O caso de inside trading nas ações da Petrobrás

 

 

A Petrobrás dominou os holofotes na última semana, principalmente depois do anúncio de Jair Bolsonaro sobre a intenção de trocar o comando da companhia. Aproveitando a euforia dos mercados, um investidor supostamente teria ganho cerca de R$ 18 milhões com a utilização de informações privilegiadas.

A BSM Supervisão de Mercados, braço da bolsa de valores responsável por regular os mercados de capitais, consegue facilmente captar movimentações atípicas de um determinado ativo. Dentro dos indícios mais comuns de inside trading podemos citar as fortes oscilações dos papéis sem motivo aparente e um grande volume financeiro envolvido.

Assim, o supervisor estipula que alguém já possuía os detalhes da fala do presidente e, sabendo das consequências, pôde aproveitar e ganhar um bom dinheiro.

 

Porém, o que exatamente está sendo discutido?

O mercado, assim como muitas coisas na vida, é bastante complexo. Dentro os diversos ativos que podemos encontrar na bolsa de valores, existem as opções. Esse tipo de ativo é um derivativo, ou seja, cujo valor deriva de algum outro ativo. Dessa forma, se negociamos as opções de Petrobrás, não estamos transacionando as ações da petroleira em si, mas sim um contrato referente à elas.

 

Call e Put

Pode ser que tenha ficado um pouco confuso, mas tentamos exemplificar para facilitar. Se compro uma call, opção de compra, como é chamada no mercado, tenho o direito de comprar um determinado ativo a um preço pré-estabelecido. Ou seja, acredito que a ação irá se valorizar e espero comprá-la a um preço menor do que o preço a mercado. Se vendo uma call, possuo a obrigação de vender um determinado ativo a um preço também pré acordado, isto é, estou apostando que seu preço cairá, a ponto de conseguir vender a um preço maior do que o estabelecido no mercado.

Não basta essas operações com a call, temos também a  put, denominada como a opção de venda. O raciocínio é bem parecido. Porém o que muda são os direitos e deveres. Quem compra uma put possui o direito de vender o ativo, esperando por sua queda e ganhando dinheiro em cima do mercado. Vender uma put te obriga a comprar o ativo em questão.

No caso da Petrobrás, o que aconteceu foi que um investidor comprou 4 milhões de puts a R$ 0,04, ou seja, possuía o direito de vender a ação por R$ 26,50 no dia 22/02/2021.

 

O que isso quer dizer?

Se o preço da ação está R$ 30, o detentor da put não exercerá seu direito de venda a R$ 26,50. Ora, por que vender a R$ 26,50 se o mercado aceita o preço de R$ 30? Porém, o contrário é verdadeiro, isto é, se o mercado precifica a ação da empresa a R$ 15, por exemplo, exercer seu direito de venda a R$ 26,50 é um bom negócio.

Vamos às contas

No dia da grande queda, as ações da Petrobrás eram negociadas a R$ 21,77.

  1. 4 milhões de opções de venda a R$ 0,04 = R$ 160 mil investidos.
  2. Lucro por ação:
    • Preço de venda – preço a mercado – custa da opção (put)
    • R$ 26,50 – R$ 21,77 – R$ 0,04 = R$ 4,69
  3. Assim, o detentor das opções de Petrobrás comprou no mercado 4 milhões de ações a R$ 21,77 e exerceu seu direito de venda dessas mesmas ações a R$ 26,50.
  4. Conclusão
    • 4 milhões x R$ 4,69 = R$ 18.760.000.

 

Um caso para ficar de olho

O que mais chama a atenção é que o direito de exercer as opções no dia 22/02 casou perfeitamente com a desvalorização abrupta da Petrobrás, algo bastante peculiar para qualquer investidor que não possuísse informações privilegiadas. O caso segue em análise e espera-se que, confirmada a informação privilegiada, as devidas ações sejam tomadas.

Recordamos que inside trading é crime e não deve ser estimulado de nenhuma forma. A beleza do mercado está justamente na oferta e na demanda, sem interferência de nenhuma parte.

Obrigado por acompanhar mais uma publicação nossa.

Nos vemos na próxima!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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