Um dos principais órgãos da pauta ambiental, foco de atenção dos principais países do mundo e, ao mesmo tempo, campo de conflito certo com interesses do mercado agropecuário, o Ibama passa a ser comandado pelo deputado federal bauruense, Rodrigo Agostinho.
Algoz do deputado eleito Ricardo Salles – que deixou o ministério do Meio Ambiente no governo Bolsonaro sob fogo cruzado e assume uma cadeira onde estava Rodrigo, na Câmara Federal, Agostinho leva na bagagem a aproximação com a ministra Marina Silva e a experiência no debate dos principais obstáculos no setor a partir de sua passagem como presidente da Comissão do Meio Ambiente, em Brasília.
Ex-prefeito de Bauru por dois mandatos, ex-vereador, Agostinho ouviu hoje, da Casa Civil, que a prioridade é óbvia: “combate ao desmatamento na Amazônia e Cerrado”.
Apesar da convergência ouvida da Casa Civil da presidência, hoje, Agostinho aponta “caminho difícil de ser percorrido pela frente”.
“Temos um bom diagnóstico, construído com diálogo com técnicos na transição, mas as ações para obter controle e redução do desmatamento na Amazônia e Cerrado enfrentam dados assustadores. Temos quase 2 milhões de hectares de perda da floresta acumulados. É muito”, avalia.
De outro lado, o agora presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) aponta outra dificuldade. “O Ibama foi desmantelado. Tinha 2000 fiscais e hoje tem cerca de 350. Até repor com concursos leva tempo. E em algumas frentes não podemos esperar. Discutimos com a Casa Civil a necessidade de contar com tecnologia e apoio setorial pra ter condições de retomar ações urgentes”, aborda.
A busca de apoio internacional, liberação de recursos (como a liberação do fundo que estava suspenso por embates do governo anterior com financiadores como Noruega) está na agenda da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assim como em compromissos indicados pelo presidente Lula já nos primeiros meses deste ano.
Contudo, no terreno interno. Rodrigo terá oposição dura da bancada ruralista e o enfrentamento das frentes criminosas de exploração ilegal da madeira e avanço de grileiros em regiões de conflito e de imposição da força e violência como forma de domínio.
“Nós tivemos condições de rever todas as normas e de impedir prescrição de multas milionárias dos últimos anos. Vamos restabelecer o plano de combate ao desmatamento e sabemos que seremos muito cobrados pra reduzir os indicadores”, finaliza.
Só Deus pra ter misericórdia do povo brasilerio