Relatório da Polícia Federal remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a atuação ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) traz que o hacker Patrick César da Silva Brito foi monitorado 561 vezes entre o final de 2020 e fevereiro de 2021. O documento também revela mensagens de watsapp obtidas do celular do então chefe de operações da Abin, Marcelo Furtado, com prints sobre Patrick de outubro de 2021.
O processo no STF depura o suposto uso ilegal de aparatos do governo, durante a gestão Bolsonaro, para levantar informações sobre críticos e adversários do então presidente da República. O hacker já estava sob a mira de integrantes da Abin por espionar políticos de Brasília (DF) e Araçatuba. O hacker Patrick Brito é o mesmo que foi contratado pelo cunhado da prefeita Suéllen, Walmir Vitorelli Braga. O araponga e o tesoureiro do PSD em Bauru foram indiciados pela Polícia Federal neste ano em outro processo – que confirma a contratação e os serviços ilegais pagos por Walmir para espionar o jornalista Nélson Itaberá e derrubar a página do facebook da vereadora Estela Almagro, entre 2021 e início de 2022.
As citações em relação a Patrick no relatório da PF sobre a “Abin paralela” estão no relatório que depurou o uso irregular do sistema First mile para levantar informações de pessoas, incluindo políticos, jornalistas e autoridades do Judiciário.
Conforme o documento da PF, as consultas foram feitas com a credencial TC01, atribuída a um servidor da Abin vinculado a uma estrutura paralela de inteligência – que seria responsável por conduzir ações sigilosas ilegais. Segundo a Polícia Federal, além da frequência elevada, o rastreamento digital de Patrick teria sido motivado por interesses internos da própria agência.
Já as mensagens obtidas no telefone celular do ex-chefe da Abin (que está sob investigação no STF) sobre o hacker Patrick são de 7/10/2021.
Este é o mesmo período em que Patrick Brito confessa ter atuado para espionar o jornalista Nélson Itaberá, editor do site Contraponto.digital . Conforme o inquérito da Polícia Federal citado acima, sobre o caso Bauru, Patrick aponta que vasculhou a vida pessoal do jornalista entre julho e o final de 2021. O hacker também aponta, conforme revelado pelo CONTRAPONTO em apuração da reportagem confirmada no âmbito da PF (neste ano), que recebeu de Walmir Braga pelos serviços sujos através de duas remessas por agência de câmbio de Araçatuba, em agosto e no final de 2021.
O relatório sobre a Abin paralela segue no Supremo Tribunal Federal. Já o inquérito da Polícia Federal sobre a espionagem em Bauru está, nesta fase, em andamento no Ministério Público Federal da Capital (SP).
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