Rodízio aperta para 3 dias sem água do Batalha, perfuração do poço 3 começa hoje e DAE quer alargar lagoa do Batalha em janeiro

Rodízio chega em sua fase mais crítica, com suspensão do abastecimento para 140 mil moradores a cada 3 dias pelo rio Batalha

 

O DAE corre contra o tempo e torce para que o tempo (chuvas) colabore! Mas, por ora, não há o que fazer. Não tem água para todos – todos os dias! O Departamento de Água e Esgoto apertou hoje ainda mais o rodízio no abastecimento para cerca de 140 mil pessoas – que recebem água do Sistema Batalha. Neste momento,  só há como bombear água da Lagoa de Captação após intervalo a cada 3 dias, com o “rodízio” entre 4 regiões.

E, sendo absolutamente objetivo: não se deve esperar milagre nesta operação. A retomada do sistema é lenta para o tamanho da rede atingida. Até todo o sistema “recuperar” capacidade plena, na prática, a capacidade de fornecimento estará, antes, no limite.

Não há como fugir da crise de abastecimento de água a curto prazo! Escassez de chuvas, evapotranspiração em alta pelo aumento das temperaturas médias e convivência com um sistema que desperdiça (regra geral) pelo menos 35% do que retira todo dia da Lagoa de Captação, entre Bauru e Piratininga, tornam impossível contar com água todo dia nas ruas nesta fase.

Os grupos de abastecimento do rodízio iniciado hoje (10/11) são:

grupo 1 – Falcão

grupo 2 – Ouro Verde e Independência

grupo 3 – Centro e Sabiás

grupo 4 – Altos e Estoril

OS 3 POÇOS NOVOS

Outra informação importantíssima. Os 3 novos poços anunciados para perfuração neste ano são importantes, mas não resolvem a crise. Veja os números:

Mesmo quando os três poços novos para os moradores das regiões abastecidas pelo Batalha estiverem em operação (no início do próximo ano), a medida (importante, repetimos) representará oferta a mais de água  equivalente a apenas 17,2% em relação à produção “normal” do Rio Batalha. Isso é conta objetiva. O bauruense tem de saber que há anos o que é retirado do Rio Batalha é bem mais do que ele produz, fornece.

A licença permitida pela Cetesb é para as bombas “puxarem” no máximo 317 litros por segundo na Lagoa de Captação. E com o nível na área das bombas a 3,20 metros, o DAE “puxa” 550 litros por segundo. (o que soma 1.980.000 l/h). Nesta quarta-feira, a autarquia informou que o nível estava em apenas 2,00 metros. A produção teve de ser drasticamente reduzida (em relação ao limite – já fora do que o rio oferece, repetimos).

E os 3 poços novos? O poço Praça Portugal (que voltou a funcionar há poucos dias), o Infante Dom Henrique (que vai começar a operar na próxima semana na região do Bauru Shopping – se testes derem certo – e o terceiro poço na Rua Salvador Filardi – que começou a ser perfurado hoje – vão gerar retirada de mais 340 mil litros/h.

Faça as contas e verá que, necessárias, essas obras vão minimizar a dependência da Lagoa do Batalha, mas estão longe de resolver. Chegaremos aos 17% de contribuição. Mas isso se tudo “funcionar bonitinho”, sem grandes problemas com desperdícios na rede e tudo operando a pleno vapor (sem parar).

OS VAZAMENTOS 

Por outro lado, não há como fugir de outra realidade. Com perdas físicas (vazamentos nas tubulações de adutoras e nas tubulações até as casas) situadas em torno de (pelo menos) 35% do que se retira do rio, a ÁGUA QUE CHEGA nas torneiras é bem menos do que poderia ser. Como já difundido, o sistema é obsoleto (sem controle de pressão de água, sem setorização entre as redes principais e sub redes). E não tem como corrigir isso a curto prazo! Ah! as perdas totais elevam o índice para algo em torno de 48% (incluindo o que não é medido por pelo menos 88 mil hidrômetros velhos, segundo o DAE.

Ou seja! Não há como escapar: nesta fase ou chove bem, e seguidamente, antes da conhecida “temporada das águas” a partir de 15 de dezembro, ou os bauruenses que moram em bairros como Centro, Jardim América, Vila Falcão, Altos da Cidade, Estoril e outros vão continuar com escassez ainda maior nas torneiras!

Lavar a calçada em razão da poeira e utilizar o velho esguicho como se fosse vassoura é mais do que um ato insano! 

Para se ter uma noção do efeito do desperdício na produção e distribuição do sistema, mesmo forçando a retirada do que a Lagoa de Captação não tem (os 550 litros por segundo), as perdas físicas na rede em torno de 35% “jogam fora” pelo menos 192,5 litros por segundo. 

Com a lagoa com nível reduzido, como os 2,00 m de profundidade na área das bombas nesta quarta-feira, projete a queda da produção para algo em torno de 350 l/s (com sorte) e deduza os 35% dos vazamentos nas tubulações e sistema e etc = – 122,5 l/s. É muita coisa!

Nem se aborreça com tanta conta: veja que a “pleno vapor” a produção do Batalha na Lagoa faz chegar nas torneiras, com fartura de chuvas, o máximo de 357,5 l/s. E com a escassez desta fase isso cai para algo em torno de 227,5 l/s de “produção efetiva de água” que chega às torneiras de 140 mil bauruenses. 

AMPLIAR A LAGOA

O presidente o DAE, Marcos Saraiva, também informou que a contratação do desassoreamento da lagoa de Captação do Batalha (que será feita em janeiro – em razão da escassez atual do sistema) também vai incluir serviço de ampliação do local. “Vamos expandir a área da Lagoa, quase dobrar a área. Estamos levantando a topografia e a indicação é que é possível dobrar a área de armazenamento, ou retenção natural onde é feita a captação. Vamos dessassorear em janeiro e avançar sobre áreas que estão tomadas por taboas, o curso está muito estreito e alargar esta retenção na Lagoa”, afirmou.

Sobre o risco de agrotóxico em área contígua à Lagoa, Saraiva contou que falou, pelo telefone, com advogado do arrendatário. Ele informou que, a princípio, a preparação da terra seria para produção orgânica. “Mas solicitamos, com prazo, a entrega de documentação que comprove esta situação. É uma medida preventiva e vamos checar”, situou.

AUMENTO DA TARIFA

O presidente da autarquia também informou que acertou junto à prefeita Suéllen Rosim a realização de estudo adicional para a aplicação do reajuste na tarifa. Os 35% anunciados no estudo inicial serão revistos. O DAE deve entregar esta informação (com proposta de menor impacto para o momento de crise financeira) em até 10 dias. 

“Conversamos com a prefeita e ela solicitou a revisão do estudo. O momento atual é crítico, com inflação elevada. Estamos refazendo as contas para ver como garantimos cumprir as obras do TAC assinado com o MP, com percentual inferior aos 35% ou outra composição para a tarifa”, comentou.

O CONTRAPONTO levantou que a necessidade de caixa adicional de R$ 22 milhões anuais para sustentar o plano de obras de abastecimento para 2022-2025 está contemplado com o atual caixa do DAE. A autarquia ingressou outubro com mais de R$ 70 milhões em conta corrente.

E mesmo com empenho (despesas de parte deste valor já compromissados), há “sobra” para custear os investimentos de curto prazo. Isso apesar da defasagem tarifária acumulada e na retomada dos cortes de fornecimento apenas neste mês (com inadimplência em torno de 13% devolvendo mais R$ 1,5 milhão mês ao caixa). 

Veja matéria completa aqui: https://contraponto.digital/com-r-71-milhoes-no-caixa-dae-precisa-de-35-de-aumento-na-tarifa-vamos-discutir/

Poço no Alto Paraíso começou a ser perfurado hoje, segundo DAE

MEDIDAS ANUNCIADAS

  • O presidente do DAE, Marcos Saraiva, anunciou, de abril até aqui (quando assumiu o Departamento), a revisão do Plano Diretor de Águas (PDA) para realizar obras urgentes para o período de 2022-2025.
  • Conforme o DAE, o plano – com cronograma assinado com a Promotoria – exige investimentos de R$ 22 milhões por ano neste período.
  • O DAE assinou, nesta quarta-feira, o início da perfuração do terceiro poço programado para este ano, na Vila Alto Paraíso, na Rua Salvador Filardi. Este poço prevê vazão de 120 metros cúbicos por hora (a uma profundidade de 340 metros).
  • A vencedora da licitação, Constróleo Lubrificantes, venceu a disputa para os 3 novos poços. O início da perfuração na unidade da Vila Alto Paraíso foi assinado ainda em 5 de outubro. Mas a empresa só tem fôlego para uma obra por vez. Tanto que concluiu, agora, o novo poço do Shopping (Infante Dom Henrique), para iniciar a terceira obra. A previsão é concluir em fevereiro de 2022.
  • O presidente do DAE Marcos Saraiva anunciou que um quarto novo poço está sendo contratado para 2022 (“Estamos startando o quarto poço para o sistema Batalha agora, com licitação para obra na região da Comendador José da Silva Martha”, adiantou Saraiva). Será mais uma etapa de reforço para a escassez na produção da lagoa do Batalha. Mas, conforme os números acima, ainda distante do que é preciso para atender 140 mil pessoas dessas regiões.
  • O DAE solicitou remanejamento de recursos no total de R$ 6,230 milhões (projeto de lei em andamento) para reforçar o caixa com pagamento de conta de energia elétrica e compra de massa asfáltica. “Só de conta de energia da produção dos 37 poços atuais passamos a ter despesa de R$ 25 milhões para algo em torno de R$ 30 milhões/ano. E o que foi previsto do Orçamento em vigor para reposição de asfalto é muito pouco para abastecer as novas frentes de trabalho”, contou Saraiva).
  • O DAE volta a ter 7 equipes de reparação de asfalto nas ruas a partir do dia 15 de novembro. É o dobro de equipes atuais, com a volta dos reeducandos para este trabalho. “Com o retorno dos reeducandos ampliamos nossa capacidade de serviço com reposição de asfalto agora”, disse.
  • A revisão da potência instalada em todos os 37 poços, de acordo com a produção atual das unidades, será realizada após o fim do rodízio, segundo o presidente. “Vamos estruturar também a diretoria de Controle de Perdas, para ter equipe com profissionais para atuar de forma permanente nesta área. Hoje o DAE tem 1 diretor, mas ele não conta com equipe. O DAE se concentra em captar água, produzir e distribuir”, abordou.
  • O DAE está discutindo a compra de 11 alqueires para implantar sistema de geração sola de energia. Outra discussão, que precisa de maturação e mais tempo, fala em retomar a ideia de instalação de armazenamento subterrâneo de porte ao longo da faixa da Prefeitura na região do Aeroclube. Esta proposta surgiu durante a gestão de Fábio Lara na presidência do DAE, no governo Rodrigo. Mas não avançou…

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