Pais e representantes de entidades sociais relataram nesta terça-feira, em reunião na Câmara de Bauru, o drama da interrupção de cuidados e programas de suporte para pessoas com deficiência assim que são liberadas do atendimento pelo setor público ou conveniadas.
A reunião pública promovida pelo vereador Júlio César ouviu o isolamento e obstáculos que famílias de crianças com deficiência enfrentam para garantir a reabilitação e as intervenções necessárias para o tratamento e acompanhamento delas no âmbito do município de Bauru.
Estiveram presentes representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comude); do Lions Clube Autismo; Sorri Bauru, Apae Bauru; do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Bauru, Jorge Antonio Soriano Moura; da Associação dos Familiares, Amigos e Pais de Autistas de Bauru (Afapab); do Movimento Todos Pelo Autismo; do grupo Família TEA Bauru; da presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (CEAPcD), Ariane Sá; e familiares de crianças com deficiência.
Os depoimentos vieram de quem vive com o isolamento do filho logo após receber alta. As famílias enfrentam dificuldade continuar o tratamento das crianças após o término do plano de reabilitação desenvolvido por entidades parceiras da Administração Municipal.
Foram inúmeros depoimentos de pais e assistentes. Vários casos são de situações dramáticas, onde o desespero é maior no dia da alta. “E agora? Como vou acompanhar esta criança. O desespero vem com a alta. Ficamos sem suporte e sem saber o que fazer e onde”…
Adamares Tatiane (mãe de menina pcd que hoje está na APAE) resume: “É o futuro que assusta”; Edmilson, pai de aluno com paralisia cerebral convive há dez anos “mudando fases e demandas. O que fazer no pós alta?”, cita.
A falta de representantes das secretarias municipais de Saúde e Educação na reunião foi alvo de críticas, inclusive do vereador Júlio César, que destacou a falta de diálogo do Poder Executivo para a construção de soluções. Essas crianças voltam para casa sem que os pais saibam o que fazer?
Os vereadores, familiares e representantes das entidades, endossaram a necessidade de medidas emergenciais. Entre está a formulação de convênios com clínicas particulares da cidade para garantir que o tratamento dessas crianças não seja interrompido. O custeio dessas ações é desafio.
As direções da Sorri e da Apae também aproveitaram o encontro para assinalar que estão sendo estranguladas pela alta demanda de atendimentos. No caso da Apae, segundo Maria Amélia Moura Pini Ferro, presidente da entidade, a estrutura física disponível já não é suficiente.
Diretor executivo da Sorri, Luís Fernando Maximino Bento também apontou que os recursos municipais e federais hoje não são suficientes para arcar com as despesas das oficinas ortopédicas das duas entidades.