Saúde em Bauru: calor intenso, deficiência em manutenção e falta de ar-condicionado nas unidades. Atenção: cai número de atendimentos na rede municipal

No meio do calor intenso, típico do longo período de estiagem em Bauru, vereadores de quase todos os partidos fizeram novo apelo pela instalação, urgente, de ar-condicionado nas salas de atendimento e de espera para pacientes em unidades da rede de saúde em Bauru. É grave, e longa, a deficiência de gestão em manutenção dos equipamentos. Faltam até ventiladores em inúmeras salas de UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) e UBS (Unidade Básica de Saúde). Outro alerta veio da apresentação dos dados de atendimento na segunda audiência pública do setor. Há queda significativa no volume de atendimentos em vários indicadores. Veja, abaixo, a argumentação do Município.

 

Os dados de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) em Bauru apresentados na segunda audiência pública do setor, há poucos dias, preocupam!

Os destaques em amarelo no infográfico acima informam a queda acentuada em atendimentos médicos, um paradoxo dada a realidade econômica-social com escalada da pobreza e mais usuários precisando da rede. Os atendimentos médicos em saúde mental tiveram queda de 33,3%, conforme o Município.

O comparativo é sempre do segundo quadrimestre deste 2023 contra o mesmo período do ano passado. Veja que os números na Atenção Básica, a primeira porta do sistema de saúde e a principal obrigação da Prefeitura, trazem queda de 13%. Os atendimentos em unidades especializadas estagnou, confrontando com a enorme fila de espera por exames, consultas e outros procedimentos.

Como se sabe, as UPAs transferiram a demanda para os bairros. A da Bela Vista responde por 30% dos atendimentos, do Geisel 20% e Ipiranga 16%. Mary Dota responde por outros 17%. Mas a pediatria, em especial, teve queda de quase 1% no Jardim Bela Vista e 46% no Geisel (contrariando a maior busca por problemas de saúde com crianças no período).

 

O governo demorou para enviar posicionamento sobre os números que ele apresentou na obrigatória audiência pública de prestação de contas (de uso de recursos e indicadores). São 3 apresentações anuais, conforme a Lei Fiscal. Os quadros acima são do segundo quadrimestre, portanto, até agosto.

Em nota, o Município apresentou perda de profissionais no período como o principal fator revelado nos dados: “A Secretaria de Saúde esclarece que devido a redução de cinco profissionais do quadro de médicos e ao período de recesso e de férias nos meses de junho e julho envolvendo estes profissionais, os atendimentos na rede de atenção primária apresentaram queda no segundo quadrimestre de 2022, bem como em relação ao quadro de pediatras, com desligamento de quatro médicos. A pasta enfatiza que o quadro está sendo reposto gradativamente, com a chegada de profissionais do Programa Mais Médicos e de três pediatras. Já o aumento dos atendimentos nas Unidades de Saúde da Família se deve a recentes ampliações realizadas nas unidades de Tibiriçá e Godoy”, aborda o governo municipal.

De outro lado, os quadros divulgados na audiência pública informam ampliação da cobertura. Ou seja: mais gente cadastrada para atender. O total de famílias acompanhadas saiu de 15.103 em 2022 para 17.668, conforme a Saúde da Prefeitura. As famílias inscritas saltaram de 21.917 no ano passado para 23.363 neste ano.

AR-CONDICIONADO

Todas as bancadas, direta ou indiretamente, se posicionaram em cobrança ao governo municipal pela instalação, manutenção e adequação da rede que precisa dar suporte a ar-condicionado no sistema de saúde da Prefeitura.

O presidente do Legislativo, Júnior Rodrigues, lembrou que ainda no início da gestão Suéllen Rosim, em 2021, as condições das unidades de saúde estavam no topo da lista das prioridades. “As condições continuam insalubres. E para o usuário que não tem para onde se socorrer. 90% dos aparelhos não funcionam. E mesmo ventiladores estão quebrados em várias salas e unidades. Isso está espalhado por UBS, nas UPAs, falta ar em todos os lugares”, cobrou.

Da Comissão de Saúde, Eduardo Borgo veiculou matéria da TV Câmara Bauru com mais um depoimento de apelo de um médico da rede. Na UPA do Geisel, Pedro Martins reiterou que “ar-condicionado é de primeira necessidade na saúde. E a situação se agrava na estiagem e calor intenso em Bauru nesta fase do ano, há meses”. Borgo enfatizou na matéria que a rede não é depósito de gente.

Coronel Meira lembrou que o papel do Município é fortalecer a assistência básica de saúde, deixando as demais tarefas para Estado e União. Mas, com apenas 17 equipes de Saúde da Família e apenas 18 Unidades Básicas, a cobertura é muito frágil. No mesmo patamar, a resolutividade é reduzida no sistema.

Lokadora enfatizou as diligências da Comissão de Saúde, que preside, a luta pelo piso da enfermagem e a estrutura de manutenção e gestão de contratos. O líder do governo, Milton Sardin, pontuou que, diante do quadro, esta é uma problemática que tem de ser solucionada. E pela prefeita. Guilherme Berriel criticou a gestão de contratos, serviços e falhas na manutenção. Estela Almagro reforçou a mesma linha de críticas contra a gestão na saúde.

A assessoria de imprensa da Prefeitura foi contatada para se manifestar acerca do plano de recuperação, instalação e resposta à falta de ar-condicionado na Saúde.

POSIÇÃO DA SAÚDE

Segue a nota, na íntegra:

“A Secretaria de Saúde adquiriu 117 aparelhos de ar condicionado entre novembro de 2022 e abril de 2023 no valor de R$ 235.001,58 que serão instalados seguindo cronograma de acordo com a prioridade de cada unidade da atenção primária e de Pronto Atendimento. Algumas necessitam de adequação na rede elétrica para a instalação dos aparelhos e as equipes realizam o levantamento para dar prosseguimento aos trabalhos. O processo de licitação para contratação de empresa especializada na instalação de ar-condicionado está em andamento e a assinatura do contrato com a empresa vencedora se dará nos próximos dias. Equipes da pasta realizam as instalações urgentes, como nas farmácias e salas de vacinação”, comenta a pasta.