluindo repasses de ICMS.
Aliás, eis aqui, em pitaco, mais um exemplo de que a Reforma Tributária no País é ultra necessária. Além de uma série de impostos em cadeia, sobrepostos (bis in iden), temos no debate acima a União fazendo caixa sobre percentual de arrecadação das prefeituras. Não perdoa nem IPTU, ISS, ITBI, impostos na essência municipais, para enfrentar a enorme defasagem do sistema, onde o bolo das receitas fica super concentrado em Brasília. Cobrar até sobre receitas (como Pasep) é algo que não se viu, ou ouviu, até agora, debate….
E olha que a Reforma Tributária já está no Senado…
CASO COHAB
A primeira ação do caso Cohab – que discute acusação de desvios de R$ 54,8 milhões na boca do caixa, durante a gestão de Gasparini Júnior entre 2007 e dezembro de 2019, está na fase de alegações finais. Ou seja, quase pronta para o julgamento.
UNIVERSALIZA SP
O governo do Estado prorrogou até o dia 6 de outubro (era 30 de setembro) o prazo para que os municípios realizem a adesão administrativa (simples, via site mesmo) para o programa UniversalizaSP.
Em síntese, apesar de tudo o que se tentou dizer, ou o pouco explicado, a ação autoriza o Estado tão somente a dar apoio técnico para mais um estudo (modelagem) para a concessão de água e esgoto… Não significa, nem pode juridicamente, autorização para transferir o DAE para a Sabesp!
A concessão dos serviços exige aprovação de lei própria!
CONTAS DA SAÚDE
O Conselho Municipal de Saúde segue exigindo que os valores represados (não utilizados) em investimentos do ano anterior sejam aplicados. Senão, será a confirmação de perdas em áreas fundamentais, de estrutura, equipamentos da rede. O Conselho voltou a rejeitar as contas do segundo quadrimestre.
A Secretaria de Saúde argumenta que, no acumulado deste ano, até agosto, o índice de uso concreto de verbas, em relação à arrecadação, retornou a 24% (foi menor nos dois primeiros anos inteiros da gestão Suéllen).
No quadro abaixo está que foram efetivadas despesas de R$ 3 milhões até agosto. Mas o Conselho cobra pouco mais de R$ 11 milhões (que ficaram para trás, exatamente do período em que o caixa do Município mais “engordou” – com superávits ótimos)… O quadro também traz elevação menos de 10% com servidores e elevação de despesas correntes (insumos (materiais), contratação de terceiros (como FERSB) e outros itens, como remédios).
Veja que, ao contrário das despesas com folha de pessoal concursada, a Saúde ampliou significativamente (isso já ocorre nos últimos anos) as despesas com terceirizados. Isso retira, por reflexo, mais dinheiro do fundo de previdência, ampliando o déficit naquela conta…
RECEITA MUNICIPAL
E como acompanhamos, em detalhes, contas municipais pra você, audiência pública de gastos na Saúde permitem visualizar o comportamento do caixa geral (sim da arrecadação do Município). O quadro abaixo mostra que, apesar do arrefecimento na arrecadação de ICMS, em alguns meses deste ano, o acumulado continua na média.
E os outros indicadores de receita, até agosto, também vão bem, mantendo superávit acumulado nos dois quadrimestres…
Dá uma espiada nos dados: IPTU já arrecadou até agosto R$ 125,6 milhões, contra R$ 118,2 milhões do mesmo período de 2022.
O ITBI (cobrado das operações de compra e venda de imóveis) é o único das receitas locais a ter queda até aqui. O ISS saltou de R$ 110,9 milhões de janeiro a agosto de 2022 para R$ 112 milhões neste ano. As multas e cobranças de dívidas também estão maiores em cerca de R$ 6 milhões, na comparação. O repasse da União (FPM) cresceu pouco. O IPVA bombou de R$ 99,1 milhões para R$ 123 milhões agora e, finalmente, o ICMS de fato preocupa (acumulou R$ 190,7 milhões até agosto de 2022 e agora tem R$ 177 milhões, por comparação.
Esses dados são oficiais, apresentados pela Saúde por força da obrigação de demonstrar seus próprios índices, em audiência pública.
Por falar em saúde, a prefeitura recebeu seis ambulâncias novas para o Samu hoje.
EDUCAÇÃO
O comando da Secretaria de Educação realizou mais uma rodada com integrantes de entidades, sobretudo creches conveniadas, para buscar ampliação de vagas contratadas para o próximo ano.
A prefeita persiste na meta de zerar a fila, compromisso eleitoral e firmado com a Promotoria também. O governo acena com ajuste em algum valor por aluno (per capita) e mais algum repasse para cobrir despesas extras…
Essas ambulâncias vieram do Ministério da Saúde?