Medicamentos vencidos e indevidamente armazenados, falta de vacina e remédios essenciais, dificuldades na realização de exames, equipamentos quebrados e falhas estruturais para prestar atendimento aos pacientes. Esses foram alguns dos achados das equipes de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) ao vistoriarem, mais de 400 unidades e postos de saúde que oferecem o programa Estratégia Saúde da Família (ESF).
A ação de ‘Fiscalização Ordenada’ ocorre sempre de forma surpresa e ao mesmo tempo em 237 municípios no Interior, no Litoral e na região Metropolitana da capital. Desta vez os fiscais voltaram aos mesmos locais do início do ano. A ação foi na quinta-feira (7/11).
Para tanto, o TCE SP mobilizou um efetivo de 452 Auditores de Controle Externo que atuam nas 20 Unidades Regionais pelo Estado e em 10 Diretorias de Fiscalização na Capital. Duas unidades em Bauru (USF de Tibiriçá e Sta. Edwirges) e em outras 18 cidades foram o alvo da atualização. Em Bauru, as 2 unidades sanaram a maior parte dos problemas. Restam infiltrações, manutenção predial, pendentes.
Na região, a situação em Agudos é a mais grave. Além de não sanar problemas do início do ano, o TCE aponta que aumentou a falta de vacinas, por exemplo.
O objetivo foi avaliar, dentre outros aspectos, as condições estruturais, condições das instalações, funcionamento dos serviços e equipes médicas, presença de equipamentos obrigatórios e estoque de medicamentos. Com os dados, o órgão fará um comparativo das ocorrências e verificará se foram tomadas providências em relação ao que foi identificado na primeira fiscalização realizada em março de 2023, e que abrangeu os mesmos municípios.
Problemas
A fiscalização do Tribunal de Contas identificou que, das unidades vistoriadas, 30% das localidades demonstrou a existência de equipes incompletas. Das 441 unidades fiscalizadas, 279 não possuíam composição de equipe mínima necessária para prestar atendimento à população.
O balanço aponta déficit na quantidade de veículo próprio para uso da unidade, assim como de cilindros de oxigênio aparelhos para inalação, desfibriladores, reanimadores pulmonares e estrutura essencial para atender os pacientes.
O relatório geral das atividades, divulgado pelo TCE no final do dia, também apontou que 39,9% das unidades trabalham com o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) fora da validade. Em 29,8% dos locais foram detectadas condições inadequadas para atendimento com problemas de conservação, segurança, organização, conforto e limpeza.
A fiscalização apontou que falta vacina em 40% das unidades vistoriadas. Em 46% dos locais visitados faltam itens de medicamentos utilizados ou dispensados pelas unidades. Dentre os medicamentos que mais faltam estão remédios para hipertensão arterial (16%), antibióticos (16%) e diabetes (13%).
Comparativo
Os dados colhidos pelo Tribunal de Contas estão disponíveis na forma de um Relatório Gerencial de Atividades. A partir dos próximos dias, serão gerados relatórios individualizados – por município e por unidade visitada – e o TCE notificará os gestores responsáveis para apresentarem justificativas sobre as irregularidades encontradas. Caso não sejam sanadas, poderão ser motivo que ensejará a desaprovação das contas anuais do município.
As informações desta ação serão, após consolidadas e validadas pela área de fiscalização, cruzadas com os dados colhidos pelo Tribunal em março de 2023, quando os mesmos municípios receberam vistoria com esse tema.
Ordenadas
O TCE SP realiza, desde 2016, a fiscalização ordenada, inspecionando, in loco, a execução de políticas públicas de entes do Estado e dos municípios paulistas em setores como: Merenda escolar, Transporte, Creches Municipais, Resíduos Sólidos, Obras Públicas, Hospitais e Unidades de Saúde, Limpeza pública, dentre outros.